Um conto ainda sem nome { vrs 0.2}
Ele andava sem sentido, sem rumo.
Só tinha um desejo: irá conhecer o mundo.
Achara que tinha perdido tudo muito cedo. A mãe. A paz. A esperança.
Desde pequeno questionava sua vida.
- A que lugar pertenço?
Pensava nisto todas as manhãs ao acordar e era triste não saber responder tua própria pergunta.
Após achar que já haviam te tirado tudo, ele decide abri asas. Tinha a necessidade de explorar, pois a única coisa que o prendia a vida era uma busca por uma resposta.
***
Já andara muito, conheceu várias culturas e pessoas.
Mas ao conhecer outro lugar, já esquecera por onde havia passado, pois por mais belo que tudo parecesse, nada chamava tua atenção. Tudo era superficial.
***
Era uma noite fria.
Ele estava cansado.
Avistou uma hotelaria simples de aparência agradável, era tudo o que ele precisava.
Achou o quarto aconchegante. Não era o melhor que estivera, mas tinha um ar familiar. Há muito tempo não se sentia tão bem num lugar.
Começou a se acomodar e apesar do cansaço, sentia-se disposto a trabalhar em seu mais novo passatempo: fragrâncias.
Gostava do que fazia, não encarava como um trabalho e era uma das únicas coisas que o dava prazer.
Naquela noite, adormeceu que nem percebeu e ao acordar sentia-se bem, achara que poderia passar mais algumas horas naquele lugar.
Pela janela pôde ver que havia uma feira por perto, então decide dar um passeio.
Sente um doce cheiro que a cada momento é mais intenso.
Paralisado com esta descoberta, decide ir em busca da fonte de tal sensação.
Vê uma barraca de especiarias a sua frente e achara que ali estava tua fonte.
O cheiro era mais intenso.
Ele permanecia calado até perceber que uma bela moça o perguntava algo.
- O que deseja?
Tua voz era tão doce e intensa quanto aquele cheiro.
Ele decide levar um punhado de cravo e três incensos de canela.
Ela sorri e entrega o pedido.
Ele agradece e tenta se manter firme para desaparecer novamente.
Não tivera coragem de ir embora naquele dia. Nem ao menos tinha concentração para trabalhar, só ficara pensando naquela garota de sorriso encantador.
Ao contrário da noite anterior, ele não conseguia dormir.
Parece que aquele cheiro o entorpeceu.
Um outro dia vem surgindo, permanecera no mesmo lugar durante toda a madrugada.
O sol não havia aparecido naquela primeira manhã de inverno, porém algo acendia a chama de tua esperança.
Ele quer ver aquela garota novamente.
Ele sorria. Não conseguia omitir tua felicidade em revê-la.
- No que posso ajudar?
Ele se perdia a cada movimento de teus lábios.
Ele pedira o mesmo de antes, porém ao pegar a sacola, havia pego em tua mão também.
Ele precisava senti-la. Ele a sentia. Será que ela podia senti-lo também?
Senti-la não era suficiente. Ele desejara mais.
Pagou pela compra e despediu-se.
Ele agora tinha aquele cheiro em tua mão.
Mas não bastava. Em algum momento ele irá sumir, levando tua alegria.
Ele tem que eternizar este cheiro.
Ele tem que descobrir mais sobre ela.
Naquele momento a esperava terminar teu dia de trabalho para poderem conversar.
O dia ia acabando, ela estava voltando para tua casa.
Ele perdera a coragem de falar com ela.
- O que estava acontecendo comigo?
Ele não mais o reconhecia.
Ele estava diante da janela da garota que invadia teus pensamentos.
Ficara ali muito tempo apreciando-a.
Ela estava sentada em frente a janela, parecia perdida em pensamentos também.
Ela o viu.
Ele se assusta.
Ela o vê novamente.
Ele se aproxima da janela.
Ele percebe que ele deseja algo e abre a janela.
- Quer alguma coisa? No que posso te ajudar?
- Quero você! Você pode me ajudar?
Ela pareceu surpresa pelo que acabara de ouvir.
Ele sorri e pede que ela desça. Naquele momento ele não tinha noção da loucura que estava fazendo.
Ele adianta-se para encontrá-la na porta.
Ela o olha.
Ele agora observara ela perfeitamente.
Tinha cabelos longos pretos que contrastava com tua pele branca. Seus olhos castanhos tinham uma perfeita simetria com tua boca que deixava transparecer um sorriso tímido.
Ele pensava se isso havia sentido, pois tudo nela soava bem. Foi tudo perfeitamente elaborado.
Ela é delicada.
Ele aproxima-se com toda cautela e alisa os cabelos dela.
Ele cheira o pescoço dela e senti a alegria invadi teu peito novamente.
- Você cheira a canela!
Ela ri.
- Você cheira bem, mas não sei defini-lo.
- Crio fragrâncias e esta foi feita propriamente para mim.
Ele oferecera teu pescoço para que ela pudesse apreciar a fragrância dele.
Ela parecia nervosa, mas se entrega aquele cheiro convidativo.
Ele se aproxima dela devagar e sente algo diferente.
Ele a beija.
Encaixaram-se perfeitamente e ali ficaram beijando-se por algum tempo.
Não só teu cheiro era doce, teu gosto também.
- Quer dar uma volta comigo?
Ela respira fundo e aceita o convite.
Ele pega na mão dela e saem andando.
E conversaram sobre a vida.Ela contara a ele que sonhava estudar e se formar em medicina, queria ajudar os outros, mas que a família não tinha recursos para mandá-la para a escola.Ele disse a ela, que saíra de casa muito cedo, que decidira viajar e conhecer todo o mundo antes de tomar alguma decisão mais formal em sua vida.Eles sentaram perto do lago, e conversaram mais.Ele a beijou novamente, mas desta vez, fora diferente.Ambos sentiram que aquele beijo era um pedido de mais.
- Quer conhecer onde estou hospedado?
Ela aceita mais um convite.
Entraram pela porta do fundo da hotelaria e subiram até o quarto dele.
Ele abriu a porta.
Ela agora conhecia teu pequeno quarto com aroma de cravo e canela.
- Desculpas pela bagunça, mas é que ela é necessária no meu dia-dia.
- Não tem problema!
Ele fez sinal para que ela sente.
- Feche os olhos!
Ela assim o fez.
Ele pega um vidrinho transparente com um líquido avermelhado que tinha o mesmo aroma adocicado do teu quarto.
- Posso abrir os olhos?
- Pode. Você gostou?
Ela balançou a cabeça em sinal de sim e sorriu.
- Estou fazendo esta fragrância para você nunca esquecer teu cheiro, pois quando te vi pela primeira vez na feira, foram estas especiarias que pareciam com você.
Ele, pele primeira vez, observara como ela ficava corada.
Com este pensamento, ele corou também.
Ele a olha intensamente.
Ela retribui o olhar.
Ele a beija. Um beijo quente, num ambiente que cheirava a cravo e canela. Nada mais importava.
Ele tocou a nuca dela e deixou que seus dedos passassem levemente entre uns fios que se encontravam por ali.
Ele sentiu arrepios.
Ele percebe e sorri ainda a beijando.
Através de teus dedos, ele quer decorar cada parte da face dela.
Ela deixa-se envolver.
As coisas aconteceram aos poucos. Ele retirou cada peça da vestimenta dela, uma a uma, sem pressa, como se eles possuíssem todo tempo do mundo.
Eles se amaram. Era a primeira vez dela. Ele já tivera outras experiências. Mas ela era única. Ele considerava aquela relação a tua primeira.
O dia amanheceu. Ela precisava ir. Deixando-o com um beijo na testa.
- Obrigada!
Ele continuava ali. Inerte. Pensativo.
Ele não sabia o que estava a acontecer com ele. Logo com ele que não acreditava no amor.
Mas ele também precisava ir. Já estivera naquele ali por muito tempo. Diferente dos lugares onde esteve, ele estava levando boas lembranças daquele lugar.
Ele se despede daquele povoado com um carinhoso olhar. Ele esperava que a garota que tanto o encantava pudesse senti-lo.
Ele se sentira bem naquele lugar, mas não poderia ficar. Ele ainda não conhecera o bastante e ainda não sabia a que lugar pertencia.
Ele se foi. Mas tinha algo pendente.
Alguns dias se passaram, ele ainda sonhava com ela. Ele acabara de terminar a fragrância. Agora ele precisava mandar para ela. Carinhosamente envia tua encomenda. Com ela, iria acompanhada um punhado de cravo, três incensos de canela e uma pequena carta.
“Das viagens que fiz, você foi a melhor de todas. Obrigado por me fazer feliz e me desculpe por não ter ficado, mas essa é a minha vida. Quando eu terminar de conhecer todo o mundo, eu te direi que já tomei a decisão mais formal da minha vida. À propósito, meu nome é Nac.”
***
Os anos se passaram. Ele ainda não conhecera o bastante. Mas teus questionamentos mudaram.
Ele ainda pensava naquela doce garota. Tudo lembrava ela.
Ele já andara tanto que não sabia mais onde estava. Tudo parecia familiar, principalmente aquele lago diante dele. Aquele lago o fez perceber que sempre esteve errado. Ele não mais precisava procurar o lugar onde pertencia, pois naquele exato momento ele percebeu que procurava a quem pertencia. E foi simples responder tua própria pergunta.
- Eu não pertenço a lugar algum. Pertenço a ela!
Quando se deu conta disso, foi quando sentiu uma fragrância muito boa no ar...
*UM CONTO MEU ADAPTADO PELO AMIGO VINICIUS FREITAS