CARRO DE BOI
Estradas e trilhas, caminhos e passagens.
Num tempo distante ficou apenas no imaginário o som dos cocões do carro pesado, puxado por bois, pelos dias ventosos nas bandas do areado.
Carro de boi com seus cocões chorosos parecia lamentar o peso por ele transportado.
Ia pelo chão batido do estradão com sua cantiga afinada.
O carvão quente fazia o som afinar na subida e chorar nas baixadas.
Nas descidas com sua carga pesada, roncava feito trovão até chegar lá no areião.
Suas rodas reforçadas com as buchas de jacarandá socadas em suas fendas gemiam pela pressão do peso transportado.
Suas chapas de ferro que cobria toda rodagem iam deixando rastro profundo na terra roxa do espigão assombrado.
O chumaço ia virando lentamente e dando cortes na cantiga do cocão.
O caniço amarrado ia sustentando o peso das espigas de milho dentro da esteira de taquara.
O cabeçalho liso pelo suor dos bois servia para o carreiro em pé ir tocando a boiada no ritmo da cantiga do carro por aquelas estradas.
A cheda preza aos tamoeiros sustentava o peso do carro no pescoço dos bois de cabeçalho.
De longe se ouvia a cantiga dos cocões, era um cantar sossegado.
Longe, muito longe ficou no imaginário o som do carro de boi por aqueles sertão abençoado.
É isso aí!
Acácio Nunes