RAIO DE SOL

Era aparentemente tranquila, mas sonhadora e agitada com muita gana na hora que achava que devia agir. Assim era Raio de Sol como a chamava sua irmã. Era crítica, não se incomodava com o coração, fazia pouco caso dos sentimentos dos poucos rapazes que tiveram a coragem de declarar seus sentimentos em relação a ela. Não via futuro em casamento, acreditava que crescer intelectualmente era a forma de criar asas e voar sem impedimento de um companheiro.

Raio de Sol era admirada por várias pessoas, por se mostrar forte e competente em todos os sentidos. Os homens a admiravam e até gostariam de namorá-la, mas via nela uma autoridade assustadora.

Um certo dia, um rapaz que fazia parte do mesmo grupo de jovem que ela coordenava, confessou para um amigo que estava gostando de Raio, mas não sabia como falar isso para ela e logo o amigo o encorajou com uma ameaça.

Disse-lhe: - Se você não tiver coragem de se declarar para ela hoje, vou me declarar a ela.

Não se sabe se Carlos também gostava dela ou só quis encorajar o amigo.

Logo chegou aos ouvidos de Raio de Sol. Sua amiga, conhecendo bem à frieza dela, contou-lhe a história e pediu que respondesse com cuidado para não machuca-lo. Sol deu uma risadinha e disse:

_Pode deixar, respondo com cautela... Nunca senti nada por ele, além do mais o nível de estudo dele é inferior ao meu, não admito.

Ela era dura em relação ao amor, tinha ideais e jamais admitia tal "discrepância".

Sonhava em cursar uma universidade, escrever livros, fazer amizades com intelectuais, viajar, ter uma boa casa, dá festas. O sonho dela era muito além de um casamento e de viver naquela cidadezinha do interior.

Naquele dito dia, logo após a missa do domingo a tarde, o grupo tinha ido visitar uma senhora que estava com câncer. Ao sair daquela casa, Silvio se aproximou dela e perguntou: _ Você vem para a praça hoje?

Ela já sabia do que se tratava e respondeu que sim, queria acabar logo com aquela ilusão.

Marcou com o grupo de jovem para encontrarem-se na praça às 19h00 para passarem o tempo.

Estavam todos conversando, ora cantavam, contavam piadas e adivinhações.

Raio de Sol fez uma brincadeira que os rapazes não acertaram: _ "Quando o homem se torna uma figura geométrica?" Eles não souberam responder. Sol mostrou o piso como dica. Silvio falou para o amigo: _ Ela tá nos chamando de burros.

Raio de Sol sorriu e disse: _Não foi isso que falei.

Enfim, Silvio é encorajado pelo amigo que chama Raio em um cantinho e declara seu amor por ela, fala-lhe do quanto o admirava como mulher, fala-lhe de sua beleza e inteligência.

Ela responde: _ Nunca te vi além de um amigo ou mesmo irmão. Espero que não fique chateado e continue participando do grupo, mas só quero ser sua amiga.

Silvio saiu chateado e aos poucos foi se afastando do grupo.

Após três meses a ex-namorada estava morando na casa dele. Uma mulher feia, totalmente diferente de Raio de Sol.

Há mais ou menos um ano, chega o Silvio na secretaria da Paróquia para fazer inscrição para batizar o filho. Quando a vista Raio ali trabalhando como secretaria, ele ficou desnorteado e não quis muita conversa. Deixou a mulher fazendo a papelada e saiu de cabisbaixa.

Nunca mais se encontraram fora daquele dia.

Sol mudou-se, fez sua universidade, escreveu um livro que o chamou Filho da ousadia, se apaixonou, desapaixonou e nunca se casou.

Depois soube que Silvio tinha crescido financeiramente, separou-se da mulher e ao encontrar a amiga de Raio de Sol, quis saber como ela estava.

Continua sonhando com voos altos, vivendo o momento e de vez em quando se lembrava do medo que os homens sentiam dela.

A razão sempre foi seu forte, o que fazia os rapazes a admirarem, mas também sentirem muito medo de se aproximar dela... Essa é a história de Raio de Sol que ofuscou os olhos de alguém, mas continuou a brilhar forte porque sonhou aquecer o mundo sem intenção de queimar de quem dela se aproximassem.

Marlene Rayo de Sol
Enviado por Marlene Rayo de Sol em 31/07/2019
Reeditado em 31/07/2019
Código do texto: T6709317
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