O monstro Omusnoc
Em uma Era não muito distante, na qual a sociedade passava por um momento de muitas revoluções em busca pela igualdade, redução da violência, preconceitos e inúmeras outras causas pertinentes, existia um monstro que todos o tratavam como o Mal do Século, seu nome: Omusnoc.
Era um monstro silencioso - segundo relatos - e quando menos se esperava, o individuo já estava infectado por seu vírus, sem nenhuma possibilidade de cura e tratamento. Especulava-se que tal vírus espalhado por esse monstro era adquirido através do simples contato com as outras pessoas, e 100% dos infectados adquiriram tal monstruosidade na infância, justamente por não terem imunidade.
Alguns especialistas na doença causada pelo Omusnoc diziam que havia somente uma vacina que prevenia tal mal, era conhecida como "diálogo" e poderia proteger em até 99% o cidadão que a tomasse. Porém, os estoques da vacina permaneciam cheios, mesmo essa sendo disponibilizada gratuitamente. A vacina não era utilizada!
Os infectados começavam a sentir os sintomas da doença na adolescencia, com muitos ataques compulsivos praticamente todos os dias, resultando em altos gastos com "medicamentos" que mesmo sem eficácia comprovada eram utilizados como "tratamento".
Apesar de todo o mal causado pelo Omusnoc, a doença causada por ele não era assunto discutido no cotidiano, nas escolas não haviam sequer um momento reservado para o debate de tal monstruosidade, os pais não conversavam com seus filhos - provavelmente já infectados - sobre essa doença e o que poderia causar, as rodas de conversas concentravam-se em debater sobre inúmeras outras coisas mais "relevantes" para a sociedade em geral. Deixaram o monstro se espalhar e agora criticam o mal que ele ocasiona, mas permanecem na inércia deixando os estoques de "diálogo" cada vez mais empoeirados e cheios, na espera de que algum dia esse monstro do Omusnoc se vá espontaneamente. Mas, como todo monstro, o Omusnoc se alimenta dessa esperança e da ausência da vacina por parte da sociedade, se fortalece através da fraqueza de cada indivíduo que se infecta e não tenta prevenir os demais.
Essa é a história do Mal do Século, que não é contada, não é debatida, apenas criticada e muitas vezes esquecida.