"TOCA, DESGRAÇADO, TOCA!!!"-PARTE II
Outra estória de telefonema... agora por engano! (A anterior? Texto de um AMIGO um tanto envergonhado que na hora exata se emocionou muito e improvisou u texto de conto ora, ouvindo voz dela.... nenhuma falcatrua!) ----- Túnel de um tempo muito antigo em que telefone residencial era bem raro - famílias ficavam a espera num mínimo ‘rápido’ de nove (meses, não!)... anos. ----- Duas irmãs e uma prima... a mais velha das irmãs casara a menos de seis 9agora sim!) meses e o sogro cedera ao casal o apartamento mobiliado, tudo com pouquíssimo uso: tinha também geladeira elétrica (ainda se usava a de retangulão de gelo, pesadão, adquirido todas as manhãs), te-le-vi-são e......... um te-le-fo-ne... Muito conforto! ----- As mais jovens foram ao encontro, no apartamento, para uma volta ali, ‘quase’ centro da cidade, e depois estreantes de baile noturno de carnaval, num clube. Fantasia de pescadoras (de peixes!). O interesse maior era o telefone - aparelho preto gigantesco na sala, extensão guardada dentro de um móvel. Tanto abriram e fecharam o tal móvel, pegar dois copos, um de cada vez, duas colheres, uma de cada vez, dois canudos para refresco, um a um, que o dono da casa logo percebeu que o interesse das garotas era... o telefone. Instalou na tomada e mandou que aguardassem, ele iria à farmácia e ligaria para casa. Elas atenderiam, cada uma num aparelho. Ansiosas! De repente, o esperado alarme “trrriiiiimmm”. O homem ainda não saíra, atendeu, as primas pegaram a extensão, cabeças juntinhas. ----- “Vô!” Susto durou meio segundo - primeiro filho ainda no segundo mês de ‘fabricação’, mulher nos enjôos, e ele - noço -já era... avô? Notou voz de menino, uns 12 anos, talvez. Tentou explicar que era engano, porém o interlocutor mirim não deixava. “Não me atrapalhe, võ! O recado é muito grande.” “Mas garoto, você não sabe com quem está falando..” Piada de estudantezinho em 1957, colegial querendo mostrar cultura: “Sei com quem NÃO (berrou!) estou falando: não é aí o Presidente JK nem o poeta carioca (certamente Bilac, de alguma aula), eu garanto.” Não, não era o presidente mineiro. O garoto continuou. “Recado da mãe para minha vó amada (pedir algum doce?). Comprar duas galinhas bem grandes... uma de penas vermelhas, outra branca. Mãe sabe conferir se tem ovo inteiro dentro, prontinho para sair, sabe como fazer isto (o homem riu alto, imaginando a dedada “clinica”). Pedir na quitanda (o certo seria aviário) para cortar os pescoços, derramar o sangue no baldinho da vó e juntar sal. As cabeças são para o gato (deixou de comer uma ratinha?). Muito cuidado com as penas brancas para o meu cocar (fantasia de índio?) pode jogar fora as outras. Comprar também farinha de trigo, chocolate em pó e leite condensado (menos popular na época, dizem - ah, está explicada a expressão “minha vó amada”...) - ah, eu ia esquecendo, e cem gramas de prego daquele bem amarelo (prego? não seria manteiga, e apenas cem gramas, na medida certa para algum bolo?). As bolsas de roupas já estão arrumadas, nós vamos passar o carnaval aí na sua casa, na Lapa (certinho, o nome do bairro). Olhe, vô, se eu não der o recado direitinho, levarei uma boa chinelada.........
E o coitado desligou.
LEIAM meus trabalhos “Telefonemas” e “Telefone: os prós X os contras”.
NOTAS DO AUTOR:
GALINHA - O animal doméstico mais difundido e abundante do planeta, uma das fontes de proteínas mais baratas. Primeiras referências a galinhas domésticas surgem em cerâmicas datadas do século VII a. C., provavelmente introduzidas na Ásia de onde é o nativo galo-banquiva A domesticação das galinhas de origem indiana tinha finalidade de galos de briga na Ásia, África e Europa, com pouca atenção à carne e aos ovos. Registros mostram presença destas aves na China desde 1.400 a. C. - no Egito eram conhecidas como “o pássaro que dá à luz todos os dias”. Na atualidade, o Brasil é o maior exportador de frangos do mundo.
PRESIDENTE JK - 31/1/56 a 31/1/61 - Anos dourados. Clima de otimismo. O fusca era o carro da moda Isso foi antes de Brasília, idealizada pelo sorridente Juscelino Kubitschek! Plano de Metas: política do “50 anos em 5”... Promessas de desenvolvimento, realizações e respeito às instituições democráticas, mecanização da lavoura, economia passou de rural a urbana. crescimento da indústria, em especial a automobilística. Ausência de presos políticos e liberdade de imprensa. O Brasil começando a mudar!
F I M