Primeira vez
O encontro seria na casa de Melissa, tudo marcado para às 22hs, os pais dela iam viajar e deixa-la sozinha em casa durante 4 dias. Mel, como era chamada, tinha 16 anos e seus pais nunca haviam viajado sem ela, dessa vez, decidiram fazer uma viagem de lua de mel, não incluindo a filha única. Era a ocasião perfeita para ela e Greg terem a primeira relação. Ela estava segura do que queria.
Ainda pela manhã, Greg acordou, pegou seu skate e foi para a pista mais próxima. Colocou seu fone de ouvido e esqueceu-se de tudo mais o que havia em sua volta. Estava ansioso pela noite que estava por vir. Seria sua primeira relação após alguns meses de namoro com Mel.
Tocava Criolo na sua playlist quando Mel ligou.
- Alô, Greg?
- Oi Mel.
- Meus pais vão viajar umas 20hs, se quiser chegar um pouco depois, vou estar te esperando já.
- Tudo bem – deu uma pequena pausa e continuou – Tem certeza que quer mesmo fazer isso?
- Tenho certeza absoluta, essa é nossa primeira chance depois de 5 meses juntos. Por quê, você não quer?
- Não é isso – sua voz ficou trêmula – é que... bom... se quiser esperar mais, eu não me importo.
- Vai ser hoje, Greg. Ao menos que não queira mais, é isso?
- As 22hs estarei aí.
- Vou te esperar.
Assim que desligou Greg colocou o fone de novo e continuou a andar com seu skate. Tinha uma playlist muito variada, selecionou um álbum de rock mais antigo, Unplugged do Nirvana, para escutar enquanto voltava para casa. O caminho era um pouco longo, o suficiente para ele escutar o álbum completo.
Chegando em casa, ligou o rádio e colocou pra tocar um cd que Mel havia lhe dado de presente, com músicas variadas e mais recentes. A música acompanhava Greg em tudo o que ele fazia até mesmo no banho, não desligava o som nem mesmo para dormir.
Como seus pais trabalhavam durante a tarde, Greg teve que preparar algo para almoçar enquanto ouvia as músicas gravadas no cd. Preparou macarrão com molho, rápido e simples, a opção perfeita. Depois que comeu se deitou no sofá e começou a pensar em Mel e como seria a noite.
Ela não cansa, cansa, não cansa jamais
Ela dança, dança, dança demais
Tocava quando ele começou a imaginar os dois juntos, sozinhos naquela casa. Perdeu-se em seus pensamentos a ponto de esquecer as músicas que estavam tocando. Quando começou a se imaginar na cama com Mel, já tirando as roupas dela, de súbito escutou no fundo:
Vai safadão...
Vai safadão...
- Ahh, que nojo – gritou Greg – essa música tinha que estragar tudo!
Recompôs-se e logo mudou de música, depois foi para sua cama tirar um cochilo.
Horas depois, o celular toca, é Mel. As horas marcavam 16hs37min.
- Greeeeg, meus pais já foram – disse com excitação na voz – pode vim à hora que você quiser.
- Oi, nossa, já foram? – disse gaguejando – Quer dizer... ta... daqui a pouco estou ai, só espera eu me arrumar.
- Tudo bem, vem logo.
- Aí meu Deus, não tive nem tempo de me preparar, o que será que eu vou fazer? E se ela não gostar? Se eu fizer algo de errado, ah, quanta coisa, quanta coisa. E as camisinhas, ainda nem comprei, que vergonha. Onde será que compro? No mercado ou na farmácia, será que tem? Qual comprar? Qual será a melhor? – pensava Greg enquanto tomava banho.
Colocou uma calça jeans, uma camisa e um tênis da Vans, pegou seu skate e foi até a farmácia mais próxima. Andou entre as prateleiras e pegou um pacote de camisinhas. Chegou no caixa para pagar, estremecendo de vergonha. Quis sair correndo quando a balconista lhe perguntou:
- Você já usou as de sabor dessa marca?
De sabor? Que? Existe isso? – ficou pensando antes de responder.
- É... de sabor... hãn... não, não.
- Deveria experimentar – disse a balconista, sorrindo.
Logo que pagou, colocou novamente o fone no ouvido e seguiu para a casa de Mel. Estava aflito, ansioso demais.
Plin, plon – tocou a campainha. Mel abriu a porta e pulou, abraçando.
- Ai meu amor, to tão feliz por você ter vindo – não conseguia disfarçar a excitação em sua voz.
Ele não conseguia nem falar, por causa da ansiedade que estava sentindo e, sobretudo, porque Mel estava o sufocando com o abraço. Ele olhou para ela, que estava vestida com um short jeans curto, uma camisa larga com estampa do Tim Maia e um chinelo básico. – Ah, como ela tá linda. Essa camisa, ah, fica demais nela! – pensou ele.
Sentaram no sofá da sala e um silêncio se instalou por alguns minutos, até Mel dizer:
- Você tá muito nervoso, Greg. Tá tudo bem?
- Ahh... ahh – gaguejou – tu... tudo sim, só estou um pouco nervoso.
- Calma – disse – vamos para o quarto, vou colocar algo para tocar tá?
- Pode ser.
Mel o conhecia muito bem e sabia que ao colocar algo pra tocar ele ficaria mais tranquilo. Então ela colocou um cd com uma playlist gravada especialmente para aquela noite.
- Gravei esse cd hoje cedo, Greg – disse sorrindo – com músicas especiais para essa noite.
- Não tem Wesley Safadão nesse não, né? – perguntou aflito.
- Não – disse rindo – são músicas especiais para o momento.
Ah ela preparou um cd, com... com músicas... sem Wesley safadão pra estragar o momento... ah, ela é demais! Será que ela vai gostar? Será que... que eu não vou falhar – pensou enquanto suas mão soavam.
Royals da Lorde foi a primeira da lista. Quando a batida da música começou a tocar, Mel pegou nas mãos dele e o beijou. Os pensamentos de Greg continuavam a atormenta-lo. Será que isso tá mesmo acontecendo? Eu não posso falhar, ela... ela é demais.
- Você está... está... – gaguejou.
- Estou o quê? – perguntou Mel.
- Está... está... bom, está linda com essa camisa.
- E sem ela, como será que fico? – disse começando a beija-lo novamente.
Foi a última coisa que ele ouviu. Logo suas mãos pararam de tremer e o nervosismo deu lugar à excitação. Quando deu por si, Mel estava deitada sobre seu peito, adormecida, ambos com o mesmo lençol. A camisa com estampa do Tim jogada do lado da cama, as outras peças de roupa espalhadas pelo quarto.
- Você foi demais – sussurrou Mel.
Aquelas palavras aliviaram Greg. No rádio, tocava Sail da banda Awolnation. Ele parou, olhou para a sacola com as camisinhas e mais aliviado disse:
- Que tal agora provarmos as camisinhas de sabor?