TÚNEL DO TEMO

Quem já passou pelo túnel do tempo teve a experiência de voltar ao passado, sem deixar o presente, como quem vive hoje conhecedor do futuro.

Assim volto a infância, precisamente a casa dos meus avós, independente deles serem paternos ou maternos. Pois, em ambas haviam dois quatros com o Coração de Jesus e de Nossa Senhora olhando por nós. A mobília pesada e escura, e a refletida pelo espelho, com os cristais e prataria, dizem respeito ao tempo e a sua história. Os rádios há válvulas, sempre ligados, que esqueciam seus arredores, traziam notícias e propaganda de consumo de velhos hábitos à modernidade. Os vários cómodos que se prestavam desde dormitório, escritório, biblioteca e dispensa, faziam desde locais permissivos aos proibidos para a criança, que tiam vazão a liberdade no quintal onde reinava a peraltagem nas árvores frutíferas e na horta com a sua plantação de rabanetes, cenouras, tomates, cheiro verde, alface, repolho, pepinos, e tudo mais que comemos. Além da plantação ainda existem os quartos e banheiros dos empregados, forno a lenha e lavanderia.

Grandes festas foram celebradas, entre elas aniversarios, casamentos e bodas. As reuniões que mais marcaram minha infância foi as Bodas de Brilhante deles, ocasião que o quintal foi coberto pelo buffet que serviu almoço para duzentos talheres, filmado em branco e preto em 16 mm. Mas nem só de alegria se reuniam, pois, nas exéquias o velório feito na sala de jantar com o esquife sobre a mesa das refeições. Muitas orações, ladainhas, cantorias e bênçãos foram realizadas da noite para o dia, com muita tristeza e luto severo e rigoroso de um ano. A saudade deixou em todos que herdaram moveis e objetos que ornaram a cada matriz que hoje em dia resguardar as casas dos pais, tios, primos, até na nossa casa.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 20/04/2020
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