Grãos de Arroz
Passava pela avenida, na esquina um cartório antigo havia. Olhou para o chão... Grãos de arroz! Certamente mais duas almas haviam feito sua união perante os homens há pouco tempo, jurando eterno amor! Pobres almas, mas sabiam elas, rumavam ao desconhecido destino da dor. Talvez um futuro sofrimento...
Porque não acredito em casamento? Acreditar eu acredito! Apenas não consigo me ver nesse tormento! Contar-lhes-ei um antigo caso...
Ter de acreditar nas mentiras do marido que jurou amor eterno e agora novamente jura não estar tendo um adultério.
Homem ingrato!
Cospe no prato que comeu... Esnoba a mulher que o ama, que está a seu lado! Irá perdê-la de fato! Ingrato... Desesperada a mulher chora, ele a ignora e vai embora. Mata a mulher aos poucos, seu coração murcha e aprende a odiar, esquece o que é amar, aprende sobre sofrimento, dor e lamentos. Uma mancha de batom vermelho na gola da camisa! Homem maldito! Pagaria por isso, ela se vingaria...
Barulho na porta, era ele! Luzes apagadas... Ela pegou a faca recém afiada, o homem ingrato implorou, covarde! Ela se vingou, nem sequer uma lágrima chorou, o coração amargurado acalmou. Olhou-se no espelho e se vislumbrou... Um líquido escarlate escorria de suas mãos e pingava no chão. E agora? Pensou... Precisava se livrar das provas e da sujeira. Pegou a pá... Maldito homem que lhe havia feito mal, pagou caro! Pronto, estava enterrado!
Ela ficou triste, mãos sujas de sangue e o coração cheio de ódio. Sentia que precisava lavar a alma dessa tristeza. Começou a chover e assim seus pecados foram lavados, levados pro esquecimento do subconsciente. Pegou suas coisas e foi embora, já era hora de ser feliz! Passou em frente ao cartório, olhou pro chão... Grãos de arroz!