Vitrais - " Uma historia inacabada"
O jantar estava servido na pequena cozinha. Na mesa, Zlatko Radic o pai, Serena a mãe e os filhos Davor e Valendska.
Zlatko , ex soldado da guerra separatista que libertou a Croácia da Yoguslávia há dois anos atrás , é hoje um agente da policia de Zagreb. Com uma família estruturada, com bom emprego, mas sabedor que as guerras continuarão nos Balcãs , trata principalmente da proteção de sua mulher e filhos. Casado há 17 anos com Serena, saíram da confortável vida em Belgrado, para viverem em sua nova e sonhada patria. A Croacia. Hoje, apesar das profundas cicatrízes causadas pela guerra, criam Davor 13 , e Valendska 15, com uma certa tranquilidade. Sonhos e projetos deixados em Belgrado, dificilmente serão realizados, mas a nova expectativa de vida os encorajam a começar de novo.
A noite fria é acolhedora para um jantar em família. Comem , enquanto conversam descontraidamente. Serena fala sobre seu dia, os afazeres , Davor conta coisas da sua escola, e o pai sempre sorridente e em tom de aprovação mantem a conversa suave. Só Valendska se mostra um pouco inquieta, apesar do sorriso, percebe-se que não está atenta à conversa.
Enquanto Serena vai até o forno pegar a sobremesa, um bolo de fecula com tâmaras, ouve-se o chamar do telefone que fica na sala ao lado. Rapidamente, Davor se oferece para atender, porém Valendska levanta subitamente e corre em direção ao aparelho. Olhando pela porta entreaberta, Serena percebe o sorriso nos olhos da menina e o tremor das mãos segurando o aparelho. A conversa é tão baixa quanto rápida. Voltando à mesa, Valendska se apressa em dizer que era sua amiga de classe, Liza. A sobremesa será apreciada por todos, com um sorriso disfarçado da menina e com olhar curioso da mãe.
Algumas poucas horas depois, já no quarto que dividia com o irmão, Valendska olhava pro teto como quem estava tentando enxergar algo alem. Luzes apagadas, quarto apenas iluminado por um pequeno abat-jour , ela percebe , finalmente que Davor adormeceu. E ela então , como fazia todas a noites desde sua saída de Belgrado, pegava, em baixo do colchão uma foto cortada ao meio, onde só aparecia uma pessoa. Ela aproximava a foto da pouca luz , olhava por segundos apenas e colocando-a sob a lingerie entre os pequenos seios, e com a mão à protege-la, rezava uma pequena oração, que repetia até dormir.. “Senhor, proteja e me traga meu Pietr”
Pietr era um jovem de 17 anos que vivia em Belgrado, onde Valendska e ele se apaixonaram desde a infância. A mudança pra Zagreb foi mais dolorosa para ela do que seus pais imaginavam. O amor secreto , que era só porque eram jovens demais, e seus pais não aceitariam, hoje se tornara um amor quase impossível, já que Pietr era agora Sérvio e ela Croata, e hoje haviam muitas rusgas entre os dois povos. Alem disso a distancia e a falta de dinheiro dificultavam muito qualquer tipo de comunicação.
Alguns milhares de Kilometros dali, em Belgrado , Pietr tirava a foto de Valendska da carteira de bolso e escondia em cima de um pequeno armário pra nova namorada não ver.
Pietr e Valendska se apaixonaram ainda na escola. Estudavam em uma escola pública na periferia de Belgrado, ela desde o inicio dos estudos e ele chegara lá há dois anos atrás. Nas primeiras trocas de olhares já sentiram a atração mutua. O rapaz, com porte um pouco diferente dos jovens yoguslavos , tinha cabelos escuros e olhos negros. Era dócil, comunicativo e simpático a todos, atributos que o tornaram popular entre amigos. Valendska , uma menina de cabelos loiros e olhos claros, era tímida, apesar de simpática tinha poucos amigos na escola. Estudavam no mesmo andar do colégio, e aproveitavam a hora do intervalo pra conversarem. Esses eram os únicos momentos em que ficavam juntos. Ela sempre falava pra ele sobre as atividades do pai, e do medo de que um dia pudesse partir pra Zagreb. Já ele, não falava da família, nem de sua vida fora da escola. As vezes a acompanhava até a esquina de casa, porem ela nem ao menos sabia o bairro onde ele morava , e quando era questionado sobre sua vida sempre achava um jeito de se esquivar e mudar de assunto. Valendska percebera isso algumas vezes, porem não via muito problema nisso.
Porem , Pietr tinha seus motivos pra tais mistérios. Nascido filho de ciganos no leste europeu, seus pais, juntamente com uma grande comunidade, foram perseguidos e expulsos do Kosovo, e se refugiaram em um subúrbio de Belgrado. Seu pai ganha a vida em um Citroen velho que adaptou para catar papelões e materiais para reciclar pela cidade. Já sua mãe, assim como muitas mulheres, vive da quiromancia . Vivem em um Gheto cigano, juntamente com seu extenso grupo, em barracas, e são , quase que diariamente perseguidos e coagidos pela policia local, que lhes pedem propinas para manter os olhos fechados. Sofrem também com o preconceito de todo o povo que veem ciganos com certo olhar de escória e desconfiança. Ciganos povoam o imaginário da maioria das pessoas com suas lendas. Eles viveram e vivem diante de uma realidade complexa, por muitas vezes difícil de decifrar.
Desde pequenas, as meninas ciganas costumam ser prometidas em casamento. Os acertos normalmente são feitos pelos pais dos noivos, que decidem unir suas famílias.
O casamento é uma das tradições mais preservadas entre os ciganos, representa a continuidade da raça, por isso o casamento com os não ciganos, chamados Gadjê, não é permitido em hipótese alguma. Quando isso acontece a pessoa é excluída do grupo.
Diante desse fato, Pietr , apesar de apaixonado, não tinha esperanças de prosseguir com Valenska. Scalina, uma jovem cigana do mesmo Gheto, completou há pouco 14 anos, e já está pronta pra ser a noiva do rapaz. A jovem foi prometida por seus pais aos pais de Pietr, já no nascimento. O jovem sabe tambem, que mesmo se não houvesse Scalina, a tradição nômade do povo cigano dificultaria muito a convivência, mesmo que escondida, dos dois.
Sem saber da vida secreta de Pietr, Valendska segue acreditando que um dia ficarão juntos. Todas as noites segue o mesmo ritual de esperar uma rápida ligação, de olhar por instantes a foto, já amarelada pelo tempo e a orar por um final feliz. Cartas já não chegavam mais. Telefonemas foram ficando mais raros e curtos. Após um anos de sua mudança para Zagreb, Valendska ainda lembrava nitidamente do dia da partida. Primeiro o caminhão que encostou em sua casa as 7 da manhã para retirar o moveis. A casa vazia, onde passou toda sua vida até os quase 15 anos de vida, ecoava um sentimento de tristeza, ao menos pra ela. Seus pais e Davor pareciam festejar tal acontecimento, mas ela só conseguia pensar como seria sua vida longe de Pietr. Seu pai, havia ido ao centro de Belgrado se despedir de alguns amigos. Logo estaria lá para então partirem. Ela tinha ainda um resto de esperança que Pietr chegaria para se despedir, porem eles haviam combinado da ultima vez que se viram há dois dias atrás que não haveria uma despedida formal, pois logo estariam juntos novamente. Zlatko chegou, finalmente. Colocaram as ultimas coisas no carro e em seguida seguiram viagem. No banco de traz, ela virou sua cabeça para traz, até a imagem da casa sumir de sua visão. Ao virar-se novamente, percebe no retrovisor interno do carro, o olhar marejado de seu pai seguindo adiante. Passaram por algumas regiões de Belgrado que ainda tinham resquícios da guerra separatista, e tomaram a rodovia rumo ao norte. Pouco antes de pegarem a rodovia, o carro passou rapidamente por um Gheto de ciganos, indicou o pai. Pietr, por tras de um tapume de madeira esperava a passagem do carro, sem que Valendska o tenha percebido.
Hoje porem a realidade já era totalmente diferente. O amor continuava no peito da jovem, mas as certezas já não eram tantas em relação ao sentimento do rapaz. Mas nesse dia o sentimento por ele se aflorara mais. Era o aniversario de 18 anos dele, lembrava, e certa vez , em conversa ele disse queria ter logo os 18 anos para fazer de sua vida o que queria. Talvez fosse essa uma esperança para Valendska.
Já em Belgrado, começavam os preparativos para o casamento de Pietr e Scalina. Seria no próximo setembro, daqui há dois meses, e as famílias já pensavam nos detalhes da grande cerimonia. O jovem casal se via exporádicamente, e nunca ficavam juntos sós, já que a tradição cigana não permitia tal fato. É pelo casamento que os ciganos entram no mundo dos adultos. Os noivos não podem ter nenhum tipo de intimidade antes do casamento. Quando o casamento acontece, durante três dias e três noites, os noivos ficam separados dando atenção aos convidados, somente na terceira noite é que podem ficar pela primeira vez a sós.
Pietr não está ansioso pora tal data, ao contrario, parece cada vez mais triste. Seus pais percebem isso, e tentam convencer o rapaz a todo instante que esse será o melhor caminho para ele. Já Scalina, se mostra feliz com a chegada do casamento, não por estar exatamente apaixonada, mas por cumprir uma etapa de sua vida importante e pela segurança e liberdade que isso lhe trará.
Chegado o grande momento, toda a comunidade unida embaixo de uma grande tenda, festeja em uma grandiosa cerimonia o casamento de Pietr e Scalina. Muita comida, muita musica e alegria duram um dia e uma noite inteira nesse 23 de setembro.Durante ainda mais dois dias, chegarão de outros Ghetos, mais convidados e mais festa haverá. Pietr e Scalina dançam à exaustão, sempre sorrindo e felizes. O clima de festa parece embriagar os sentimentos do rapaz.
Findo os três dias de festa, finalmente o casal fica a sós pela primeira vez. A noiva deve comprovar a virgindade através da mancha de sangue do lençol que é mostrada a todos no dia seguinte. Só assim o casamento é considerado valido. Caso a noiva não seja virgem, ela pode ser devolvida para os pais e esses terão que pagar uma indenização para os pais do noivo.
Pietr então carrega a noiva até a tenda que será dos dois. Ele a despe, e fica deslumbrado com a beleza do jovem corpo da mulher, ate então recoberto por longas e largas saias. Ele então a toma em seus braços e iniciam uma noite de amor inesquecível, até que, enfim, adormecem no meio da madrugada. Ao amanhecer, Pietr sai da tenda e se dirige a torneira para lavar o rosto e molhar a cabeça. Do lado de fora, impacientes, parentes dele e dela o esperam com olhares curiosos. Ele então se lembra, retorna a tenda e retira o lençol da cama. Leva até a porta e o abre, mostrando assim a todos a mancha de sangue exposta ao meio dele. Todos comemoram, gritos de alegria se ouve por todo o Gheto. Minutos depois, Scalina sai da tenda. Ela se veste, agora, com uma roupa tradicional colorida e um lenço na cabeça, simbolizando que é uma mulher casada.
Nesse dia, Valendska, sem saber de nada, se inscrevia, para surpresa de seus pais, em um curso de oceanografia. A súbita e inexplicável paixão por oceanos tinha uma razão só conhecida por ela. Só existia uma escola desse curso na já quase ex-Ioguslavia...e ela ficava em Belgrado.....Apesar do clima desconfortavel criado em casa pela sua escolha, Valendska continua firme no propósito de ir a Belgrado prestar o exame e se aprovada ficar por lá. Zlatko e Serena temiam por sua segurança, já que a cidade se tornara perigosa nos ultimos anos. Apesar de ainda terem esperança de desiludir a menina dessa ideia, já haviam alinhavado com uma tia de Serena, que continuava a morar em Belgrado, a estadia da garota em sua casa. Já era dezembro e o inverno rigoroso do leste europeu deixava as ruas de Zagreb com palmos de neve. O natal se aproximava, e logo após isso, em janeiro a menina partiria.
Ja havia quatro meses sem sequer um telefonema de Pietr. Na ultima vez que ligou, avisou que iria demorar, pois o pai estava desempregado e não haveria dinheiro pra ligações, que eram muito caras. Apenas uma carta, com poucas linhas, foi lhe entregue, avisando que estava tudo bem. Valenska estava incomodada com a situação, mas sabia que janeiro já chegaria.
O natal na casa não foi dos mais animados. Somente a família comemorou com uma ceia simples porem farta. Musicas natalinas foram cantadas ao redor da arvore e Valendska ganhou um pullouver feito pela própria mãe.
Terminada a ceia e as historias natalinas, se recolheram a seus quartos. Quando Davor adormeceu, ela põe as mãos embaixo do colchão,a procura da foto de Pietr. Procura, mas não acha... ela se levanta e na escuridão levanta o colchão, põe o abat jour mais perto e não encontra nada. A foto sumira. A única forma de estar perto de Pietr, sumira. Ela se recosta no travesseiro, e chorando fica ali até pegar no sono já quase no amanhecer.
Ao acordar, pela manhã, mais tarde que o normal, chega a cozinha e só Serena a espera para o café. Zlatko e Davor sairam para brincar na neve. Ela em silencio, se senta a mesa, sob olhares de Serena, que nota suas olheiras, mas não diz nada e lhe serve o café na xicara já posta à mesa. Envolvida em pensamentos longínquos ela demora a empunhar a xícara e levar a boca, enquanto Serena observa. Ela finalmente faz o movimento, toma um gole da bebida quente, e se põe pensativa novamente. Toma mais um longo gole e ao colocar a xícara novamente no pires em cima da mesa, ela leva um choque ao ver embaixo dele a foto de Pietr. Numa reação assustada ela olha para a mãe que já esta em pé e de braços abertos, aguardando finalmente o desabafo de sua filha. As duas se abraçam sem nenhuma palavra. Tudo agora estava entendido, conclui Serena, sabiamente. Ficam ali durante momentos que pareceram durar muito, chorando e se acariciando. Valendska tinha agora a amiga que nunca achou que a apoiaria, e estava bem ali … Sua mãe seria a eterna companheira a partir disso.
Janeiro chegaria, e a luta agora seria das duas.
Naquele 20 de janeiro de 1997, Serena e Valendska desembarcam na estação ferroviária de Belgrado. A viagem fora cansativa, sob uma nevasca que fez com que o trem andasse muito lentamente, ocasionando cerca de três horas de atraso. Na estação, Yelena , sua tia, as esperava sob a proteção de um grosso e enorme sobretudo, cachecol e um gorro de lã. Elas vão então até a casa de Yelena, que fica num bairro periférico do outro lado da cidade. Durante o caminho, enquanto Serena e Yelena conversam no banco da frente do automovel, Valendska olha as paisagens de uma cidade que lhe parece estranha agora. Alguns edifìcios foram levantados, novas ruas foram abertas, algumas construções estavam em andamento. Ao entrar em uma via que dá acesso ao centro, ela percebe um vasto terreno vazio, cheio de entulhos e lixo, porem cercado por tapumes de zinco. Não se lembrara o que seria aquele terreno antes, mas o cenário era de abandono. O carro continua seu trajeto, passa pela casa de alguns amigos que se lembrava, pela igreja que frequentavam e pela escola. Seus olhos se enchem de saudades e ela esboça um suave sorriso, que é observado pelo olhar sempre atento de Serena.
A casa de Yelena era grande, porem não estava muito bem conservada. Desde a morte do marido, e sem filhos, vivia apenas da renda dos benefícios deixado por ele. Mas era confortável o suficiente para abriga-las. Serena não contara nada a Zlatko sobre a verdadeira ida a Belgrado. Apenas disse que se sentiria mais segura estando ao lado da menina, no que foi prontamente correspondida pelo marido. Durante esse tempo, até o exame, ele ficaria com Davos em Zagreb.
Quando se instalaram na casa, após colocarem roupas mais confortáveis, Yelena acende o aquecedor a gaz e elas vão até a cozinha, tomar um chocolate quente e comer alguns biscoitos feitos pela senhora. Falam do proposito da viagem de Valendska, e da esperança da menina em estudar em Belgrado novamente. Depois de minutos de conversa, Valendska se retira, e sentando em um sofá na sala, liga a TV , enquanto a mãe e a tia ficam na cozinha conversando. Em tom de voz mais baixo, Serena começa então a contar a verdadeira estória de sua ida para acompanhar a menina. Ela pede então ajuda para tentar descobrir ao certo quem era o rapaz, que ela tinha somente a foto e o primeiro nome. Valendska, na sala, olha a TV despreocupadamente, assistindo o jornal matinal da rede estatal. A reportagem que passava era sobre a mobilização de policiais federais que acompanhavam um grande grupo de ciganos provenientes do Kosovo, e que foram expulsos de Belgrado, até a fronteira do pais com a Romênia,
que por acordo politico, os abrigaria dali em diante. Sem dar muita atenção, só lhe chamou a atenção a quantidade de crianças que haviam entre eles, que caminhavam na neve escoltados pelos soldados Sèrvios.
Na manhã seguinte, cm a desculpa de irem as compras, Yelena e Serena vão até a antiga escola de Valendska. Elas se apresentam na secretaria, e tentam informações sobre o rapaz, o que lhes é negado pela secretaria. Ela observa que tais informações só poderia ser dada pela diretora, e que ela só chega mais tarde, pois ainda não há aulas, somente plantão. Elas então se sentam e passam a esperar pela mulher. Valendska acorda e liga para uma antiga amiga, e marcam um almoço na casa da menina para matar saudades.
Esperaram sentadas até as 10 horas, quando uma senhora loira aparentando mais de sessenta anos entrou pela recepção. A recepcionista entrega-lhe alguns papeis, e olhando disfarçadamente para as mulheres, cochicha algo pra senhora, que olha e se dirige a elas, se apresentando como Martha Rudic, diretora. Serena então, fala com a mulher, que a principio lhe nega qualquer tipo de informação, por ser confidencial da escola. Ela volta a insistir, e cita Valendska, sua filha, e o porque da procura. Martha então lembra-se da antiga aluna, ainda quando era professora. Valendska tinha sido uma aluna exemplar durante os tres anos que foi da turma da então professora Martha. Ela se dirige então ao armário onde ficam os ficharios de alunos. Vários Pietr estão catalogados, e a foto do rapaz poderia ajudar. Ela observa atentamente a foto entregue por Serena, e traz uma pasta que mostra a ela. Era uma foto do rapaz um pouco mais novo e com cabelos mais curtos, mas sem duvidas era o Pietr que procuravam. Tratava-se de Pietr Hazimovic , albanês que veio de uma escola do Kosovo. Tinha hoje 18 anos, e sua matricula fora cancelada conforme um documento do governo de Belgrado, por mudança de endereço, e disponibilizando assim sua vaga para outro aluno. Se despedem, Serena agradece a gentileza de Martha. Ao sair Yelena se mostrava feliz, pois albaneses não eram bem vistos pela comunidade servia. Ja Serena, estava preocupada como dizer isso a Valendska.
Valendska chega a casa da amiga Slavice, com quem combinara o almoço. Elas conversam, falam sobre amenidades, olham velhas fotos da turma, e se divertem muito durante esse tempo. Elas almoçam, acompanhadas da mãe e dos irmãos de Slavice e depois ficam na sala por um tempo, conversando. Valendska então faz referencia a Pietr, entre vários outros rapazes, peguntando o paradeiro deles. A amiga diz que por não ter tanta amizade com o rapaz, não sabia da vida do rapaz durante as férias. Notando o interesse de Valendska pelo paradeiro do rapaz, Slavice entende o que se passa, e propõe uma ligação a um amigo em comum que convivia muito com Pietr. Zlotan, atende ao fone de Slavice e responde despreocupadamente que Pietr havia mudado da cidade pouco antes do natal, que ele passara na casa dele somente pra se despedir. Não havia porem, citado o lugar que iria morar. Slavice recebe a noticia sem falar muito, sem comentar , o que é notado por Valendska. Ao desligar o fone, ela olha pra amiga como quem já soubesse que algo estava errado. Slavice dá a noticia da mudança repentina do rapaz. O mundo cai sobre a cabeça de Valendska. Ela mal se despede da amiga, e aos prantos volta para casa.
Serena aguarda em casa aflita o retorno da filha, sem saber ainda como dizer a filha o que tinha descoberto. Não seria mais necessário.. Valendska chega, olha pra mãe, vai ao quarto e sai momentos depois com as malas feitas. Nesse mesmo dia voltariam a Zagreb.
Naquela manhã, ao retirar a grossa camada de neve que se formara no jardim da casa, Zlatko achara uma carta endereçada a filha, que guardara para lhe entregar na volta.
Ao saber da decisão da filha de voltar pra casa, Serena liga ao marido e lhe explica, com poucos detalhes a situação e o porque da volta repentina. Zlatko então , resolve abrir a carta e ver o conteúdo, sem o conhecimento de Serena. Ele sente-se aliviado por Valendska não ter lido.
Belgrado nunca mais veria Valendska....
A carta de despedida e explicações do cigano albanês, casado recentemente, nunca seria entregue e nem citada à filha e a esposa.