Um homem solitário, na encruzilhada da vida.
Um dia de sol, o homem solitário sentado numa praça florida. Havia dois caminhos a seguir, o bem ou o mal. Ele continuou parado. Nenhum caminho tinha importância.
O sol brilhava. O céu azul turquesa com nuvens varridas convidavam para um passeio sem rumo. A brisa do nordeste, sempre fresca, fazia carinho em seu rosto.
Pessoas passavam, cumprimentavam-no pelo seu nome e, o homem solitário não os via, não queria ver. Ele só se importava com a fumaça que saia de sua boca, como se fosse a sua melhor criação poética.
A mão esquerda apertava contra seu bolso o fumo, o maço de papéis de seda e o isqueiro, era todo o seu tesouro.
Continuava fumando um cigarro mal feito colado a cuspe e quase apagado, que lhe deixou marca eterna amarela nos dedos. Os pulmões estavam negros, como também os seus dentes.
O homem era fútil como a fumaça que saía de sua boca. Ficava sentado num banco da praça à sombra da mangabeira, tentando-se proteger do sol. Restos de alimentos e garrafas, informavam que tinha bebido e comido demasiadamente, como sempre.
Parecia saciado da fome e da sede, mas nunca estaria da fumaça.
A fumaça era sua vida, o ar que mais gostava de respirar, o melhor perfume, o seu oxigênio.
O coração pedia socorro aos gritos sem resposta. Batia cada vez mais acelerado, tentando compensar a respiração ofegante.
Os espirros e o excremento pegajoso e amarronzado indicavam a destruição da saúde.
A fumaça era o seu alento, a sua companhia. Conseguia vislumbrar imagens inexistentes na fumaça opaca que saia da boca. Via imagens nas nuvens nos raros momentos que levantava o rosto. Este homem solitário já namora a peste e se comprometia com a morte.
Olhou em volta, com o olhar vazio, avistou novamente as placas. Qual o caminho? Não teve resposta. Voltou o olhar sem presa para os seus próprios dejetos. Ignorou-os.
Apalpou os bolsos e encontrou um espelho. Mirou-se. Viu um homem sem zelo. Cabelos e barba sem corte definido e os olhos muito vermelhos. A aparência denunciava a falta de banho regular.
Procurou o brilho do olhar castanho e não achou. Apenas um olhar vermelho e molhado lhe olhou. Seu próprio rosto lhe emocionou. Ainda assim insistia em buscar um pouco de dignidade naquele olhar. Continuava vazio.
O homem solitário apoiou o rosto com as mãos e chorou. Há anos que não chorava daquele jeito. Nem quando soube do enterro do pai ou da partida de sua querida esposa. Lembrou que não havia ninguém para enxugar as suas lágrimas. Chorou tentando limpar a sua alma e o seu corpo.
Olhou novamente a sua volta: Visualizou um dos caminhos que poderia seguir. Desistiu. Não tinha força, nem vontade. Novamente lançou seu olhar para o chão e reacendeu a chama da morte.
A fumaça encheu o ar e a alma do homem solitário.
http://www.michelonenergia.com.br
Um dia de sol, o homem solitário sentado numa praça florida. Havia dois caminhos a seguir, o bem ou o mal. Ele continuou parado. Nenhum caminho tinha importância.
O sol brilhava. O céu azul turquesa com nuvens varridas convidavam para um passeio sem rumo. A brisa do nordeste, sempre fresca, fazia carinho em seu rosto.
Pessoas passavam, cumprimentavam-no pelo seu nome e, o homem solitário não os via, não queria ver. Ele só se importava com a fumaça que saia de sua boca, como se fosse a sua melhor criação poética.
A mão esquerda apertava contra seu bolso o fumo, o maço de papéis de seda e o isqueiro, era todo o seu tesouro.
Continuava fumando um cigarro mal feito colado a cuspe e quase apagado, que lhe deixou marca eterna amarela nos dedos. Os pulmões estavam negros, como também os seus dentes.
O homem era fútil como a fumaça que saía de sua boca. Ficava sentado num banco da praça à sombra da mangabeira, tentando-se proteger do sol. Restos de alimentos e garrafas, informavam que tinha bebido e comido demasiadamente, como sempre.
Parecia saciado da fome e da sede, mas nunca estaria da fumaça.
A fumaça era sua vida, o ar que mais gostava de respirar, o melhor perfume, o seu oxigênio.
O coração pedia socorro aos gritos sem resposta. Batia cada vez mais acelerado, tentando compensar a respiração ofegante.
Os espirros e o excremento pegajoso e amarronzado indicavam a destruição da saúde.
A fumaça era o seu alento, a sua companhia. Conseguia vislumbrar imagens inexistentes na fumaça opaca que saia da boca. Via imagens nas nuvens nos raros momentos que levantava o rosto. Este homem solitário já namora a peste e se comprometia com a morte.
Olhou em volta, com o olhar vazio, avistou novamente as placas. Qual o caminho? Não teve resposta. Voltou o olhar sem presa para os seus próprios dejetos. Ignorou-os.
Apalpou os bolsos e encontrou um espelho. Mirou-se. Viu um homem sem zelo. Cabelos e barba sem corte definido e os olhos muito vermelhos. A aparência denunciava a falta de banho regular.
Procurou o brilho do olhar castanho e não achou. Apenas um olhar vermelho e molhado lhe olhou. Seu próprio rosto lhe emocionou. Ainda assim insistia em buscar um pouco de dignidade naquele olhar. Continuava vazio.
O homem solitário apoiou o rosto com as mãos e chorou. Há anos que não chorava daquele jeito. Nem quando soube do enterro do pai ou da partida de sua querida esposa. Lembrou que não havia ninguém para enxugar as suas lágrimas. Chorou tentando limpar a sua alma e o seu corpo.
Olhou novamente a sua volta: Visualizou um dos caminhos que poderia seguir. Desistiu. Não tinha força, nem vontade. Novamente lançou seu olhar para o chão e reacendeu a chama da morte.
A fumaça encheu o ar e a alma do homem solitário.
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