DOROTHY - UM FIO DE ESPERANÇA

   Lívia alisava com carinho os cabelos brancos de sua avó Dorothy, sabia que aquele momento era importante para ela, que já beirava os 80 anos, tendo, no entanto, as suas faculdades mentais um pouco comprometidas, tinha horas que nem reconhecia a neta, porém em momentos de lucidez lembrava de tudo e do imenso amor que tinha pela mesma. Lívia se comovia com o seu passado, essa senhora sua avó a criara desde os seus dois anos de idade, quando perdera a mãe em um acidente de carro, não tem lembranças dela a não ser por fotografias, d. Dorothy era avó e mãe ao mesmo tempo, a neta a venerava, era tudo que ela tinha além do marido e dos filhos, herdara dela toda a capacidade de ser uma boa dona de casa.

   As tardes naquele pequeno rancho eram alegres, tinha o famoso café fresco com bolachas, Lívia adorava, lembrava de sua mãe que também se servia desse lanche da tarde. Passava horas imaginando como era a saudosa mãe, ouvia os relatos da avó, mas a sua doença mudou a situação, tudo ficou muito triste, o café da tarde com bolachas não é mais o mesmo, às vezes nem tem, prefere Lívia cuidar da avó, ouvir alguma coisa dela nos momentos de lucidez, depois tudo descamba para o desconexo, palavras soltas e olhar perdido no nada, o que a deixa triste.

Nos últimos dias Lívia foi informada pelos médicos que pouca coisa podia ser feita pela sua avó, a doença se agravava apesar de existir um fio de esperança para ela continuar ouvindo as boas histórias do passado e sobre sua falecida mãe.