Eterna insônia
O relógio da sala bateu meia-noite! Eu rolava na cama sem um pingo de sono... Parecia que o cansaço havia se esvaído do meu corpo. Apenas um cochilo... Nem isso consegui! Maldita insônia que me abala as noites.
O relógio agora marca 03:00 da manhã! A hora dos demônios... A hora das trevas... Lembrei-me disso não sei porque, acho que foi o filme que vi antes de ir para cama, “o exorcismo de Emily Rose” que falava sobre isso!
Resolvi levantar da cama, fui até a cozinha... Abri a geladeira, mas não estava com fome... Resolvi tomar um suco de maracujá. Abri o armário da sala, a tequila já havia acabado, a garrafa estava vazia só pra ocupar espaço. Resolvi ligar o computador... Esperei pacientemente o maldito programa da Microsoft iniciar, conectei... Aparentemente ninguém online! Que inferno! Fui olhar meu orkut... Nenhum scrap novo, só propagandas... Verifiquei minhas comunidades, nenhuma postagem nova... Será que estavam todos dormindo? Não era possível!
Daqui a pouco uma janela se abre... Alguém pedindo para ser adicionada no meu msn, eu não conhecia mas resolvi aceitar, vai que rolasse um papo, já que não conseguia dormir, pelo menos conversaria um pouco.
O nome da criatura: Louis! Logo me lembrei do filme “entrevista com o vampiro”, tive vontade de rir... Mas qual não é a minha surpresa quando o figura começa a dizer que me viu numa comunidade de vampiros e resolveu me adicionar no msn. Ele dizia ser um vampiro e se descrevia igualmente como o personagem de Louis... Sim e eu ia acreditar não é mesmo?! Fala sério! Se ele é o Louis eu poderia ser a Claudia e ninguém desconfiaria, afinal virtual não costuma ser real!
O papo foi rolando, começamos a falar sobre vampiros, góticos, trevas e essas coisas, o cara era legal... Ele perguntou o que eu fazia acordada a essa hora, expliquei sobre minha insônia problemática. Ele disse que sofria do mesmo mal... Perguntou se poderia me ajudar de alguma maneira... Fala sério, já passava das 04:00 da manhã e eu nem o conhecia! Lógico que falei que não... E o que ele poderia fazer afinal? Ele disse que me ajudaria de qualquer jeito nem que fosse em meu sonho... Comecei a desconfiar do cara, poderia ser mais um internauta maluco. Achei melhor cortar o camarada e quem sabe continuar o papo um outro dia. Dei tchau e resolvi desligar o computador. Voltei pra cama... Tentaria dormir, caso passasse mais meia hora, apelaria para o sonífero da minha mãe.
Dormi em menos de cinco minutos... O sonho começou a surgir, sabe aquela imagem estranha que aparece logo que estamos entrando no estado inicial do sono? Pois é! Eu caminhava por um cemitério, estava escuro, uma cortina de grossa neblina me impedia de ver qualquer coisa, de repente um caminho se iluminou a luz de pequenas velas. Resolvi seguir por ele, afinal era sonho mesmo...
Eu vestia um longo vestido negro e um manto de veludo negro com forro de cetim vermelho, os pés estavam descalços. Logo à frente vi um outro vulto, também vestia negro... Era um homem alto, de físico malhado com cabelos longos e loiros... Olhos verdes... Parei! Ele se aproximou, fez uma reverência e pegou minha mão, beijou-a, me olhou nos olhos demoradamente... Senti-me hipnotizada... Perguntei como se chamava, e pra minha surpresa, Louis ele respondeu! Era muito real para ser somente imaginação... Puxou-me, começamos a caminhar entre as sepulturas, as velas iam acendendo-se conforme íamos caminhando...
Chegamos a uma colina, nos sentamos... Havia uma garrafa de vinho tinto e duas taças. Ofereceu-me... Aceitei com prazer! Brindamos e bebemos... Ele aproximou-se, segurou minha mão novamente... Passou sua outra mão pelo meu rosto, fazendo uma carícia... Me afastei, mas ele me olhou profundamente nos olhos e disse para não temê-lo. Permiti... Aproximou seus lábios dos meus... Beijou-me... Doce beijo com sabor de vinho! Começou a beijar meu pescoço... Foi quando senti uma dor profunda, uma ardência... Ele cravou seus caninos em minha jugular direita... Tentei gritar, mas não consegui, pois apesar da dor, eu sentia um enorme prazer, indescritível sensação! Não havia mais o que temer...
Acordei com um sobressalto e levei a mão esquerda à minha jugular direita, não escorria sangue! Ufa! Era só um sonho mesmo... Voltei a dormir. Acordei e fui à cozinha tomar um copo de leite, minha mãe estava sentada à mesa, me olhou apavorada e perguntou o que havia acontecido, pois estava com um machucado em meu pescoço... Corri para olhar no espelho... Lá estava a marca da mordida, o furo demarcado dos dois caninos...
E essa é minha última lembrança de ter visto a luz do dia... Agora durmo de dia e fico acordada durante a noite, eterna insônia noturna... Preciso caçar para sobreviver! Preciso me alimentar, e a próxima vítima poderá ser você. Cuidado com o que sonhas, cuidado com o que desejas... Eu poderei realizar!