DESTINO
“A vida é uma lousa em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o que já foi escrito.”
– Machado de Assis
13 de setembro de 1968, sexta-feira.
As folhas caiam no chão conforme o peso do frio queimava a pele de qualquer sobrevivente como fogo.
Em um aeroporto qualquer, no sul da Califórnia, Kate Nash, uma ex-professora de matérias gerais do ensino fundamento II, de 28 anos, parou, tirou o maço de cigarros da bolsa hippie florida colorida, descartou um deles; mas não achava seu isqueiro naquele emaranhado de coisas.
Quando Jimmy McCann, um publicitário, de 32 anos, a viu parada no meio da multidão que voariam nos pássaros de ferro gigante, ele rapidamente tirou seu "Zenith" dourado do bolso do paletó azul marinho e o ascendeu.
Ele a olhou petrificado com intenção; mas ela estava com pressa.
Muita pressa!
Ela porém andou, parou, virou e o agradeceu com um leve sorriso sob o apoio das maçãs avermelhadas do rosto.
“Obrigado”, exclamou Kate, com a mão direita segurando a mala, a esquerda com o cigarro aceso e a bolsa no ombro.
“Disponha”, disse Jimmy.
Após dez passos à frente, Jimmy e Kate viraram-se e olharam-se um para o outro por menos de cinco segundos.
O cenho de ambos franziu.
Em um tempo de espera de mais de quarenta minutos, Jimmy finalmente entra no avião que ia com o destino para Utah.
No ar, quando ouviu no interfone a voz grave do copiloto Martin Dales, Jimmy logo de cara tomou um susto.
Ao receber a notícia de que um avião há dez minutos havia caído no estado do Arizona, ele sabia que era o mesmo avião que levaria a jovem branca, de cabelos loiros e olhos castanhos claros para o lugar.
Estando o avião há quarenta e cinco mil pés de altura, uma chuva pássaros surgiu do nada e interveio bem no meio da turbina na asa esquerda.
Não demorou muito para o avião que uma hora estava no ar espatifasse em um lugar desconhecido perto de Arizona.