A busca da felicidade
Virginiana, com ascendente em escorpião e lua em leão. Uma profusão. Esta sou eu! Mulher cautelosa, adepta ao planejamento de tudo e, por vezes, extremamente chata. Essas características sempre foram ambíguas pois, em se tratando da minha carreira profissional, renderam bons frutos. Projetos eram finalizados no tempo determinado e processos revistos no tempo certo. Também tinha grande habilidade na formação de equipes produtivas e motivadas mas, em contrapartida, na vida pessoal algo sempre me trancava toda vez que me interessava por alguém.
Tive muitos namorados, de todos os tipos, cores e idades. Todos, sem exceção, acrescentaram alguma coisa na minha vida e o término, na grande maioria das vezes, se deu pela minha intolerância à atitudes diversas ao que eu considerava corretas. Na verdade eram “homens passageiros”. Eu sabia disso. Até que encontrei, na época, “o homem da minha vida”, aquele que reunia todas as qualidades que me eram caras. Namoramos um ano. Relação de amor, cumplicidade e respeito até que um dia eu percebí que os nossos encontros foram ficando frios, com ausência de diálogo e sem planos. Acabamos nos afastando na primavera de 2005, sem exposição de muitos motivos.
Sofrí, tentei mudar inúmeras coisas na minha vida, tive dois outros relacionamentos mas Pedro ainda flanava no meu coração.
Como o tempo é professor, aprendí o real motivo do nosso afastamento. Na época eu havia mudado de emprego e buscava, sem medida, galgar reconhecimento profissional e, em paralelo, conseguir um bom aumento de salário que auxiliasse Pedro na construção do nosso futuro. Resultado? Esquecí da relação, do carinho, do aconchego.
Dois anos se passaram e, num final de semana qualquer, decidí ir à praia sozinha. Por lá passeei por inúmeros lugares até que, chegando à beira da lagoa que desemboca no mar, avistei Pedro pescando, sozinho. Num ímpeto, parei o carro e o abordei. Um longo abraço e uma tarde maravilhosa nos envolveram por completo.
Aquela atitude me rendeu um marido, uma vida feliz no meio de um certo caos. Sim, eu e Pedro trabalhamos em cidades distintas e nos vemos somente aos finais de semana. Além disso, ele ama futebol e eu ler, ele gosta do mato e eu do asfalto. Tantas coisas que não se encaixam no meu perfil de “mulher certinha” mas que, com o tempo e a saudade, passaram a ser entendidas que o bom da vida está mesmo no “aqui e agora”.
E, para coroar, na semana passada descobrí que estou grávida do primeiro filho.