O corredor longo do hospital estava silencioso como de costume. Três quartos do lado direito e três do lado esquerdo. As portas com placas vermelhas eram proibidas para Thais. Eram áreas de isolamento, onde os pacientes não podiam manter contato com ninguém, além dos funcionários autorizados do próprio hospital.
Thaís conhecia muito bem as regras do local e seguia em passos moderados procurando seu primeiro paciente. Ela estava ali para aplicar Reiki, seu trabalho voluntário de todas as quartas-feiras à tarde. Alguém sugeriu na recepção, que ela fosse até o quarto 322 e falasse com a paciente de nome Madalena. Talvez ela aceitasse a terapia.
Thaís entrou no quarto e encontrou a mulher sobre a cama. Uma senhora de descendência japonesa, pequena, de rosto sério. Seu sobrenome era Ueda.
─ A senhora aceita receber Reiki?
─ O que é isso?
─ É uma terapia energética que é aplicada com as mãos. Essa técnica leva o paciente a um estado de relaxamento, diminui bastante a ansiedade e isso costuma ser muito bom para quem faz quimioterapia.
─ Mesmo? Já faz dois dias que eu não consigo comer...
De repente, sem mais nem menos, a mulher levantou o lençol e deixou à mostra uma barriga enorme, repleta de manchas arroxeadas. Uma barriga tão grande quanto uma melancia. Câncer no fígado. Há doze anos, explicou ela com voz pausada. Já passara por um transplante e agora, de novo, estava ali aguardando pelo próximo. "Pois é, esse tipo de coisa pode mesmo ser reincidente", pensou a reikiana.
Thaís fez sua preparação sem pressa. Primeiro, ligou o mp3 e colocou uma música instrumental que tomou conta do ambiente, depois, fez uma prece e limpou a aura da paciente com movimentos de mãos, que pareciam alisar toda a extensão do corpo da outra, desde seus pés até sua cabeça. O cuidado, no entanto, era evitar qualquer contato físico, uma vez que as regras do hospital também não permitiam isso. Por fim, deu início à aplicação de Reiki.
O primeiro chacra a receber a energia foi o coronário, isto é, aquele que se encontra situado no topo da cabeça; o próximo foi o chacra frontal, localizado no meio da testa; o laríngeo, na região da garganta; o cardíaco, chacra correspondente ao coração; o plexo solar, berço obscuro do fígado doente; o umbilical, dois dedos abaixo do umbigo e, por fim, o básico, na região da genitália.
Thaís poderia ter encerrado a terapia naquele momento, mas preferiu retornar à região da barriga da paciente e ali permaneceu com as mãos impostas por mais quinze minutos, sentindo o suor porejar em sua testa, enquanto repetia os símbolos do Reiki em voz baixa. Para finalizar, alisou novamente a extensão do corpo de Madalena, desta vez, partindo do alto da cabeça em direção aos pés, com o objetivo de fechar a aura dela e protegê-la de energias negativas oportunistas, como explicou depois. Fez, em seguida, uma prece de agradecimento aos mestres protetores e terminou seu trabalho.
Enquanto retirava seu mp3 da tomada, ouviu a mulher dizer que estava se sentindo bem melhor. Até a dor de cabeça incômoda de momentos antes desaparecera.
Thaís agradeceu pelas palavras e saiu do quarto em direção ao próximo atendimento, que teve lugar no quarto vizinho.
Um pouco mais tarde, com o término de seu plantão, ao retornar pelo corredor em direção à sala do voluntariado, Thaís passou novamente pela porta do quarto de Madalena e viu-a sentada na cama, comendo com indisfarçável apetite toda a comida do prato sobre a mesa. A reikiana sorriu e apertou o botão do elevador.
Thaís conhecia muito bem as regras do local e seguia em passos moderados procurando seu primeiro paciente. Ela estava ali para aplicar Reiki, seu trabalho voluntário de todas as quartas-feiras à tarde. Alguém sugeriu na recepção, que ela fosse até o quarto 322 e falasse com a paciente de nome Madalena. Talvez ela aceitasse a terapia.
Thaís entrou no quarto e encontrou a mulher sobre a cama. Uma senhora de descendência japonesa, pequena, de rosto sério. Seu sobrenome era Ueda.
─ A senhora aceita receber Reiki?
─ O que é isso?
─ É uma terapia energética que é aplicada com as mãos. Essa técnica leva o paciente a um estado de relaxamento, diminui bastante a ansiedade e isso costuma ser muito bom para quem faz quimioterapia.
─ Mesmo? Já faz dois dias que eu não consigo comer...
De repente, sem mais nem menos, a mulher levantou o lençol e deixou à mostra uma barriga enorme, repleta de manchas arroxeadas. Uma barriga tão grande quanto uma melancia. Câncer no fígado. Há doze anos, explicou ela com voz pausada. Já passara por um transplante e agora, de novo, estava ali aguardando pelo próximo. "Pois é, esse tipo de coisa pode mesmo ser reincidente", pensou a reikiana.
Thaís fez sua preparação sem pressa. Primeiro, ligou o mp3 e colocou uma música instrumental que tomou conta do ambiente, depois, fez uma prece e limpou a aura da paciente com movimentos de mãos, que pareciam alisar toda a extensão do corpo da outra, desde seus pés até sua cabeça. O cuidado, no entanto, era evitar qualquer contato físico, uma vez que as regras do hospital também não permitiam isso. Por fim, deu início à aplicação de Reiki.
O primeiro chacra a receber a energia foi o coronário, isto é, aquele que se encontra situado no topo da cabeça; o próximo foi o chacra frontal, localizado no meio da testa; o laríngeo, na região da garganta; o cardíaco, chacra correspondente ao coração; o plexo solar, berço obscuro do fígado doente; o umbilical, dois dedos abaixo do umbigo e, por fim, o básico, na região da genitália.
Thaís poderia ter encerrado a terapia naquele momento, mas preferiu retornar à região da barriga da paciente e ali permaneceu com as mãos impostas por mais quinze minutos, sentindo o suor porejar em sua testa, enquanto repetia os símbolos do Reiki em voz baixa. Para finalizar, alisou novamente a extensão do corpo de Madalena, desta vez, partindo do alto da cabeça em direção aos pés, com o objetivo de fechar a aura dela e protegê-la de energias negativas oportunistas, como explicou depois. Fez, em seguida, uma prece de agradecimento aos mestres protetores e terminou seu trabalho.
Enquanto retirava seu mp3 da tomada, ouviu a mulher dizer que estava se sentindo bem melhor. Até a dor de cabeça incômoda de momentos antes desaparecera.
Thaís agradeceu pelas palavras e saiu do quarto em direção ao próximo atendimento, que teve lugar no quarto vizinho.
Um pouco mais tarde, com o término de seu plantão, ao retornar pelo corredor em direção à sala do voluntariado, Thaís passou novamente pela porta do quarto de Madalena e viu-a sentada na cama, comendo com indisfarçável apetite toda a comida do prato sobre a mesa. A reikiana sorriu e apertou o botão do elevador.