UMA AVENTURA NO RIO SÃO FRANCISCO.

TRÊS JOVENS AVENTUREIROS SOBRE O VELHO CHICO.

POR HONORATO RIBEIRO.

Estava o tempo nublado e um chuvisco fino caindo sobre a região e o rio São Francisco, com suas águas barrentas, descia subindo pro nordeste desafiando a natureza e enchendo todos os dias seus 2cm. Muitas gaivotas, Martim pescador, som de sapo cururu batendo papo cantando onomasticamente numa melodia de sua praxe. E eu à beira do rio, na rampa do cais, debaixo de um guarda-chuva alegremente vendo aquela beleza da natureza. Mas me chamou atenção ao ver três jovens numa barraca, que saiam, subiam na jangada feita de bambu, pegavam alguma coisa e entravam naquela pequena barraca de lona. Era um rapaz e duas moças. Aproximei-me e disse para o jovem rapaz.

Donde vocês vêem?

-Nós saímos de Pirapora e iremos até o fim, onde termina a navegação.

-Foram vocês que fizeram esta jangada?

-Foi, lá em Pirapora.

-Poderia aceitar o meu convite para dormir em minha casa, ao invés de dormir nesta pequena barraca fria?

-Aceitaremos a sua nobre oferta.

Assim, os três jovens acompanharam-me. Quando chegamos, eu mandei fazer um jantar para eles. Enquanto o jantar fosse feito, comecei a lhes perguntar:

-Vocês são brasileiros e de que estado?

-Eu sou argentino, minha amiga, Maria é peruana e estudante de medicina. Já está no quarto ano. A outra é estudante de Geografia e é da Bolívia, e eu sou estudante de engenharia. A nossa aventura é conhecer todo o rio São Francisco. Iremos até a Salvador. De lá, cada um segue o seu destino. Ganhamos a vida tocando e cantando músicas espanholas e eu com meu instrumento toco e canto e elas dançam a dança de nossa cultura.

Ele me mostrou o instrumento como uma pequena viola de 4 cordas. A afinação eu não conhecia. Conversamos bastantes e fomos dormir. No outro dia eles saíram e posicionaram ao lado da clínica do Dr Cléber e ele tocando e cantando e as duas moças com aquelas saias longas dançando e um chapéu de boca para cima e o povo passava e colocava alguns trocados, naquele chapéu. Achei uma cultura diferente e bem humilde a ação daqueles jovens aventureiros. No outro dia, levantaram cedo e desceram rio abaixo naquela jangada feita de bambu. Não soube mais notícia deles, mas me deixaram uma imensa saudade e aprendi uma coisa muito especial: Não ter medo, nem saudade de seus pais e irmãos que deixaram em seus países e se aventurar sem eira e sem beira em país de outra língua e de outro costume: O Brasil.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 31/10/2018
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