Jennifer - Jonas
Jennifer acordou num lugar escuro. Não sabia onde estava e não sabia como sair dali. Estava com os pés e mãos presos por cordas a uma cadeira. Sentia um pedaço de corda entre seus dentes. Sentia frio. Estava completamente nua. Sentia algo escorrendo por seu corpo. Sangue. Ainda quente. Quando se deu conta do sangue, automaticamente sentiu dor. Seu corpo estava inteiramente cortado, como se tivesse se deitado numa cama de vidro.
Olhava devagar e calmamente para os lados, sentindo algo pontudo ao redor de seu pescoço. Não enxergava nada. Absolutamente escuro, tudo estava um breu.
- Como está minha princesa? – ouviu uma voz masculina. Sentiu alguém retirando a corda da sua boca.
- Onde estou? – perguntou, com a voz baixa e calma.
- Num galpão.
- Que galpão?
- Importa?
- Importa.
- Não interessa.
Viu a sombra do homem movendo-se para o canto esquerdo do galpão. Um lampião acendeu-se. Viu o homem indo para o lado direito. Outro lampião.
- Gosto da luz de lampiões, apesar das lâmpadas.
Jennifer olhou para os lados. Viu uma cama de metal ligada a alguns aparelhos. Uma cadeira, também de metal, com pontas. Uma mesa cheia de utensílios que ela conhecia muito bem – agulhas, bisturis, pregos, martelos e maçaricos de todos os tamanhos – e uma bacia de vidro com água. Havia também uma caixa, que parecia mais um caixão, com pontas do lado de dentro. Jennifer achou graça. O cara gostava de História.
- Quem é você? – Jennifer perguntou.
- Não lembra de mim, princesa?
- Não sou uma princesa. Pare de me chamar assim. – falou, com os dentes travados.
O homem foi até ela e deu-lhe um tapa no rosto.
- Eu te chamo como quiser. Você é minha putinha. Você está presa. – colocou um espelho na frente de Jennifer – Vê isso? É um garfo medieval. Se você baixar o seu pescoço só um centímetro… Você morre.
- Percebo.
- Ótimo. – deu uns passos para trás e sentou-se na frente de Jennifer.
- Quem é você? – perguntou novamente.
- Você quer a história na íntegra ou prefere um resumo?
- Resumo.
- Você saiu do seu hotel, comprou drogas comigo, saímos para dar uma volta no seu carro, você dirigia rápido. Sugeri virmos para minha casa, – esticou e girou o braço – ou seja, este galpão. Você veio. Transamos a noite inteira. Você não conseguia dormir. Conversamos a noite inteira sobre temas chatos e variados. Você disse que gostava de História. Eu te disse que gostava mais. Você não acreditou. Te mostrei a parte de baixo da minha casa, – esticou e girou o braço novamente – ou seja, isso aqui. Peguei você pelo pescoço e fiz você cheirar um doce lenço com éter. Você caiu na hora. Te amarrei e coloquei este lindo garfo medieval na sua garganta.
- Por quê?
- Por que você é uma vagabunda.
- Você nem me conhece.
- Não faz diferença. Toda mulher é vagabunda.
- Nisso você tem razão.
- Tenho. Enfim. Vou te matar. Logo.
- E os cortes? Sinto o sangue escorrendo.
- Ah, sim, os cortes. Achei que seria divertido te deitar ali – apontou para o caixão.
- Um caixão?
- Sim. Eu tirei as pontas – elas te matariam – e coloquei uma base de madeira com vidros cortados. Se você pudesse se mexer, diria para colocar a mão na sua barriga. Cheia de cacos de vidro.
- Legal.
- Legal? – perguntou, surpreso.
- Sim, legal. Nunca tinha pensado nisso. Eu prefiro arrancar olhos.
O homem fez silêncio. Começou a avaliar Jennifer. Analisou-a de cima a baixo. Ela não tinha cara de quem já arrancou olhos de alguém. Levantou-se calmamente e andou até um armarinho com alguns potes de vidro. Pegou um. Aproximou-se de Jennifer.
- Olhos como estes aqui? – perguntou.
- Sim, exatamente como estes. Mas estes olhos… São bonitos. – o pote estava cheio de olhos, de todas as cores, de todos os tamanhos, alguns já apagados, outros ainda frescos. – Prefiro os olhos vazios.
- Vazios?
- Sim.
Jennifer fixou o olhar nos olhos do homem. Ele estava em dúvida. Enquanto conversavam, Jennifer conseguira soltar a corda de um dos pés e já estava quase soltando a corda da mão direita. Tinha que distraí-lo um pouco mais.
- Mas então. Como você vai me matar? – perguntou Jennifer.
- Ali, naquela cama de metal. Vê que está ligada a alguns aparelhos? Eles geram eletricidade. Vou eletrocutar você.
- Não me parece tão medieval quanto este garfo na minha garganta. – provocou.
- Você tem razão. Prefere a cadeira? Assim que você se sentar, sua bunda magra e suas pernas serão furadas e você sangrará até a morte. – perguntou, com ar de mestre.
- Me parece muito convidativo. Mas não vai rolar. – puxou a corda já fraca da mão direita e deu um soco na boca do homem, que soltou o pote de olhos e deixou-o cair no chão, quebrando o pote e fazendo os olhos rolarem, como bolinhas de gude.
Livrou-se rapidamente do garfo em sua garganta, puxando-o com força para baixo, depois soltou sua outra mão e seu outro pé. Tentou levantar-se da cadeira, mas estava presa por um cinto de couro. Não sentia esse cinto, talvez porque ele tivesse pontas de madeira que, por sua vez, estavam fincadas na cintura de Jennifer. Como ela não havia mexido a cintura ainda, não sentia as pontas. “Esse cara é esperto”, pensou Jennifer.
O homem levantou-se do chão, com a boca sangrando. “Sua vadia!”, gritou. Foi em direção de Jennifer, que lhe deu um chute no meio das pernas. Com esse chute, mexeu a cintura. A dor foi quase insuportável. Jennifer abriu o cinto, tirando ponta por ponta de dentro de seu corpo. Cada ponta tirada era um sacrifício. Jennifer não gritou, apesar das caretas. Quando se viu livre do cinto – e das pontas – levantou-se. Não conseguia andar direito. O homem estava deitado no chão, lamentando suas bolas. Olhava para ela, mas não conseguia levantar-se. Jennifer quis se certificar de que ele não levantaria. Andou pausadamente, sofrendo cada passo, até ele. Chutou-o no rosto e mais uma vez no meio das pernas e mais uma vez no rosto, acertando em cheio o nariz. Ficou inconsciente.
Jennifer arrastou-se até a mesa com os utensílios, procurando qualquer coisa que pudesse colocar ao redor da cintura. Não encontrou nada, a não ser o éter – o mesmo lenço que ele havia usado nela – e não pensou duas vezes. Molhou o lenço novamente com éter e foi até o homem. Colocou o lenço no rosto dele. Jennifer tinha que ter certeza de que ele não acordaria por algum tempo.
Com muito esforço e dor, Jennifer colocou o homem na cadeira onde outrora estava sentada. Amarrou-o com as mesmas cordas, firmemente. Deixou-o ali, inconsciente.
Subiu as escadas do galpão – ou melhor, arrastou-se, sentada, degrau por degrau – e entrou na primeira porta à direita, onde encontrou um quarto.
O quarto era nada mais, nada menos, que assustador. As paredes estavam manchadas de sangue, na cama havia sangue, em todo lugar havia sangue. Num canto do quarto havia uma pilha de roupas. Jennifer foi em direção à pilha, arrastando-se. Tudo em seu corpo doía – desde os pés até o pescoço, com as marcas do garfo salientes. Deitou-se sobre a pilha, sentiu uma tontura instantânea e deitou-se por alguns segundos. Levantou a cabeça novamente e começou a procurar alguma coisa para estancar o sangramento na cintura. Encontrou as roupas que usava na noite passada – um short e uma camiseta jeans de botão. Vestiu as roupas.
Achou uma calça jeans, tecido bem grosso. Tentou rasgar a calça, mas já não tinha forças para isso. Amarrou uma perna da calça ao redor da cintura, depois a outra. O sangramento estancaria por algum tempo.
Tentou colocar-se de pé. Suas pernas tremiam, mas confiava nas próprias pernas e deu o primeiro passo. Tremeu, parou. Deu mais um passo. Já estava mais firme. Andando aos poucos, foi em direção à escada. Segurou-se no corrimão da escada, descendo calmamente, com cuidado, cada degrau. Quando chegou ao último degrau, sentiu suas pernas mais firmes. “Agora posso tentar andar normalmente”, pensou.
Dirigiu-se ao homem sentado na cadeira. Olhou-o bem, tentando lembrar-se do que acontecera. Não conseguia pensar muito bem, resolveu pular essa parte.
Examinou um pouco a cama de metal e a cadeira ao lado dela. A cama estava ligada a alguns aparelhos, como ele havia dito. Tinha regulagem de eletricidade. Morte rápida. A cadeira, por outro lado, era cheia de estacas pontudas, também de metal. Ligada também aos aparelhos elétricos. Ambos os instrumentos de tortura tinham como finalidade a eletrocussão.
Olhou para a mesa ao lado com os utensílios familiares. Tudo perfeitamente higienizado, todos dispostos um ao lado do outro, perfeitamente organizados. “Que nojo”, foi o que Jennifer conseguiu pensar, vendo aquela mesa organizada. Mexeu nos utensílios, bagunçando-os. “Bem melhor”.
- Ahmmmm… – ouviu a voz do homem.
Caminhou em sua direção, olhando-o nos olhos.
- Olá. – Jennifer disse, sorrindo.
- Sua puta. – ele resmungou.
Jennifer deu um soco no rosto do homem.
- Você é minha puta. Hora das perguntas. Quem é você? – começou.
- Não interessa. – ele respondeu.
Jennifer andou até a mesa, ainda sentindo dor. Pegou um alicate.
- Seguinte: cada vez que você falar qualquer coisa que eu não tenha perguntado, eu arranco um dente seu. Novamente: quem é você?
- Jonas.
- Jonas de quê?
- Jonas não-te-interessa. – sorriu.
- Você pediu. – Jennifer aproximou o alicate da boca dele. – Só mais uma chance.
- Puta.
- Ok. – arrancou um dente dele.
- AHHHHHHHH! SUA PUTA!!! – Jonas gritou.
- Jonas. De. Quê? – perguntou, pausadamente.
- WILLIAMS! PUTA! – ele gritou.
- Ok, Williams. Diga-me, o que é isso tudo?
- Isso o quê?
- Isso. – apontou para tudo ao redor deles.
- Meus brinquedos. Eu brinco com as pessoas. Não posso ter um hobby?
- Ok. Por que decidiu que brincar comigo seria uma boa ideia?
- Porque você estava drogada e não calava a porra da boca. Eu queria você calada e você só sabia falar. O tempo inteiro. Eu queria te estrangular. Devia ter feito isso.
- Ok. Agora eu vou brincar com você. – arrancou mais dois dentes de Jonas. – Seus dentes são horríveis. – analisou um dos dentes. – Você escova diariamente?
Jonas olhou para Jennifer, com ódio no olhar. Jennifer riu.
- Ok, chega disso. Cadê os snacks?
- Não vou dizer.
- Vai, sim… – aproximou-se com o alicate.
- Ok, sua puta! – falou, com medo. Jennifer riu. – Ali, naquela caixinha de metal. Em cima da prateleira.
Jennifer andou até lá e pegou a caixinha. Dentro, encontrou snacks de heroína. Pegou um deles. Dispôs duas linhas grossas e cheirou – não teria tempo para injetar. No mesmo momento, sentiu-se melhor. A dor já não era mais tão intensa. Viu uma carteira de cigarros ali perto. Acendeu um com o maçarico. Voltou-se para Jonas.
- O que vou fazer com você? – perguntou, esperando uma resposta sincera. – Te mato? Apenas te torturo? Deixo você ir? Sei lá, você me furou toda. O que eu faço?
- Me mata logo, sua puta.
- Não sou puta! – bateu no rosto dele. – Que porra. Cansei.
Jennifer pegou o lenço com éter. Jamais conseguiria lutar contra ele do jeito que estava. Colocou o lenço e, assim que ele sentiu o cheiro, desmaiou. Jennifer não perdeu tempo. Começou a desamarrá-lo da cadeira para transferi-lo para o caixão.
No momento em que tirou as cordas das mãos dele, Jonas agarrou-a. Segurou-a com força pelos cabelos. Jennifer tentou se soltar, sem sucesso. Deu-lhe uma joelhada no queixo, mas nem assim ele soltou seus cabelos. Jonas deu um soco no rosto de Jennifer, que caiu no chão.
Enquanto Jennifer se recuperava, Jonas soltou-se da cadeira. Quando Jennifer levantou-se, Jonas já estava solto e vindo em sua direção.
Jennifer correu em direção à mesa com os utensílios. Conseguiu pegar um facão, mas quando apontou o facão na direção de Jonas, ele segurou seu braço, torcendo-o. Jennifer deu-lhe uma joelhada no meio das pernas e começou a correr para longe, ainda com o facão em mãos.
Descobriu um corredor, que dava entrada para várias partes do galpão, exatamente como um labirinto. Entrou num desses corredores, escondendo-se de Jonas e arrastando-se, apoiada à parede. Sentia que Jonas vinha logo atrás dela. Entrou em inúmeros corredores, escondeu-se por um tempo num deles.
Lembrou-se do episódio com Marta, onde Marta se escondeu no armário. “Normalmente sou o caçador. Hoje eu sou a caça”, pensou, ironicamente. Deu uma risada.
Ficou ali, naquele corredor. Aparentemente, Jonas não sabia onde ela estava. Tentou se acalmar. Respirou fundo. Olhou para sua cintura. A calça que havia amarrado ali estava encharcada de sangue. “Bosta”, pensou. Levantou-se dali, espiou. Saiu do corredor, tentando achar a saída daquele labirinto.
- Aí está você. – ouviu Jonas dizer.
Jennifer começou a correr, com Jonas correndo atrás dela. Jonas agarrou-a pela cintura, prendendo-a pelo pescoço.
- ME SOLTA! – Jennifer gritou.
- Shhh, cala boca, vadia. Você vai pagar.
- Me solta agora. – Jennifer escondia o facão em frente a sua barriga, Jonas não conseguia vê-lo, já que estava a segurando pelas costas.
- Se não o quê? Hahaha.
- Se não… Isso! – Jennifer golpeou-o no braço com o facão, fazendo-o soltá-la. Quando ele soltou seu pescoço, Jennifer se virou e acertou-o na barriga, com golpes fortes. – Seu filho da puta! – golpeou-o com mais força ainda, abrindo toda a barriga dele. Furou todo o seu tórax e pernas, matando-o ali.
Quando percebeu que estava morto, Jennifer puxou-o pelos pés até a saída do labirinto e colocou-o deitado na cama de metal.
Abriu o olho esquerdo de Jonas e apertou com toda a sua força, furando o olho dele com suas próprias mãos. Fez o mesmo com o olho direito. Olhou para o chão, onde estavam os outros olhos que Jonas havia mostrado para ela mais cedo. Riu. Estava fodida, furada e faminta, mas estava rindo.
Foi até a prateleira onde estavam os snacks, agora segura de que Jonas estava morto e que ela poderia se picar com calma. E assim o fez. Quando terminou, voltou-se para Jonas.
Ainda não sentia como se tivesse terminado. Ajeitou o corpo de Jonas na cama. Prendeu seus braços com as tiras de couro anexadas à cama. Voltou-se para o aparelho ao lado da cama. Apenas baixou a alavanca. Viu o corpo sem vida de Jonas ser eletrocutado. Não cansou de ver aquilo até que sentiu o cheiro de carne queimada. Quando viu a fumaça saindo do corpo de Jonas, parou. Chega.
Olhou para si mesma. Estava um caco. E com cacos. Sentia cada caco de vidro em seu corpo, com agonia. Viu as chaves de seu carro – ou melhor, do carro de seus já falecidos pais – em cima da mesa. Pegou as chaves, não pensou duas vezes. Iria para o hospital.
Chegando ao hospital, todos olharam para ela, andando calmamente, sangrando, com cacos de vidro no corpo, sangue nas mãos e cara de cansada. Dirigiu-se à recepcionista:
- Acho que preciso de uma enfermeira. – e sorriu.
A recepcionista, em choque, discou o número de um dos enfermeiros. “Por favor, Calvin, dirija-se à recepção. Tem uma moça aqui que precisa urgentemente de cuidados. Ela tem cacos de vidro e sangue por todo o corpo e, aparentemente, algo na cintura. Rápido.”
Em dois minutos havia ali um enfermeiro – Calvin – que olhava para Jennifer, boquiaberto.
- Como é que você não está morta?!?! – ele perguntou.
- Sou dura na queda. – disse Jennifer, e sorriu novamente.
- Consegue andar? – foi só o que ele disse.
- Vim andando até aqui.
- Então, me acompanhe, por favor.
Guiou-a por vários corredores bem iluminados. Entraram numa pequena sala, onde Calvin pediu que Jennifer tirasse a roupa e deitasse na maca. Jennifer fez o que Calvin pediu.
- O que aconteceu com você, mulher? – perguntou à Jennifer, enquanto olhava seu corpo todo furado.
- Um homem tentou me matar. Primeiro me drogou e me levou para sua casa, onde me estuprou. Depois me manteve cativa por dois dias. Estou faminta. Torturou-me de todas as
formas possíveis, como você pode ver. Consegui enganá-lo, flertando com ele. Quando me soltou, agredi-o e deixei-o inconsciente. Aí eu fugi e vim para cá. – Jennifer contou a história mais fácil que vinha à cabeça.
- Você não sente dor? Você está furada ao redor da cintura, tem cacos de vidro e marcas por todo o corpo. Como consegue ficar calma? – ele perguntou, boquiaberto, já estancando o sangue na cintura, que voltara a sangrar.
- Eu controlo. Dói muito, mas me controlo. Não sou chorona. Como disse, sou dura na queda. – Jennifer disse. Ela gostaria que isso fosse verdade, mas a vontade de gritar de dor era imensa.
- Ok, tudo bem. Vai ficar tudo bem, você vai se recuperar logo… – ele disse, trabalhando nos curativos na cintura.
- Sim, ficará tudo bem.
Calvin começou a retirar os cacos de vidro do corpo de Jennifer. Havia cacos em todas as partes. Pernas, joelhos, barriga, tórax, costas, coxas… Em todo lugar havia vidro. Jonas tinha trabalhado muito bem nisso, Jennifer não podia deixar de assumir que Jonas era muito bom no que fazia. Mas agora ele estava morto. Jennifer sorriu.
- O que foi? – perguntou Calvin.
- Nada. Aprecio o cuidado que você tem comigo. Muito obrigada.
- É só meu trabalho… – disse, sorrindo, envergonhado.
- Não, sério. – Jennifer pegou na mão de Calvin, que naquele momento estava sobre o tórax de Jennifer. – Obrigada. – e olhou nos olhos de Calvin.
- De nada. – disse, olhando para Jennifer. – Esse homem… Ele fez de tudo com você… Mas não machucou seu rosto, pelo menos não permanentemente. Você é bonita.
- Ele não ousaria.
- Você terá de fazer um retrato falado. À essa altura, ele deve estar longe.
- Não, não está.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Apenas tenho.
- Se eu encontrá-lo em algum lugar… Juro que vou matá-lo.
- Não… – Jennifer riu. – Não vai. Você é um bom homem. Não faria mal a ninguém.
- Faria, sim. Esse homem merece a morte.
- De fato. – e sorriu.
Jonas não machucaria mais ninguém, nunca mais. Jennifer certificara-se disto. Sorriu.
Em algum momento enquanto Calvin mexia em seu corpo, retirando os cacos de vidro, Jennifer desmaiou. Nem ela era tão forte a ponto de suportar aquela pinça, entrando cuidadosamente em sua pele e arrancando milímetros de vidro.
Acordou em um quarto branco como a neve. Viu Calvin na poltrona do quarto. Apagou.