Improviso 2 - lugar de ensaio - terapia
Quando Pâmela e eu namorávamos, uma noite, em uma festa louca cheia de gente chapada, enquanto bebíamos e nos divertíamos com tiradas jocosas sobre tudo entre risos dionisíacos, ela me pegou pelo braço de repente, elétrica, com os olhos vidrados, rindo muito e gritou “Vem!!!”, me puxando insistentemente e cada vez mais forte. Então chegamos a um jardim monumental no fundo da casa, belíssimo, com uma luz feérica e uma flora riquíssima. “Olha!!!”, ela gritou, me mostrando com o dedo a beleza daquele babilônico lugar que eu jamais suspeitaria que pudesse existir ali. “Que incrível!!!”, exclamei, maravilhado. Pâmela riu, me olhando de maneira singular e apaixonada, em seguida, com o dedo indicador apontando incisivamente para o centro do meu peito, tocando-o e nele batendo levemente, ela gritou “Aqui, aqui, aqui!!!”, enquanto seus olhos brilhavam de forma única e eu me desprendia de mim mesmo e caía sob um céu aberto como quem descobre que há sempre jardins cheios de flores em algum lugar esquecido do nosso eu estéril e desabrocha de vez para a grandeza.