A solidão que me acompanha.
E novamente estou em algum canto da cidade. Alienado, sinto as batidas do meu coração e um leve arrepio se faz sentir. A solidão não me faz bem, mas estou em paz. Tamborilo a mesa, pensando numa canção que não lembro nem letra, nem melodia...
Busco conforto em um copo com líquido dourado e espumante, sou o Rei do meu próprio reino. Em volta vejo cadeiras, mesas, corpos e solidões. Não é possível fugir de sim mesmo.
Então, respiro. Não estou fora, agora, encontro-me cá dentro. Vivo envelhecido e desconfiado. O tempo passou por aqui, bateu forte com seus punhos fechados. Eu nada disse, apenas aceitei como aceitei tantas outras coisas.
E as lembranças se apresentaram com um rio silencioso, forte e brabo. Uma lagrima escorreu escondida, obedecendo à lei da gravidade. Apenas uma lágrima. Eu nunca choro completamente, fica sempre uma parte para chorar outro dia.
Despejo mais um pouco no copo, bebo. O frio não parece tão frio. E o mergulho não foi capaz de me afogar. Deixo o dinheiro na mesa e levanto-me em direção a minha solidão. Acho que tenho mais algumas cervejas na minha geladeira.