O dia ficou nublado.
Ou melhor, é o por do Sol, o momento de indecisão entre o dia e a noite.
Hoje está excepcionalmente silencioso.
A árvore, minha companheira, agita seus galhos, num eterno cumprimento.
Fico ouvindo as vozes que conversam dentro de mim.
- Quando irá votar ? As urnas se fecham daqui a três horas.
- E o livro, você queria tanto ter o dia para lê-lo....
- Eu sei que você está triste porque perdeu aquele trabalho.  Outros virão, e mais recompensadores.
Esse momento, agora, não volta.
- Mas baixou aquela tristeza existencial, aquela vontade de ternura.  Acho que vou tomar um copo de água ou ate de água de coco.
Abro a geladeira e há uvas também.  Cumprimento a outra árvore, a que fica à esquerda, que não da para ver da poltrona.
- Tente imaginar que essa água de coco está fazendo um caminho incrivel pelo seu corpo.  Energizando, hidratando, e outros tantos beneficios mais.
Maravilha.  Sinto-me menos só. Eu e aquele moço que foi, lá em cima, pegar um coco bem bonito para eu tomar.
Chego perto da janela para ver a copa da árvore.  Ela se agita e pulsa.  Às vezes, parece dançar.
Nem todos têm como amiga fiel uma árvore, sempre ali, presente.
- Melhorou seu humor ?
- Obrigada por me lembrar.  A vida é feita de pequenas coisas.