O CLUBE DO PASTELEIRO (não aceita meninos gays)
Era uma praça redonda numa rua da Pituba, em Salvador, Bahia. Estava vazia... O garotinho de vestido e maquiagem se sentou, em posição de lótus e fechou os olhos sorrindo. Ele escutava uma canção chamada “Lolita”, de Lana Del Rey... enquanto o vendedor de lanches, fritava um pastel para um cliente que lia uma revista. Ele cutucou o homem, e apontou com o queixo pro garoto. Os dois juntos fizeram uma cara de nojo e indignação ao encarar o garoto que nem mesmo notou suas presenças.
Uma mulher loira de óculos escuros, levando o seu bebê num carrinho, estancou assombrada quando viu o garotinho de vestido e maquiagem. Ele usava um fone de ouvido e tinha um semblante de paz de espírito. Ela olhou em volta, a fim de saber se mais alguém também via aquela coisa absurda e imoral ali na praça. Viu o pasteleiro e seu cliente e então juntou-se aos dois fazendo comentários sussurrados, cheios de ódio.
Dois rapazes, muito fortes, de vinte e poucos anos voltavam da academia… e também do outro lado da rua vinha um homem de terno e gravata e uma pasta na mão. Andavam apressados, mas todos acabaram parando, raivosos com o enorme absurdo sentado ali na praça. Todos se juntaram ao Clube do Pasteleiro. Uma Família de Bem, com quatro crianças se recusou a ficar na praça em caso de o garoto continuar ali. Eles se sentiam violados e feridos por sua presença... Quando o menino, afinal, abriu os olhos... todas as pessoas já estavam lhe cercando.
Alguns bufavam de ódio, soltando grunhidos animalescos. Outros sorriam felizes (sabendo o que estava por vir), todos com seus punhos serrados... O garotinho de vestido se apavorou como um gato acuado. Ele pôde sentir um cheiro forte de suor. Podia sentir também o mau hálito de cada um deles. E podia sentir uma espécie de “energia elétrica” maléfica, que emanava de toda aquele ódio que o cercava.
O que era um tapa, logo se tornou um murro. E o que eram gritos, logo se tornaram não apenas um, mas dois… três, quatro chutes na cara, que foram seguido por chutes no estomago. E depois seguidos por tantos outros chutes, puxões de cabelo, murros no rosto e nos olhos, mordidas, voadoras, pisões... Que seria impossível tentar contabilizar.
No fim de tudo, caído no chão e agonizando... O garotinho de vestido tentava manter pressionado um pedaço de escalpo… Seu coro cabeludo pendurado, deixando amostra os ossos cranianos. Suas pernas quebradas estavam dilaceradas e tornas. Seus braços também. Mas ainda assim ele tentava se arrastar. Pensava em se arrastar até ...
…………………. até…...
…..Até AONDE? Onde seria seguro? Usando vestidos! Ele e seus vestidinhos…? Mesmo que fossem, BELÍSSIMOS vestidos?!
Onde se sentiria SEGURO... outra vez?