A Fera de Casa
Levantei no meio da noite e descobri que meu gato de estimação era, na verdade, uma fera.
Me prendeu com suas garras que me cortavam os pulsos.
Não podia me mover. Vi suas patas traseiras escorregando para fora.
Seus pelos eram de um vermelho intenso, como o sangue que molhava o lençol e pingava no chão.
Descobri da pior forma que um leão faminto não pode ser controlado. A besta rugia e me paralisava, o medo atravessava minhas entranhas, e não só o medo.
Arrancou-me o coração com uma única patada e deixou-me lá.
Acordei assustado e encharcado de suor, sentia cada inspiração pesando em meus pulmões.
Lá abaixo estava ele, lambendo meus dedos como fazia todos os dias.
Um calafrio percorreu por todo o meu corpo. Levantei depois de alguns minutos. Podia sentir seu olhar frio durante o banho. Me perseguia por toda a casa, observava enquanto me vestia e levantava a pata para mim enquanto tomava café.
Cada vez que o via, estremecia. O levei para dar uma volta. Dirigi por quase uma hora, parei o carro próximo a uma chácara pela qual já havia passado antes.
Senti um certo alívio ao deixá-lo lá, mas não tirava aquela imagem da cabeça.
Levantei no dia seguinte, encharcado de suor e assustado novamente.
O pesadelo continuava a me assombrar. Senti um calafrio percorrer por todo o meu corpo, o coração pulsava num ritmo violento.
Em minha mente, o caos dominava.
Com um brilho nos olhos, me olhava aos meus pés e lambia os dedos
Como de costume.