UMA VIDA DEVAGAR
Sou uma preguiça. Passei toda a minha vida aqui na floresta. Meus amigos são minha única família, já que meus pais morreram em um incêndio florestal criminoso. Algum idiota esqueceu um cigarro aceso no meio da relva. Isso deixou-me com muito medo do bicho homem e sua mania de querer dominar tudo e todos. Eu era muito jovem, mas ainda lembro dos agonizantes gritos de minha mãe mandando-me fugir.
Irisnéia, a tartaruga, e o caracol Toinho são meus melhores amigos. São os únicos que não acham-me preguiçoso. Não sou preguiçoso. Sou apenas muito calmo. Medos? Tenho alguns, principalmente do monstro a quem chamam de homem. Conheço muitas feras da floresta que são mais amigas e confiáveis do que o “ser humano”.
Quem é Deus para mim? É tudo em minha vida. Sempre me apoia em tempos aflitivos. Devo ser grato a Ele. Foi quem me criou. Merece toda glória e honra. Amor. Quatro letras com um enorme significado. Ainda não encontrei a preguiça da minha vida. Por enquanto, contento-me com meus amigos mesmo. Li em algum lugar que “o amor é paciente e bondoso. O amor não se gaba, não é orgulhoso, não se comporta indecentemente, não procura os seus próprios interesses, não leva em conta o dano. O amor nunca acaba.”