O velho Armand
De todas as mulheres que amei...nenhuma delas mereceu...o que eu fiz...santas...elas eram santas e eu um pobre diabo...um maldito diabo profanador...um maldito...
Eram as palavras embriagadas do velho Armand, o velho, o francês louco como era chamado. Lola sorriu para ele. Era uma prostituta nova, mas encantava os homens como a flauta encanta a serpente.
Meu querido, Armand você precisa afogar suas mágoas e eu posso cuidar disso...ela disse envolvendo os braços em seus ombros.
O cheiro de hortelã e sândalo envolveu o velho Armand.
Eu sou um velho, mademoiselle Lola... não satisfarei você...um velho... bêbado e indecente...
Armand tinha seus 79 anos, magro, roupa surrada, as barbas e cabelos longos e brancos lhe davam outro apelido. O velho Zeus.
De suas mãos saíam as mais belas esculturas já vistas. Empunhando o martelo e o cinzel, o velho Armand, esculpia na madeira, na argila ou no mármore suas musas, monstros e demônios.
Morava em um casarão em La Madone, nas montanhas de Nice. Tinha uma velha ford bronco 74 que usava para passear.
No quintal do casarão, suas ninfas argila dançavam nuas com sátiros de pedra sabão enquanto um ciclope de mármore assistia tudo. Todas essas esculturas estavam enraizadas, cobertas de musgos e folhas das árvores que caíam. Em seu velho casarão descascado e sem cor havia mais esculturas que móveis. Esse era o mundo particular de Armand, o velho deus louco.
Venha, Armand, o que eu quero hoje é um velho louco e indecente...deixe que pelo menos hoje eu seja sua ninfa. Uma ninfa de carne e osso....disse Lola levando- o para a velha caminhonete com uma garrafa de conhaque.