A Gota D'água
Meu Deus, o segundo dilúvio?! Mas era só o que me faltava, esse é o meu fim... pensou a pobre formiguinha quando o sujeito desajeitado derramou aquele restinho de água que ali no copo já havia se acomodado. De uma das acomodações do formigueiro ela saíra esperando nada mais que cortar folha e carregar conforme diz seu manual, mal sabia que naqueles encontros pela parede ou brechas no chão, deveria ter dito tudo o que sentia, ter se atrevido a trazer mais que uma folha, quem sabe até um saboroso grão. Mas ela não sabia, não tinha como saber, afinal, o dia parecia correr conforme o normal, até que o assassino, a sangue frio, pôs o temível copo no escorredor sem observar que aquelas gotas fatais botariam um fim a uma longa jornada levando a pobre formiga ao céu das formigas e de forma escancaradamente impune o jovem rapaz enxugou suas mãos e saiu enquanto a comunidade inteira do formigueiro lamentava sua perda.