Eu sou uma mulher normal

Apesar da inconstância em várias situações, considero-me uma mulher normal.

Nascí de um grande desejo de meus pais, já que o seu primeiro filho não sobreviveu logo após o nascimento. Data do meu nascimento? Mesmo dia, hora e dia da semana de minha mãe. Minha vó complementava que os dois dias estavam chuvosos.

Fui extremamente feliz na adolescência e granjeei amigos por toda parte. Tive inúmeros amigos correspondentes e, na época, comecei a dar os meus primeiros suspiros toda vez que a caneta era colocada em frente ao papel toda vez que escrevia ou respondia uma carta para eles.

Saí de casa, fui ao mundo, trabalhei, me realizei, sonhei, tive que desfazer alguns sonhos, casei-separei, casei-separei novamente e assim fui caminhando em busca da minha felicidade, sem medo. Medo eu sempre tive de não ser feliz.

Busquei em vários cantos do meu cotidiano atividades diferentes para contrabalancear a vida tumultuada e corrida que sempre tive e, justamente essas atividades são as que me acompanham até hoje.

Nunca tive bichos, somente um peixinho beta que foi meu parceiro por dois anos, tempo recorde de vida para a sua espécie.

Não tive filhos, mas tenho filhos de amigos que são meus filhos de carinho.

Sinto falta de muitas pessoas, de ocasiões que não se apagaram com o tempo, mas não me arrependo de nada.

Minha vida tomou um rumo diferente e nele estou juntando alguns cacos e compondo um belo mosaico para que, na velhice, eu o coloque na parede como símbolo daquilo que transpuz, por necessidade. Quero vê-lo brilhando, estampando uma parede branca como único adorno a ser curtido por mim.

Não tenho medo do tempo. Sei que ele é transcorre manso e já provou-me que eu não sei nada mas, apesar disso, sou normal. Arrogância falar o contrário.

Tenho medo sim é da violência, intolerância, indiferença e tantas outras coisas que estão guiando muitos homens neste mundo louco.

Hoje tenho dois cachorros que amo, continuo com os meus dias agitados mas o coração já não mais padece. Trabalho, escrevo, planto, rego minhas plantas, canto e faço minhas artes. Além disso ainda amo, amo muito.

Rosalva
Enviado por Rosalva em 06/09/2014
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