No passado minha janela se abria para um chalé. E, ele era todo verde e tinha enfeites curiosos, como um em formato de ovo de louça. Exatamente num desses ovos, pousava um pássaro, com plumagem branca, marrom e amarela... eu não conhecia, e fui perguntar a minha avó e, ela me informou que era um bem-te-vi. Na minha inocência, chamava o pássaro de abelhudo. Quando o céu estava límpido, ele cantava. e, era criança e, em minha ilusão, ele chamava alguma coisa ou alguém. Era tão engraçado observá-lo, a gorjear... com uma naturalidade.  O céu azul, o sol quente a fazer reluzir a louça e as gotas de orvalho. Eu dizia para minha avó que o orvalho era o brinco das flores e folhas... E, que elas disputavam quem era mais bela no jardim... até que o besouro ou a abelha decidiam e, transformavam tudo em mel. Nesse chalé morava um senhor que tinha sido embaixador, e estava aposentado. Tinha um ar imponente e importante. Até a flores e gafanhotos se ajeitavam quando ele passava... Ele estava quase sempre na varanda lendo e, se balançando na sua cadeira. Os olhos da criança traduzem tudo com tanta simplicidade e facilidade. Ficamos adultos, e tudo vira complexo, paradoxo e, profundo demais. Por vezes, devemos nos tomar dessa ingenuidade e pureza para entender mais a arte de sobreviver. Ou prestar atenção, o que o bem-te-vi denuncia.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 22/03/2022
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