Minha vizinha era daquelas velhinhas com setenta e poucos anos, cabeça já toda branca, simpática e delicada. Certa feita, queixou-se comigo, pois já havia dois anos que deu entrada na pensão por morte do seu marido,
e nada... Eu apiedada da situação, propus ir com ela até a repartição. Afinal, certamente deveria ser alguma bobagem ou efeméride que faltava para haver a bendita liberação do benefício. Fui com ela, conversei com o funcionário. E, pronto, não era nada... Apenas, havia a má vontade sempre presente em atender idosos e pessoas necessitadas de alguma atenção maior.
Logrei êxito em ajudá-la, e saímos da repartição com a definição do problema e, já com o protocolo que apontava quando começaria a receber a tão esperada pensão. Ficou grata, sorriu, e na volta para casa até cantarolou uma canção de infância... Fiquei também feliz. E, aí, conheci o filho daquela senhorinha tão simpática.
Um sujeito com ar pesado e olhos profundamente tristes e melancólicos. Veio agradecer-me. Então proferiu uma frase que mais parecia ser dita por Allan Kardec: - "O dia que desejar aliviar o kharma de alguém, basta falar comigo. Eu estou a lhe dever... E, eu pago sempre minhas dívidas".
Entendendo o significado macabro, logo adiantei que ele nada me devia... e que esse negócio de kharma é inabreviável... pois, mesmo que sujeito se suicide, eu li, que o espírito perambula pelo tempo que já estava destinado para ele ficar aqui na vida terrena... O sujeito me olhou espantado, e então, revelou:- "bem, espírito eu não consigo aliviar o kharma, mas a gente pode ir na macumba e pedir alguma providência... O que a senhora acha?"
Eu, intimamente já sentia saudades da repartição pública madorrenta e burocrática... E, delicadamente, me despedi.
E, recomendei que no dia constante no papel, fosse com a mãe até o Banco por conta da violência e o perigo de ser assaltada. Ele me olhou, novamente, agradeceu e disse: "quem bulir com a senhora, me fale, que dou um jeito zas-trás"...
Sai devagarinho e rindo. Coloquei a chave na fechadura, abri o portão, que rangeu feito um dragão doente.E, refleti... quem diria, que uma senhora tão tranquila pudesse ter um filho assim, digamos, tão espiritualizado...
e nada... Eu apiedada da situação, propus ir com ela até a repartição. Afinal, certamente deveria ser alguma bobagem ou efeméride que faltava para haver a bendita liberação do benefício. Fui com ela, conversei com o funcionário. E, pronto, não era nada... Apenas, havia a má vontade sempre presente em atender idosos e pessoas necessitadas de alguma atenção maior.
Logrei êxito em ajudá-la, e saímos da repartição com a definição do problema e, já com o protocolo que apontava quando começaria a receber a tão esperada pensão. Ficou grata, sorriu, e na volta para casa até cantarolou uma canção de infância... Fiquei também feliz. E, aí, conheci o filho daquela senhorinha tão simpática.
Um sujeito com ar pesado e olhos profundamente tristes e melancólicos. Veio agradecer-me. Então proferiu uma frase que mais parecia ser dita por Allan Kardec: - "O dia que desejar aliviar o kharma de alguém, basta falar comigo. Eu estou a lhe dever... E, eu pago sempre minhas dívidas".
Entendendo o significado macabro, logo adiantei que ele nada me devia... e que esse negócio de kharma é inabreviável... pois, mesmo que sujeito se suicide, eu li, que o espírito perambula pelo tempo que já estava destinado para ele ficar aqui na vida terrena... O sujeito me olhou espantado, e então, revelou:- "bem, espírito eu não consigo aliviar o kharma, mas a gente pode ir na macumba e pedir alguma providência... O que a senhora acha?"
Eu, intimamente já sentia saudades da repartição pública madorrenta e burocrática... E, delicadamente, me despedi.
E, recomendei que no dia constante no papel, fosse com a mãe até o Banco por conta da violência e o perigo de ser assaltada. Ele me olhou, novamente, agradeceu e disse: "quem bulir com a senhora, me fale, que dou um jeito zas-trás"...
Sai devagarinho e rindo. Coloquei a chave na fechadura, abri o portão, que rangeu feito um dragão doente.E, refleti... quem diria, que uma senhora tão tranquila pudesse ter um filho assim, digamos, tão espiritualizado...