A cada um é dado o que merece.

antônio herrero portilho

Godofredo partiu esta manhã, lógico que não levou nada para essa jornada, do mesmo jeito que veio se foi... Agora está em vantagem, de posse de um terno preto embalado em um caixão de madeira, foi o que ganhou como préstimos, pois quando veio, chegou pelado sem dentes chorava muito, tudo que conquistou em vida agora não passa destas míseras posses, seu entrequeridos chorava muito isso era seu consolo. Parece que no momento de seu desprendimento sentia seu corpo levitar, certeza que perdeu toda a gravidade, seu peso na balança foi a zero, neste momento não pesa se quer uma grama; leveza total. Godofredo ultrapassa a divisória que demanda a vida e morte, dali em diante só lembrança da vida, dos tempos que já se foi e ao caminhar por estes itinerários tudo é cheio de surpresas, percebes que a morte é mesmo é algo tenebroso, assustador.
Antes de escalar aquela montanha Godofredo foi interceptado por um ser semelhante nós mortais, lhe pegou pela mão e conduziu a uma espécie de sala para interrogar: Assim começou um diálogo:

- Parabéns!... Agora você é um dos nossos, sente-se e pode ficar á vontade.

- Parabéns? ainda tem coragem de me recepcionar assim, quero que vá a merda, me tirastes de minha vida tão amada, onde tinha todo conforto e boa vivência, ora!.. (Godofredo respondeu assim com grande indignação desafiando este ser que se dizia ser do bem.)

- Psiu!, Cale-se já essa sua boca, vê se me respeite, posso lhe mandar para os infernos num estalar de dedos, vá se acalmando e me responda essas indagações básicas ( disse o ser com autoridades)... Continuando com o diálogo: - Agora quero que me relate um pouco de sua memória que mais lhe trás saudades nos tempos de sua infância lá na terra.

... Eu tinha mais ou menos oito anos, menino criado em fazendas, erámos uns oitos amigos, criado solto nas paisagens, ninguém suportavam estas nossas peraltices, vivíamos em um mundo cercado de fantasias, até brigas na saída da escola. ( logo o ser interrompe com uma pergunta. ) - Lembra aquela vez que você quebrou o braço de seu amigo? Pura maldade.

- Sinto muito grande mestre, não me lembro não, peço que me perdoe, a gente fazia tantas traquinice, pegar uma de bate pronta. (disse Godofredo tentando se passar por inocente)

- Você não se lembra, mas eu me lembro muito bem, tenho seu histórico todo anotado aqui no livro de anotações, estou contabilizando dois ponto negativo na sua conta. (O grande ser apontou o dedo acusador.)

- Me perdoe grande mestre, nós erámos todo pequenos, não tínhamos noção de quase nada, o senhor está sendo muito severo.

-Quando seu amiguinho morreu no lago, você teve culpa, mas conseguiu enganar todos, até agora a família do menino não sabe que foi você que empurrou o do barranco do córrego, foi você e agora depois de adulto quantas outras coisas erradas você praticou, de que adiantou se firmar em igrejas para tentar enganas os outros, você foi um charlatão, estelionatário ludibriador, eu vejo em você uma pessoa que me causa náuseas, seu saldo é milhares de atos pecaminosos. (Disse o grande ser do universo) ...para você tome esta medida; isso é o que lhe cabe.

- Mestre... Só isso, só isso!... Acho pouco, mereço mais.

- Se contente com isso moço, você aqui não tem direito de exigir nada, isso aí foi o que você poupou no logo de sua vida, foi o que plantou essa é sua colheita.

- São poucos estes meus créditos.

- Problema seu, eu lhe dei uma vida, você não a cuidou, deixou sua vida desgastar as ferrugens corroer, você nada fez para avivar, a lei do universo é assim, você é o lavrador de sua lavoura, agora é a hora da sua colheita.

Para Godofredo esse veredito foi estressante, dizia ele que foram injustos, que não merecia tão pouco de pagamento, que fez muito mais bem em vida. Pegou tudo aquilo que foi pesado em balança e se retirou decepcionado, ele partiu nesta manhã, chegou até aqui neste estágio, logo seguirá outro destino, o inferno não será para ele, menos, logo estará de volta á terra em outro corpo, em outra personalidade, outra família aprendendo para aprimorar os conhecimentos.
Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 06/03/2018
Reeditado em 06/03/2018
Código do texto: T6272478
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