22:44
Esperava. Como há tempos faço. Mas nem tanto tempo assim. Fumava o último cigarro do maço. O nada me consumia...Até que me senti, em meu mórbido silêncio, acompanhado. Voltei a mim. Uma figura feminina sentava-se próxima. Um desejo, quase extinto, passou a me possuir.
- Com licença, você poderia me informar as horas? - Perguntei pela súbita necessidade de algo dizer.
- Infelizmente não posso lhe dizer...Mas são 22:45. - Disse a moça com um sorriso contido, em tom meigo.
Entreolhamo-nos...
Acordo. Já não é tão cedo, assisto o noticiário da tarde, vejo a face medíocre de um jornalista que informa, com pesar na voz, que o ônibus amarelo, número 1**, acidentou-se, ontem, às 22:43.