A Finitude do Infinito (Ou Infinitude do Finito)

Certa vez, enquanto passava pela parte baixa da Metrópole, vi a seguinte frase escrita sobre as imagens dançantes de um neoplacar.

“Da morte à vida, a beleza se encontra nas coisas que deixamos pelo caminho. ”

Havia essa liberdade na época, pois acontecera antes da queda de Sharulan, e eu ponderei durante boa parte da minha vida sobre o que havia lido. Questionei, pesquisei e fiz uma porrada de experimentos de teor não científico (que, basicamente, acabavam com certeza de que fiz algumas merdas sérias no percurso). Em termos menos técnicos – para os mais leigos – eu, basicamente, vivi.

Bom, há uma dificuldade com essa coisa estranha que é viver. A gente passa, deixa alguns rastros na areia, e desaparece caminhando pelas dunas. Na maioria das vezes, o vento apaga todas aquelas pegadas que lutamos, esbravejamos e pulamos para marcar naquela terra ingrata. Lógico que há os gigantes. Esses caminham pela existência e não só deixam suas pegadas gigantescas (basta olhar para o lado para vê-las), como também brilham no cosmos com uma luz incessante. A esses chamamos de faróis.

Mas o importante na divagação não é o que outros fizeram ou deixaram de fazer (talvez a servir de exemplo, mas não os copie). O importante, quando se para e pensa, é: o que fazemos enquanto atravessamos os ergs do tempo? Fiz-me essa pergunta centenas de vezes.

As luas que orbitam meu céu poderiam parar algum dia, caso eu me fosse?

Talvez um colapso gravitacional pudesse destruir tudo e eu fosse o único capaz de salvar uma raça inteira. Essas seriam marcas que eu com certeza gostaria de deixar. Inclusive, tentei desestabilizar o eixo lunar certa vez, mas não obtive êxito...

Será que vão se lembrar de mim pelo meu humor?

Eu não tenho certeza, mesmo depois de tanto tempo, se deixei pegadas suficientes para servir de guia para os mais desavisados. E cheguei à conclusão de que, infelizmente, eu nunca vou saber. Pois se deixei, vou estar morto antes que me contem. E se não, vou continuar inalcançável do mesmo jeito. O ponto é; nunca saberemos se algo vale mesmo a pena se não vivermos o que esse algo nos proporciona. Passamos pelas coisas como os ponteiros da catedral de Sioux Leverón, marcando o tempo em uma vida de horas contadas. Não há mais espaço para o prazer. Não há mais espaço para a diversão. E muito menos há espaço para a realização. Resolução. Perdemos as coisas importantes com medo de perder coisas importantes.

Hoje somos, além de desmotivados emocionalmente, vítimas de um poder distópico que nem mesmo os melhores autores de ficção poderiam imaginar. Dois sóis se foram e o terceiro já está na linha. Não posso dar a certeza da vida contínua, porque não faço ideia quantas gerações ainda há na frente dessa que caminha para sua era de ouro. Mas tenho certeza de uma coisa:

Há, em cada um, a força de um universo. E somos nós que decidimos se geramos a explosão, ou guardamos a energia até se dissipar.