Máximo de Onofre
O Onofre era o Máximo, de nome, e de Resende. E seu nome era pouco ventilado na Velha Serrana dos anos cinquenta, sessenta. Explorava o lenocínio. Pecado capital, perante a santa igreja que proclamava outra forma de se fazer mais benfazeja.
O vigário Pontello não lhe poupava reprovação e críticas. Aquela atividade, digna de uma Madalena, não coadunava com a vida cristã, sobretudo numa cidade pequena - e com a aparência de ser amena. Alguma campanha política em que se envolvesse o Onofre era logo torpedeada em nome da moral, dos bons costumes e da religião. Mais de uma vez não logrou assento na vereança do burgo. Por puro expurgo.
E no entanto, quanto pai de família, de boa cepa, não sonhava ficar indene com uma visitinha ocasional à casa de Irene? Afinal, a carne é fraca - e não se substitui pela jaca.
Independente da associação que se fazia de seu nome com a boemia,
o Onofre Máximo de Resende era também homem de boa índole. Vi-o pelo menos uma vez discutindo problema de abastecimento d´água na periferia, e sugerindo providência, solução praquela gente desassistida.
Falava em se estender a canalização, botar uma bica d´água. Demais, tinha lá as mulheres do prazer. Mas, seguindo o vigário, pra quê fazê-las mais sofrer?