DÉJÀ VU / PARTE 2 - GOTA DE LÁGRIMA
Era 18 de agosto de 2013, nosso aniversário de namoro. Gonçalo chegou para me buscar, me trouxe um livro de poesias, uma coletânea com as poesias e músicas preferidas, dele e minha, com uma flor ressequida guardada dentro, marcando a página da sua preferida. A flor marcava a letra de uma música de Vinícius de Mores - Eu sei que vou te amar. Na capa com a ilustração feita a mão, sem grande habilidade, mas que tinha tudo a ver com nossa história, um símbolo do infinito representando esse amor que transcende vidas.
Assim que folheei o livrinho e identifiquei o carinho e o cuidado com que havia planejado cada detalhe e a quanto tempo isso tudo vinha sendo preparado com tanta paciência e amor, especialmente para mim, eu maria mole como sou, senti meus olhos se encheram de lágrimas, sorri sem graça, virei o rosto e entreguei meu pálido presente comprado: uma versão rara de um disco do músico preferido dele.
Ele adorou o presente, mas ficou pequeno diante do dele, aquilo - toda nossa história contada em música e poesia, mexeu com cada fibra e célula do meu corpo. Uma lágrima fujona escapou dos meus olhos e escorreu pelo canto do rosto. Sorri e disfarcei, mas ele viu, já esperava por isso, me conhecia o suficiente para saber que eu ia sair da posse de mulher e virar uma menina apaixonada e me envergonhar pela fragilidade que sempre tentava esconder dele, e ele sempre conseguia desenterrar do fundo de mim, porque conhecia cada pedaço do meu coração e os caminhos da minha alma rebelde, e me amava ainda assim. Não precisava me dizer, estava escrito em negrito na íris castanho esverdeada envolta no rosto de menino travesso.
Ele sorriu também. Pegou a gota de lágrima e colocou por baixo da blusa sobre a região do coração, e disse com a voz embargada que agora sempre que eu estivesse triste ele poderia sentir e assim tentar me alegrar, ou ao menos me abraçar e esperarmos juntos a tempestade passar. Meus olhos marejados encontraram os dele e vi ali tanto amor, que me permiti voltar a sonhar. Ele me abraçou apertado e ouvi seu suspiro no meu ouvido.
Não sei quanto tempo ficamos ali unidos pela beleza do momento, sem dizer nenhuma palavra, apenas sentindo o coração um do outro batendo junto.
Meu Deus, como eu amei ele nesse momento. Como o amei em todos esses pequenos doces momentos.
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