Reencontro
REENCONTRO
A casa não é mais a mesma, derrubaram a velha construção que vinha sendo consumida pelo tempo e no local, construíram uma imponente mansão. Depois de muitos anos, resolvi me encontrar com o passado, e com o coração aos pulos observo o lugar onde nasci e vivi minha juventude. Sentei ao meio-fio do outro lado da calçada, lembrando-me com saudades velhos tempos, e o filme começou a rodar em minha mente. Fecho os olhos e me teletransporto para dentro da bela construção, onde reencontro meus cinco irmãos que me recebem em abraços fartos e desejos de boas-vindas, enquanto minha mãe vem ao meu encontro com sorrisos alegres num abraço caloroso, esquecendo-se da panela de fubá que borbulha sobre o fogão a lenha. Estou ali entre eles, revivendo um tempo de eternas recordações. Levanto-me e deixo a realidade tomar conta dos meus passos saindo devagar, olhando a bela construção que tomou posse de todo meu passado se distanciando lenta com meu caminhar. Meus irmãos se cansaram muito cedo da vida e resolveram partir, foram escolhidos assim aleatoriamente, uns mais novos outros nem tão com mais idades e, minha mãe, que ao longo dos seus combates foi guardando suas "armas" cansando-se da vida, resolveu seguir com eles. Cada dia vou me agonizando nessa minha tão solitária vida, órfão de uma família que não vivenciaram juntos o privilégio da velhice. Estou aqui, esperando ansioso pelo meu bendito bilhete, para então poder seguir viagem a um eterno reencontro.
De: Rodrigues Paz
(Autor)