Pererê

Era uma vez a muito tempo atrás, em um lugar onde a imaginação é a mãe do pensamento e que você ajuda a criar. Esse lugar é na área rural, pode ser numa fazenda, uma chácara, talvez um sítio ou na periferia da cidade onde as ruas ainda não tenham asfalto e que tenha por ali um amontoado de bambus, um bambuzal, sim ai é que começa nosso conto.

Antes, me deixe falar de uns componentes dele. Tem um passarinho que canta no meio da mata e que a muito também deram seu nome de Pererê, de coloração marrom e com um topete na cabeça avermelhado e outro também com beleza igual, que tem o canto parecido, mas é todo preto. Quando eles cantam parece que se ouve "saci" e um breve intervalo outra vez "saci" e muitas outras vezes "Saci... Saci... Saci...".

No mato eles são invisíveis quase não consegue se ver, só se ouve o canto.

A mãe natureza lá nos seus primórdios para fazer uma criatura de magia e beleza, fez crescer dentro de um dos gomos da haste do bambu um desses presentes encantados, ele foi sendo cultivado pela imaginação das pessoas criativas de boas ideias até seu nascimento.

Aconteceu também que nesse mesmo momento, uma mulher de beleza de invejar qualquer um, estava escrava, capturada de sua tribo em outro continente, tinha em seu ventre uma criança que iria nascer dentro em pouco. Ela que já havia perdido seu companheiro que tentou defendê-los. Presa com tristeza profunda, mas sem perder esperança em seus pedidos de futura mãe e que não queria essa sina para seu filho, com seu sentimento mais profundos pediu aos céus e aos poderes do universo que ele nascesse livre.

Como poderia o universo rejeitar esse pedido de tamanha e profunda humildade, perder essa oportunidade de juntar esses dois momentos?

E assim os elementos da natureza se uniram e um redemoinho de vento forte no bambuzal e no local onde nascia a criança fez tudo se misturar.

Assim foi feito, como num passe de mágica, ao nascer a criança desapareceu e sua mãe entendeu que seu pedido fora atendido.

A natureza e o imaginário da floresta ganhou uma nova criatura, os dois sentimentos os dois momentos se uniram criando um ser de beleza única que tinha uma particularidade, o sentimento de um pedido sincero e profundo, a alegria e o canto de pássaros singulares, a segurança de um aglomerado de bambus e um menino que por capricho da natureza de uma perna só, talvez para que ele ficasse parecido com os dois pássaros saltitantes de galho em galho, com uma perna só poderia imita-los.

O resto desse conto é dito e escrito de varias maneiras e muitas estripulias estão contidas neles.

São acrescentados elementos incomuns como cachimbo, gorro vermelho, sumiço de coisas, se você vir um redemoinho se formando , ali está o Pererê.

Se você pegar uma peneira bem grande e jogar no redemoinho e tiver sorte de conseguir prende-lo e seu gorro vermelho também, você pode fazer um pedido que ele te concederá.

Mas tem que ser sincero e de profundo sentimento de bom coração.

Às vezes ele se deixa prender, para não ser esquecido.

Eu consegui outro dia prende-lo com minha peneira imaginaria no redemoinho dos meus pensamentos, agora, eu tenho ele preso no meu coração de apaixonado pela beleza dos povos miscigenados contidos no meu DNA.

Meu pedido sincero e profundo de coração é que eu nunca perca minha meninice e imaginário infantil.

Que eu nunca deixe de ser criança.