AVENTURAS DA NÓDOA PERSEGUIDORA

AVENTURAS DA NÓDOA PERSEGUIDORA

I

Os senhores da calúnia, trataram de a rentabilizar. Criaram vários postos de propaganda e publicidade, para divulgarem a sua eficácia geradora de riqueza.

Na vítima, os danos causados pela violência psicológica, já o transformara em objecto.

Sacudia ainda, a lama que lhe atiravam, e a lama ficava caída pela estrada. Urgente era aos difamadores, — organizados em sociedade secreta,— reciclá-la, e assim poder aumentar o salário, dos atiradores e recolectores de serviço. Era importante também, não molestar a vítima, a ponto de não se conseguir de todo sacudir-se, e acabar dessa maneira, esse filão ambulante de injúria de admirável quilate. Paralelamente ao corrosivo assédio moral, investiam contra a firme convicção, da sua inocência intacta.

Para satisfazer todas as áreas do mercado, foi necessário alargar o leque, e o sortido da qualidade difamatória. Adjectivaram-se várias fragilidades da vitima-objecto, foram-se cortando os seus meios de sobrevivência, enchendo os ouvidos ao merceeiro.

Era necessário manter a vítima em estado de carência, e precariedade permanente, para torturarem à vontade.

II

O mártir se ousava sair da barraca, estalava um coro de assobios das carpideiras contratadas, e a matilha de farejadores postados à porta, passavam o alerta entre eles por mensagem escrita no telemóvel. De modo que conhecendo as rotinas do alvo, pela aturada vigilância e feroz perseguição feita, por mar, terra e ar, mobilizaram os pistoleiros certos para cada tipo de operação, e colocaram-nos ardilosamente nos locais onde a vitima iria estar.

E assim gerou-se um grandioso, ambiente sólido de terror, como um arranha-céus, no meio duma planície semeada de pasto.

Reuniram-se de emergência, os fabricantes de difamação, alertados pelo vigilante dos vigilantes, e pelo perseguidor dos perseguidores, das situações em que o excessivo número de agentes em campo, e o agastamento com que atacavam, faziam da simultaneidade entre si, uma dinâmica que acabava por os confundir, empecilhando na prática, com estorvo redobrado o sucesso final, que era urgente salvaguardar.

III

O gado devidamente encabrestado, a avançar com moleza na província, ouve o silvo agudo do comboio e estoira em debandada apocalíptica, claustrofóbica, megalítica, dizem uns, dizem outros, analítica, paralítica, raquítica, embirrativa, e ainda outros, teimam em dizer que afinal foi simplesmente o fim da picada.

O coordenador geral da propagação da calúnia, assistiu impávido e sereno à evasão da boiada, e injectou um reforço financeiro na fábrica de broncas, algazarras e estardalhaços, matéria-prima das injúrias calúnias e difamações, por sua vez, combustível para o infortúnio e descrédito, das vítimas escolhidas para os seus golpes sujos, aplicados à traição aos incautos, honestos, portadores de honrado coração.

Estes acontecimentos trágicos, deram-se na Galáxia Eventual, na época em que os seus habitantes, procuravam nas escavações arqueológicas vestígios de uma civilização desaparecida, de que se sabia apenas, ser chamada humanidade.

Agente Gazua

Agente Gazua
Enviado por Agente Gazua em 22/01/2021
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