A MENSAGEM DA GARRAFA

CAPITULO I - NÃO HÁ GÊNIO

Estava na praia para pegar uma corzinha

quando vejo um pequeno objeto no mar.

Mesmo de longe vi que algo nele continha.

O Objeto bailava no compasso das ondas.

Vinha soberano e sem pressa de chegar.

Trazia coisas boas ou então hediondas?

Espero demais que seja a primeira opção.

Agora mais perto vejo que é uma garrafa.

Quem sabe lá tenha um bom gênio então,

Que me livre da pobreza que me estafa?

Ela chega à orla e eu ansioso a apego.

Tiro a tampa. Nada desta garrafa sai.

Mantenho-a na mão. Agora a esfrego.

Nada. Minha decepção por terra cai.

CAPITULO II – TEM UM BILHETE LÁ DENTRO

Sacudo a garrafa. Ouço um barulho fraco.

Percebo que dentro dela alguma coisa há.

Não dá pra ver direito, pois o vidro é opaco.

Queria quebrar a garrafa. Fico amedrontado.

Não queria me cortar e nem um banhista por cá.

Tiro com jeito um bilhetinho muito bem grafado.

“A quem estiver lendo, espero ainda estar viva.

Estando viva, estarei totalmente de chagas vestida

Moro na rua X e no bairro Y. Encontro-me inativa.

Prometeu com caixa de Pandora. Desgraça de vida!”

Caramba! Que bilhete cabuloso! Sem remetente!

Maldição! Não dá para ignorar o bilhete escrito.

Pela primeira frase há um feminicídio ocorrente,

na segunda um caso violência contra mulher descrito.

CAPÍTULO III – ESTIGMAS DE CRISTO

Por outro lado, veio-me um outro ponto de vista.

Se a mulher é daquelas muito carola, bem devota,

onde através de sua fé para o corpo dela conquista

as cinco chagas de Jesus Cristo Nosso senhor?

A pessoa religiosa que esse sofrimento denota,

Leva uma vida bem próxima do nosso Salvador.

Santa Catarina de Sena, São Francisco de Assis,

São Gaspar Bertoni, viveram essa experiência.

Quem sabe que o bilhete da garrafa nos diz

Que tendo os santos citados como referência

A mulher veio atualmente venha passar por isso;

E veio a falecer para a sua (será?) infelicidade!

Agora o que me está me causando muito ouriço

É a última frase que usam seres pagãos na verdade.

CAPÍTULO IV – QUEM É PROMETEU

Prometeu e Pandora pertencem a bela mitologia grega.

Prometeu é um titã, com o irmão, traiu a própria raça.

No duelo entre os deuses e titãs a vitória se encarrega

de ficar com os deuses; aos titãs, o Tártaro como desgraça.

Prometeu e seu irmão Epimeteu criaram os seres da terra.

A todos eles foram dados aptidões peculiares como couraça.

Quando criaram os homens os dotes notáveis acabaram.

Gastaram todos com os bichos. Como resolver tal disparate?

A solução foi dar aos homens o fogo. Os deuses negaram.

O fogo era deles. Ao não dos deuses Prometeu não abate.

Os homens não ficarão indefesos. De sua ideia convicto,

Prometeu rouba o fogo divino e dá aos homens de presente.

Os deuses não gostaram. Prometeu não sairia dessa invicto.

Nem preciso dizer que Prometeu foi punido severamente.

CAPÍTULO V – AS PUNIÇÕES DE ZEUS

Prometeu foi acorrentado na montanha, onde diariamente

uma águia lhe comia o fígado que automaticamente crescia.

A cada fígado novo, a ave vinha pra comê-lo deliciosamente.

Foi graças ao Hércules que Prometeu conseguiu a liberdade.

Para o Titã ficar livre uma permuta para ele haver deveria.

O centauro Quiron aceitou acorrentar-se naquela localidade.

Zeus não se contentou em castigar só o titã Prometeu.

Os homens também pelo roubo ígneo seriam culpados.

Um desrespeito aos deuses igual a esse que aconteceu.

Não pode ocorrer mais. Os homens devem ser castigados.

Zeus recorre aos deuses Hefesto, Afrodite, Hermes e Apolo

para criar um humano que os titãs não criaram até agora:

a mulher. Será bela, terá dom da persuasão. Causará dolo

sem querer a humanidade e receberá o nome de Pandora.

CAPÍTULO VI – A CAIXA DE PANDORA

Pandora foi enviada à terra. Epimeteu se encantou por ela.

A paixão é tanta que Epimeteu quis Pandora como esposa.

Para os noivos, Zeus deu de presente uma caixa muito bela,

porém salientou que a caixa não deveria ser aberta jamais.

Pandora não resistiu à tentação. Como estava bem curiosa,

Pandora abriu a caixa. Logo os homens tornaram-se mortais.

a caixa guardava a inveja, a ganância, o ódio, a pobreza,

a dor, a morte, a guerra, a fome... só coisas ruins continha.

Algo ficou na caixa. Pandora não o deixou sair, com certeza.

Epimeteu pediu à esposa a liberação do que ficado tinha.

O retardatário era esperança, que neste momento libertada,

saiu pela humanidade a fora suavizando todo estrago feito.

A gente não desiste. Apesar da adversidade, quando tocada

Pela esperança, aí que não nos abatemos de nenhum jeito.

CAPÍTULO VII – VOLTANDO À REALIDADE

Continuo ainda refletindo sobre Prometeu e Pandora.

Assim como a atitude da Eva grega trouxe só desgraça

à toda humanidade, a vida da dona do bilhete agora,

é recheada de coisas malignas que imperam cruelmente.

Concluindo então tudo que a minha mente analisou, passa.

a impressão de se tratar de um amor abusivo, infelizmente.

A mulher aqui é vítima de um espancamento desenfreado.

Ela teme morrer e por isso escreve o bilhete por mim lido.

Caso esteja certo o meu raciocínio, não posso ficar parado;

Eu tenho que fazer algo para estancar o mal estabelecido.

O correto a fazer é colocar esse enigma na mão da polícia.

Há delegacia aqui perto. Eu farei um boletim de ocorrência.

Darei para o delegado o bilhete da garrafa para uma perícia

E assim terminar de vez com mais um caso ruim de violência.

CAPÍTULO VIII – NA DELEGACIA

Estou achando que você está fantasiando o caso.

O bilhete que me deu não consta nenhuma data

e nem o nome de quem o escreveu. Não é acaso

que o bilhete da garrafa não tem o endereço sequer.

X e Y são as letras do alfabeto que a matemática trata

como incógnitas de uma expressão, como deve saber.

O bilhete é escrito em letras de forma e não cursiva.

Tudo leva a crer que ele não passa de um belo trote.

Você tá se deixando levar de maneira tão impulsiva...

Esqueça o bilhete. Viva sua vida. Não é seu o mote.

Sei que o senhor é que é o especialista aqui, doutor.

Todavia se realmente tiver uma mulher em apuro?

Fique tranquilo, rapaz, não precisa ter igual temor.

Não existe a mulher, não há feminicídio, asseguro.

CAPÍTULO IX - DÚVIDA ANGUSTIANTE

Delegado, pode me devolver a garrafa e o bilhete?

Posso sim, não serve para nada, nem como prova

de algum crime! Meu jovem, não se encasquete.

Saio da delegacia em conflito, porque foi em vão.

A polícia não me deu crédito, pois nada comprova

que o bilhete seja uma coisa séria ou uma “zoação”.

É essa dúvida que me deixa bastante angustiado.

Se eu tivesse a certeza que era uma brincadeira

de muito mau gosto, por sinal, ficaria sossegado;

Mas e se eu for omisso e essa história verdadeira?

Não posso ficar sozinho. Pedirei ajuda para alguém.

Sei de uma pessoa para me auxiliar nesta questão.

Ela é mais madura e inteligente do que eu. Quem?

Luiza, uma amiga de verdade em qualquer situação.

CAPÍTULO X – OS MÍNIMOS DETALHES

Luiza segura a garrafa e a analisa tin tin por tin.

Garrafa diferente! Onde a achou, amigo fraterno?

Na praia. A onda trouxe e a deixou perto de mim.

A garrafa estava vazia ou tinha algum liquido dentro?

Ela estava vazia, contendo apenas este bilhete interno.

Segure-o ainda, pois agora na tampa eu me concentro.

O liquido que estava aqui dentro foi feito neste ano.

Na tampa consta somente a data de fabricação, olha.

Dizer o que tinha aqui dentro seria um grande engano.

A garrafa está sem rótulo. Outro fator que nos tolha.

O bilhete está sem endereço e também sem assinatura.

Tem as letras X, Y, os seres mitológicos Pandora, Prometeu;

e um texto cheio de expressões com sabor de desventura:

ainda estar viva, desgraça de vida, chagas vestida. ô breu!

CAPÍTULO XI - OS ENIGMAS DO BILHETE

O bilhete contém algumas mensagens enigmáticas.

Pandora na mitologia não é esposa do titã Prometeu.

Rua é um substantivo feminino como diz as gramáticas.

Depois dela vem a letra X. Prometeu é, óbvio, masculino

E vem seguido da letra Y. A minha hipótese já percebeu?

X e Y na genética são cromossomos que ao sexo dá destino.

Enquanto as mulheres têm os cromossomas sexuais XX,

os homens possuem os cromossomas sexuais XY. E daí?!

A palavra rua é um substantivo feminino. Depois dela me diz

Que letra vem? X. Prometeu é palavra masculino... Entendi!

O marido da mitológica Pandora é sim o irmão de Prometeu.

Prometeu aqui é uma metonímia, representando o amado;

no sentido real significa tudo de ruim que alguém já viveu.

O autor do texto é uma mulher, como deve ter observado.

CAPÍTULO XII – VISÃO DA LUIZA X VISÃO DO DELEGADO

A palavra Pandora em grego significa a que possui tudo.

O amado possessivo a possui, causando a desgraça nela.

A mulher traz ferida no corpo, tornando o caso mais agudo.

Ela é ou foi judiada, se não no seu corpo chagas não teria.

Talvez o amor abusivo virou feminicídio. Tal razão se atrela

à expressão espero ainda estar viva, que no bilhete havia.

Cheguei a pensar como você, não com riqueza em detalhes.

Pensei que fosse beata do nível de São Francisco de Assis.

Desisti da ideia. Pandora e Prometeu foram meus encalhes.

Levei o problema ao delegado, mas nem começar ele quis.

O delegado crê que tudo isso não passa de uma brincadeira,

Não tinha necessidade nem de iniciar qualquer investigação,

pois não havia remetente, endereço. Que visão tranqueira!

Que graça há numa brincadeira sem ver da vítima a reação?

CAPÍTULO XIII - O CASO É REAL

Lamento dizer, mas o delegado não foi um bom profissional.

O Fato é que o caso aconteceu ou ainda está acontecendo.

A data de fabricação na tampa é que me dá este referencial.

Vítima morta, temos que encontrar o corpo e o assassino.

Se viva, temos de libertá-la e prender o agressor. Entendo.

Não somos policiais; como resolver este caso não hialino?

Amigo, a primeira pista é a garrafa, mas ela não nos ajuda.

A logística do caso está concluída no campo da abstração.

Como materializar as provas.? Eh! Que Deus nos acuda!

Luzia, vamos descansar a nossa cabeça assistindo televisão.

No intervalo do jornal chama atenção uma propaganda bela,

cara por sinal. É de um novo produto que entra no mercado.

Um champanha especial para ótimas noites de amor. Apela

às moças lindas, corpos esculturais e homens ricos ao lado.

CAPÍTULO XIV - SEDUÇÃO

A marca do champanha é Sedução. Você pode escolher:

seco, meio seco, extra-seco, extra bruto e bruto, pas dose

doce e dosage zero. O casco é exótico, mas lindo de morrer.

Se fosse para ficar na mesa de comes e bebes dum casório,

Não precisaria ornamentá-la. Ela por si já mantém sua pose.

Sedução transforma meu salário em algo bastante irrisório.

Quem o fabrica e comercializa é Penélope Indústria Vinícola.

A proposta é tornar o champanha numa declaração de amor.

Eis o Slogan dessa bebida que adentra no mercado enícola:

Com Sedução o seu momento romântico ganha mais sabor.

Mesmo sem rótulo, nossa garrafa é idêntica à do comercial!

Luiza, Já temos como iniciar a nossa desejada investigação

saberemos mais sobre a bebida, seu processo industrial,

e da Penélope, A dona da fábrica do champanha Sedução.

CAPÍTULO XV – PENÉLOPE E O CHAMPANHA SEDUÇÃO

Vi pela internet que houve, antes da propaganda ir ao ar,

Um evento do Sedução; somente às pessoas de classe alta.

O alvo era ver algum erro que a bebida viesse apresentar.

Não havia presença da imprensa. Em jogo uma outra meta:

Sentir a aceitação do champanha no mercado em pauta.

A resposta dos presentes daria uma visão real e completa.

Luzia, sobre Penélope aqui fala que é filha de um empresário,

cuja empresa de bebida faliu com o surgimento da Ambev.

Tem quatro irmãos. Todos homens. Casada com publicitário.

Reouve o imóvel da fábrica paterna. A ideia é de, em breve,

Voltar ao ramo da bebida em memória póstuma ao seu pai.

Como ama champanha, começou por aí sua nova trajetória.

Por hoje chega, amigo. Um descanso agora bem nos cai.

Amanhã retornemos na tentativa de elucidar essa história.

CAPÍTULO XVI - A LISTA DE PRESENÇA

Queremos a lista de presença do evento. Como conseguir?

Luzia, podemos usar a dark web para ter essa informação.

Não quero, amigo, o lado obscuro da internet é bom não ir.

É perigoso. Lá é uma terra sem lei. Podemos nos dar mal.

Vamos do jeito convencional. Partamos para nossa reflexão.

Não é creio que tal evento não tenha saído em algum jornal?

Nos meios de comunicação midiática não aparece nada.

Tal como no site ou Facebook da Penélope Indústria Vinícola

Será que achamos alguma pista? Vamos dar uma olhada.

Nada no Instagram, site ou no Facebook. Que coisa ridícula!

Tive uma ideia, Luzia! leremos com atenção os comentários.

Quem falar algo sobre Sedução é porque esteve no evento.

É claro! Que ideia genial! Tomara, amigo, que tenha vários.

Que legal! Fechamos a lista dos presentes nesse momento.

CAPÍTULO XVII – O PRINCIPAL SUSPEITO

Na relação de presentes há vinte homens e dez mulheres.

É um grupo seleto. Tudo indica que fora escolhido a dedo.

Todos com êxito, ganhando muito dinheiro em seus afazeres.

Jogador de futebol, ator, banqueiro, empresário, jornalista,

apresentador de TV, publicitário, promoter... Em segredo,

participaram do evento do Sedução de forma exclusivista.

Em geral, qualquer um aqui pode ser o assassino suspeito.

Amigo, vamos à uma sorveteria para refrescar a nossa cuca,

depois retornaremos ao caso do bilhete da garrafa. Feito?

Sim. Reflexão exaustiva sem resposta deixa a mente caduca.

Craque do time que é líder do campeonato chega atrasado

ao treino com arranhões na face e põe a culpa no bichano.

O clube blindou o jogador, proibindo que tudo fosse filmado.

o assunto será tratado internamente pra não haver engano.

CAPÍTULO XVIII – TEM QUE SER ELE!

O nome desse jogador consta na lista dos suspeitos, Luiza!

Para mim é o suspeito número um. Arranhão de gato, sei!

Com o meu celular iniciarei agora sobre ele uma pesquisa.

Casado. Além do seu time, joga também na nossa seleção.

Luiza, olhe bem uma foto dele que no Facebook eu achei!

Ele dirige o carro. No banco de trás, a garrafa do Sedução.

Será que é mentira? Fake News na internet está em voga.

Acho que não, Luiza. Aqui tem um comentário que interessa.

Por justiça, um internauta sobre esta foto a todos denoda

Foi tirada seis meses por um torcedor do clube que ele joga.

Na foto dá para ver alguma coisa que nos remete a praia?

Não. o que se vê é o carro do jogador no ambiente urbano.

Se o jogador morasse perto da orla, faríamos uma tocaia.

E o Pegaríamos com boca na botija, sem nenhum engano.

CAPÍTULO XIX – O QUE TEMOS ENTÃO

Sabemos que o evento do Sedução fora a seis meses atrás.

Sobre sua garrafa, nós já identificamos não só a origem,

mas também o que ela continha antes do bilhete, aliás.

Sabemos a época provável em que o bilhete foi escrito.

Depois eu é que sou a inteligente, não é meu amigo?!

Sobre a esposa do jogador? Infelizmente nada foi dito.

Ela não frequenta mídia. Há poucas fotos junto dos dois.

O jogador com cara arranhada... Será ela que o arranhou?

Se a esposa é a mulher do bilhete, então está viva, ora pois.

Após os arranhões na cara do marido, como a esposa ficou?

A TV diz que amanhã haverá, pelas torcidas, manifestação

na porta da casa do jogador. O futebol, ele está devendo

devidos as noitadas, bebedeiras e mulheres de montão.

Sendo esposa dele me separaria, mesmo ele não querendo.

CAPÍTULO XX – SITUAÇÃO TENSA

Luzia, estamos aqui para conseguir a prova que precisamos.

Estamos a caráter, vestido com a camisa do time do jogador.

Havendo tumulto aqui, nós mantemos a calma, ignoramos.

A ideia é entrar na casa e com o celular filmar, tirar as fotos,

mostrar o estado físico da esposa e atender dela o clamor

de sair dali sem marido e viver em paz e alegria; eis os votos.

Na porta do jogador havia torcedores, torcidas organizadas,

duas viaturas da polícia militar, os curiosos e toda imprensa.

Uma voz viril anuncia que o jogador está saindo. caminhadas

confusas surgem. cercam carro do jogador. Situação tensa.

A polícia pede reforços, pois a situação está incontrolável.

O jogador no carro liga aos seus seguranças pedindo ajuda.

O reforço da PM chega. Usa gás de pimenta. Lamentável!

Luzia entra na casa do Jogador com celular na mão ossuda.

CAPÍTULO XXI – NO CAMPO DO ADVERSÁRIO

Sem conhecer o local, Luzia precisa contar com a intuição.

Tem a sorte de ver um dos funcionários e decide segui-lo,

Mesmo longe consegue ver uma moça de triste expressão.

O braço enfaixado pela metade. Capto esse quadro feio.

A aliança na mão não deixa dúvida. É esposa do mal pupilo.

Tiro três fotos e rapidamente encaminho para o meu e-mail.

O zoom do celular em ação aproxima a imagem da esposa.

Muito bonita. Parece candidata a miss. Dá pena vê-la assim,

ferida dentro e fora. Cadê o prometido: a vida cor de rosa?

Quase todo dia é vítima de uma violência doméstica sem fim.

Sou cutucada no ombro. Viro para olhar e me vem o medo.

O que está faz aqui, mocinha? Diga-me e dê o seu celular.

Segurança, fujo do caos lá fora; se quiser, eu me escafedo.

Por que tirou fotos da madame? Vamos! Comece a falar!

CAPÍTULO XXII – O CELULAR

A foto da madame foi uma coincidência. Fotografei tudo.

Tudo é bonito aqui. Queria mostrar as fotos à minha galera.

Imagine a minha moral, se meu grupo visse este conteúdo!

Quanto à madame, se não tivesse machucada, mostrá-la-ia,

Porque é muito linda, você não acha? Parece uma quimera;

Mas estando assim, não faria a exposição. Seria uma covardia.

Aliás, pode deletá-las do meu celular. Tem minha permissão.

Mocinha, você será processada por invasão de privacidade,

Pelo uso indevido de imagem, já que não tem autorização.

Eh, mas confiscar meu celular é sim abuso de autoridade!

Droga, atrasado de novo ao treino e a culpa não é minha!

Segurança, quem é a moça? Ela não deveria estar lá fora?!

Senhor, estava tirando foto, tirou até da madame, coitadinha!

Por que tirar foto de alguém em tratamento... aproveitadora!

CAPÍTULO XXIII – CONFUSÃO ATRÁS DOS MUROS

A minha esposa é um problema meu! Vá e Não volte mais.

Está bem! Vou sim! Devolva meu querido celular, por favor!

As fotos daqui tiradas, o segurança já apagou, até demais!

Ao devolver o celular, o segurança o joga numa parede perto.

Com a força, o celular desmanchou pra alegria do agressor.

Rindo, o segurança diz: junte os cacos do celular, eu arrumo.

Os torcedores já se dispersaram. Menos eu, amigo da Luzia.

Sargento, o senhor vai entrar para dizer que está tudo bem;

Posso entrar também e buscar minha amiga. É rápido diria.

Sim, mas se aprontar, dou-lhe voz de prisão como convém.

O sargento aproxima do jogador. Os jovens saem correndo,

Não rumo a rua, mas sim em direção da casa do jogador.

O sargento chama os soldados e estes foram aparecendo.

Os seguranças se juntam aos policiais nesse cansativo labor

CAPÍTULO XXIV – A SOMBRA DA LIBERDADE

A distância dos jovens pros policiais só vai aumentando.

A mulher não está mais na janela. Vamos fazer barulho

para ela vir de encontro com a gente. Amigo, começando...

A esposa se aproxima da janela e saber a razão do bulho.

Vendo jovens gritando, os policiais atrás, ela abre a janela

sem grade. Vem para cá, meninos, vem... eu os escabulho.

Foi Deus quem os mandou! O senhor ouviu minhas orações!

A garrafa com minha mensagem, vocês a encontraram...

Sargento, não se preocupe com os jovens. Não são vilões.

O bandido da história é o meu marido com quem falaram

Um dos soldados aparece com o jogador imobilizado.

Tentava fugir, com os seguranças lhe dando cobertura.

Sargento, solte-me.! Quero presença do meu advogado!

Já que é assim, soldado, leve-o para uma das viaturas.

CAPÍTULO XXV – CÁRCERE PRIVADO

Todos foram levados à delegacia. O delegado tem serviço.

Ouve primeiro o sargento e seus soldados. Depois a esposa.

Relata as maldades do marido com ela e tudo ficava omisso.

Um dia, a esposa aproveitando o marido num sono profundo,

Depois da prática de uma farra, teve uma ideia auspiciosa:

Por um bilhete numa garrafa para que alguém no mundo;

Podia ser qualquer um, viesse me liberta daquele lar maldito.

Neste dia o meu garçom faria uma oferenda à rainha do mar.

Dei-lhe a garrafa para jogar ao mar. A sorte dará o veredito.

Vedada sair de casa. Sem acesso à internet; até ao celular.

Ao meu não, o monstro me batia e gritava na minha cara:

Você é nada! Direi que você quer manchar minha imagem,

e ficarão do meu lado. Tenho grana e para você é coisa rara.

Não lhe darei divórcio, nem deixarei sair da minha pastagem.

CAPÍTULO XXVI – A RAZÃO DO BILHETE

A garrafa do champanha Sedução era linda e bem exótica.

É a bebida favorita do meu algoz. Uma garrafa dessa sumida

não dariam falta e a esperança me deixava menos neurótica.

O bilhete não seria escrito de forma clara. Pelo contrário.

Se caísse em mão erradas, corria o risco de perder a vida.

Não somente a minha como também do solícito emissário.

Era vigiada vinte e quatro horas por dia pelos seguranças.

Aliás, seguranças de fachadas. Eles são de fato, assassinos.

Sei do que estou falando. O que eram antes desconfianças,

Tornou real ao ouvi-los falarem de mortes em seus destinos.

Todos os empregados tinham medo dos seguranças, até eu.

Às vezes, na presença deles podia conversar com meus pais

E meus parentes no celular. Omitia deles que vivia no breu.

Visita-los, só com seguranças ou a besta. Sozinha, jamais.

CAPÍTULO XXVII – OS ARRANHÕES NÃO ERAM DE GATO

Os arranhões na face do meu carrasco, fui eu quem o fez.

Queria que participasse ativamente do seu último bacanal.

Recusei e brigamos. Defendi-me unhando e sua estupidez

habitual fez com que me espancasse com um ar zombeteiro.

Um médico sem ética foi à minha casa, ignorando o hospital.

Fez o que a medicina lhe ensinou e saiu com muito dinheiro.

Mês depois a PM e os jovens surgem para minha salvação.

O resto da história os policiais devem lhe ter contado tudo.

Uma coisa na ficha criminal dos seguranças chama atenção.

São braços direitos do chefe do tráfico com salário parrudo.

Faça seu exame de corpo de delito e depois vá para casa.

O resto me farão companhia nessa noite que promete longa.

Delegado, libera os jovens. Eles são heróis. Não os arrasa.

Fique tranquila. Ouvi-los-ei por praxe. Sem mais delonga.

CAPÍTULO XXVIII – O DEPOIMENTO DO JOGADOR

Delegado, o senhor não acreditou no que diz minha esposa?

Na verdade, só depois que me casei é que eu pude perceber

Que casara não com a mulher da minha vida, mas perigosa.

Após casado eu notei que minha amada era maria chuteira.

Casou comigo pela ostentação que eu pude lhe oferecer.

Pra me extorquir dinheiro deve ter falado mentira ou asneira.

Delegado, sou craque de futebol, inclusive jogo na seleção.

Recebo rio de dinheiro para fazer o que gosto. Tenho fama,

Amigos vultosos e influentes. Pra seu bem, ligue pra ela não.

A maldita está querendo mesmo é atirar meu nome na lama.

O que tivemos mesmo foi uma briga entre marido e mulher.

Ambos passaram do limite. Agrediram e feriram mutuamente.

Agora me libere. Preciso ir treinar e minha profissão exercer.

Estou atrasado e meu clube vai pegar no meu pé novamente.

A MENSAGEM DA GARRAFA

CAPÍTULO XXIX – VOZ DE PRISÃO

Chame advogado, jogador. Você está preso em nome da lei;

com acusações de Cárcere privado, lesão corporal, ameaça,

tráfico de influência, estupro. Tenho suspeita, ainda não sei

direito, de sua ligação com traficantes de drogas da região.

Quer me contar tudo ou continuará com esse ar sem graça?

Está fantasiando, delegado. Não tenho nada com isso não!

Você não tem curso superior. Sem direito à cela especial,

todavia tenho que manter sua integridade física e sua vida.

Vá que eu o coloque numa cela com um torcedor anormal,

rival do time em que joga. Eis o pretexto para um homicida.

A imprensa chegará como urubus em cima de uma carniça.

se não quiser falar com imprensa a gente o compreende.

Há um mandato de busca e apreensão à sua casa a justiça

procura uma prova real e sua ligação com drogas desvende

CAPÍTULO XXX – OS JOVENS E O DELEGADO = CAPÍTULO FINAL

Meu rapaz, sou grato a você por me ajudar resolver o caso.

O senhor não resolveu caso nenhum! Está sim é mentindo!

Pelo contrário! Ao lhe mostrar esse caso, agiu com descaso.

Se Luzia não me ajudasse, o mistério não teria deslindo.

Se a moça lhe ajudou, além de bonita, ela é inteligente.

Você e a jovem são um belo casal, disse o delegado rindo.

Segundo o dito, “Papagaio come milho, periquito leva fama”.

Vamos, Luiza, o delegado está sendo irônico e usurpador.

Controle sua língua! Depois a gente prende aí faz drama.

Tudo bem! Podemos ir ou estamos à disposição do senhor?

Podem ir! vocês agora são imprestáveis para mim. Vão! Vão!

Que homem asqueroso! O que disse a ele foi pura verdade.

Ignore-o! Um sujeito como ele, não merece nossa atenção!

Fiquei feliz já que pro enigma do bilhete, achamos solução.

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 29/11/2019
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