ESTRANHO MUITO ESTRANHO

Barão comeu, bebeu, adoeceu, morreu. Forte e poderoso. Dono de terras, gado e gente . Ruim como a peste. O Cão chupando manga. Seus frios olhos verdes cerrados para sempre. O Médico, amigo de infância da Baronesa, vindo da cidade próxima, nada pode fazer. Registrou a morte como natural. Naturalíssima. A Morte impôs seu ritual : velório, lágrimas, enterro, lágrimas, missa, lágrimas, luto fechado e ... mais lágrimas. O Padre. amigo e confessor da Baronesa, rezou uma missa comovente, exaltando a bondade do recém falecido. Dia de folga para o tronco, a máscara de ferro, o viramundo, o chicote. O Primo, advogado formado em Coimbra, administrador dos bens da família, leu o testamento, por ele escrito. A Viúva chorosa, jovem, bela, enlutada, herdou tudo. Dona de terras, gado e gente. A Índia, filha do pajé da tribo dos Tupinambás, recebeu permissão para retornar a sua aldeia. Partiu, levando o conhecimento milenar de plantas e ervas. A Escrava cozinheira e o mulatinho de doces olhos verdes, alforriados. Papéis, dinheiro, roupas, sapatos, passagens e a posse de um sobradinho na Capital. A sonhada pensão para estudantes. Baronesa, jovem, bela, sem lágrimas, sem luto, ouviu comovida e radiante, o pedido de casamento do advogado da família. Partiram para a Europa em viagem de lua de mel.

Tudo acertado. Felizes todos.

FIM

Malinche
Enviado por Malinche em 05/12/2019
Reeditado em 07/12/2019
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