A gente se perdeu nisso tudo
Eu vou atrás de desculpas para escrever o tempo todo, não sei se
isso é bom ou ruim. Também não sei no que isso vai me levar.
Acho que para lugar nenhum. Acho inclusive que é por isso que
escrevo. Outro dia acordei com uma vontade de escrever sobre os
sucessivos golpes de estado na américa latina, entre as décadas
de 1960 e 1970. Outro dia acordei com um ímpeto de escrever
sobre a garota que estava saindo na semana do meu aniversário
do ano passado. Ontem mesmo acordei tomado de uma vontade
nunca sentida antes, de escrever sobre um filme que assisti
recentemente e lembrei que não sou crítico de cinema. Depois
pensei que o fato de não ser crítico de cinema não me impede de
escrever sobre um filme. Por fim, achei isso tudo uma grande
bobagem.
Um amigo meu disse que eu só quero mesmo é escrever. Não
discordei. Esse mesmo amigo também disse que eu deveria
procurar um psicólogo. Também não discordei.
Enquanto alguns querem ser donos de empresa, criar monopólios,
dominar os meios de produção, dar golpes e tudo mais, já aceitei
que eu só quero mesmo é escrever. E por mais repetitivo que isso
seja, é a verdade.
Mahatma Gandhi viveu em busca da liberdade de seu povo.
Muhammad Ali lutou (desculpe o duplo sentido) pela igualdade.
Luther King sonhava em uma américa igual para todos. Eu não faço
a mínima ideia sobre qual é o meu fim. Não dou a mínima para
isso. Sei que o meio é a escrita. Alguns dirão que isso é uma clara
referência política. Tudo bem, não discordo de vocês.
Hoje eu acordei com vontade de contar sobre a última vez que fui
ao teatro. Fazem duas semanas. Era uma peça cheia de
significados. Saí cheio de perguntas. Não sei qual o sentido disso.
Agora acho isso tudo uma grande bobagem.