Eu era muito menina, e na época, o penteado mais normal era um par de tranças, o que ficava engraçado por ter cabelos acenourados, num tom de vermelho bem peculiar. E, a professora me comunicou que eu seria a noiva, no casamento caipira e que o colega Luisinho iria ser o noivo. Eu já era mais alta que a maioria das crianças da mesma idade, e Luisinho era simpático, gordo e baixinho... Então éramos um casal, no mínimo, bizarro. A professora insistia na maquiagem e, eu me esfregava no afã de apagar da pele aqueles tons que não puderiam deixar de ser berrante. Ficava pensando que quando fosse mais velha, isso certamente seria quase uma rotina obrigatória. E, ainda tinha o detalhe do laquê, para o cabelo não desmanchar pois o cabelo era fino e liso poderia despencar a qualquer hora... E, o grande relicário era a prenda que era um anel da noiva. Era como se estivéssemos no palco, mas sem a altura do tablado, afinal, tínhamos que incorporar o personagem. De repente, senti uns respingos meio aquecidos que caiam de um balão que era uma riqueza só, todo colorido e com uma bucha bem visível. Fiquei com medo de cair no vestido, que por azar era branco. Ficava a pensar por que essa cor tão sensível à sujeiras? Luisinho me mostrara a prenda e estava todo sorrisos, e disse que se nos casássemos de verdade, eu teria então, um anel de verdade... 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/07/2019
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