Jennifer - Jasmine

- Olá. A Jasmine está em casa?

Jennifer parou na porta da casa de Jasmine e perguntou à sua mãe.

Havia combinado com Jasmine que sairiam para brincar assim que o sol baixasse um pouco – Jennifer não era obrigada a suportar o calor.

- Sim, está, sim. Quer subir? – a mãe de Jasmine abriu a porta, dando passagem para Jennifer.

- Obrigada, tia.

Jennifer estava agora com doze anos. De forma presumível, não deixara de odiar a cor rosa e a organização de suas coleguinhas de escola.

Sentava-se no fundo durante todas as aulas, estudando quietamente, na dela. Não falava com ninguém.

Muitos professores tentavam fazê-la sair dali do fundo, socializar com as outras meninas. Mas todas as tentativas foram vãs.

Nas aulas de Ed. Física, Jennifer sentava-se na arquibancada da quadra coberta de futebol, esperando a hora passar. Lia vários livros.

Era uma criança idosa, praticamente.

Quando seus professores forçavam-na a fazer a aula de Ed. Física, ela simplesmente encontrava algum jeito de mostrar sua frustração.

Agredindo pessoas.

Dava um chute na canela de alguém; ou um soco no estômago; chegou até mesmo a dar uma cabeçada em uma garota que usava chuteiras rosas. A menina ficou inconsciente.

A mãe de Jennifer não aguentava mais ouvir reclamações dela na escola.

“Porque a Jennifer isso” “Porque a Jennifer aquilo”. Argh, que saco.

Por muitas vezes, Jennifer levava seu soco inglês para a escola. Várias vezes usou-o.

As meninas não tentavam chegar perto dela.

Com a exceção de Jasmine.

Jasmine era uma das garotas mais queridas do universo. Trazia maçãs lindas para todos os professores, todos os dias.

Fazia todas as lições e ajudava seus colegas a fazer as suas também.

Organizava e enfeitava os porta-lápis dos professores e dava pingentes de amizade para todas as garotas “do clubinho”.

Em resumo, uma patricinha chata clamando por atenção. Jennifer, como não suporta ninguém, também não a suportava.

Mas ela era especial, tinha aquele algo mais que procurava numa vítima.

Resolveu aproximar-se, quando Jasmine convidou-a para participar do clubinho das patricinhas, dando-lhe um pingente em forma de lua.

Passaram-se um, dois, três meses – Jennifer era paciente – mas ganhou a confiança de Jasmine. Foi chamada para uma festa do pijama, a qual não pode comparecer.

Disse que ficara doente. Mentira. Ou meia mentira, talvez. Ficara doente só de pensar em várias meninas da sua idade vestindo pijamas cor-de-rosa e brincando de casinha.

Mas não podia deixar de pensar em Jasmine. Uma menina tão bonitinha, tão rosinha, tão organizadinha! Era a vítima perfeita, não é mesmo?, pensava consigo mesma.

Até que teve a ideia de chamá-la para brincar, num dia desses.

- Poderíamos sair para brincar, não acha, Jasmine?

- Claro. Mas brincar do quê? Eu não sei do que você brinca.

- Eu gosto de brincar de médico. Sempre sou a médica.

- Nunca brinquei de médico. Deve ser legal. Posso chamar as meninas?

- Não. Você é minha melhor amiga, Jasmine. – fez uma pausa dramática – Quero brincar só com você…

- Tudo bem, tudo bem. Amanhã, então, depois da aula?

- Estará muito quente. Meus equipamentos de médica podem escorregar das minhas mãos. Vamos combinar às cinco da tarde, quando o sol já se pôr.

- Tá. Onde?

- Deixa eu pensar… – não podia escolher a casa da árvore, nem o parquinho. Onde diabos ia brincar com Jasmine? – Já sei. Vamos para o outro bairro.

- Mas é longe… Minha mãe não vai deixar eu ir…

- Ela não precisa saber, sua bobinha.

- Mas…

- Sem mas. Nós vamos. Vou até sua casa e iremos juntas para lá.

- Tudo bem…

Jennifer estava realmente ansiosa. Havia preparado sua mochila para o dia de hoje. Até mesmo pegara um avental de sua mãe, para fazer papel de médica, mesmo.

Saiu de sua casa, carregando sua mochila nas costas e segurando o avental dobrado na mão.

- Jasmine. Vamos, senão ficará muito tarde.

- Tem certeza, Jenni? – de novo o apelido que ela odiava – É muito longe.

- Não é longe, sua boba. São dez minutos de caminhada, você aguenta.

E saíram, em direção ao final da rua, que conectava ao próximo bairro. O cenário perfeito.

Este bairro era mal-iluminado, sujo e desorganizado. Jennifer passava muito tempo neste bairro, conhecia-o como a palma de sua mão.

E sabia onde iria com Jasmine.

- Aqui, venha.

Uma garagem, que ela havia deixado preparada especialmente para hoje – ansiava por isso há meses – surgia.

- Jenni… Esse lugar me dá medo. Vamos embora, por favor?

- Não, Jasmine. Eu venho muito aqui. Preparei uma parte especialmente para brincarmos hoje.

- Tá… Mas não vamos ficar muito tempo, né? Só uma hora.

- Tudo bem, Jasmine. Uma hora, só. – e sorriu, disfarçadamente.

Entraram numa espécie de divisão da garagem. Nesta divisão, Jennifer acredita, havia uma espécie de sala de comando.

Por ali havia mesas, cadeiras, uma geladeira velha, uma torradeira e uma espécie de cafeteira. De tudo isso, a única coisa que não funcionava era a geladeira.

Mas Jennifer daria um jeito nisso, posteriormente.

- Venha, Jasmine. Não fique com medo. Eu brinco muito aqui.

- Com quem?

- Sozinha.

- Que estranho. Porque você nunca chamou nenhuma das meninas para brincar com você?

- Jasmine, senta aqui, em cima dessa mesa, deixa eu te explicar uma coisa. – Jasmine subiu na cadeira para alcançar a mesa. – Ok. Seguinte, Jasmine. Eu queria te falar uma coisa.

- Você tá me dando medo, Jenni.

- Não fique com medo. Sério, é coisa boba. Posso falar?

- Pode, fala.

Jennifer olhou nos olhos de Jasmine.

- Jasmine… Eu gosto de você e só de você. As outras meninas são burras demais – Jasmine arregalou os olhos e ameaçou falar; Jennifer colocou seu dedo na boca de Jasmine – Shhh, Jasmine. Me escuta, depois você fala.

- Tá…

- Elas são burras demais e você é inteligente. Você é bonita. É legal, é carinhosa. Você que quis se aproximar de mim. Eu estava perdida antes disso, lembra? Eu batia nas outras meninas. E nos meninos também.

- Lembro. É isso?

- Não, Jasmine, que droga, me escuta! – Jennifer ficou com raiva – Eu gosto de você! Assim como seu papai gosta da sua mamãe. Eu quero casar com você. Quer casar comigo?

- De brincadeira? Quero! Nós podemos brincar de casinha e…

Jennifer deu um tapa na cara de Jasmine.

- Não, sua idiota. Eu não quero brincar de casinha com você. Eu vou te rasgar no meio, agora. Hoje.

- Você está me assustando, Jenni.

- Para de me chamar de Jenni! Eu odeio esse apelido de merda. – gritou, a raiva percorrendo cada centímetro de seu corpo.

- Desculpa. Você me assusta. Quero ir embora.

- Você não vai embora.

Forçou Jasmine a deitar-se na mesa e – como já estava tudo preparado – colocou as amarras, fortes como aço, em seus pulsos.

Não usaria mordaça. Não existe ninguém neste bairro, principalmente nesta garagem.

Os mendigos? Jennifer havia dado um jeito neles. Levava roupas, comidas, dava esperanças de um mundo melhor e mais justo para eles.

Não sabe até hoje como fez isso, mas deu certo. Não questionou muito mais.

Prendeu os pés – calçando sapatilhas rosas – de Jasmine com as outras amarras.

- Aqui você pode gritar, Mine. Ninguém vai te ouvir, ninguém vai te ajudar. Eu vou cuidar de você, vou ser sua médica.

Começou a preparar coisas que não podia deixar prontas antes.

Ligou a cafeteira e despejou lá dentro um litro de óleo de cozinha, para esquentar.

Não ferver, esquentar. Se fervesse, não conseguiria tirar dali. E aí daria tudo errado.

Tirou de sua mochila pequenos objetos que pudesse precisar.

Martelo pequeno, pregos grossos, agulhas, maçarico, uma estaca pontuda. Facão, tesoura, canivete – com inúmeras funções – e uma machadinha.

Estava bem esquipada. Vestiu o avental.

- Shhhh, não vai doer.

Pegou o maçarico e, sem cuidado nenhum, queimou toda a roupa de Jasmine na lateral direita.

Jasmine precisava estar nua. Acabou queimando também um pouco da pele, mas não faria diferença.

No final, não sobraria quase nada inteiro em Jasmine.

- Vamos fazer primeiro uma sessão de acupuntura. Você sabe o que é isso? – Jasmine não respondeu – Eu te digo o que é. É um tratamento de beleza, relaxante, feito com agulhas. Eu vou furar seu corpo, de leve, com as agulhas que tenho aqui. Não vai doer, você vai ver.

Jennifer espetou a primeira agulha na barriga de Jasmine. Claro que não foi de leve. Jasmine gritou. Enfiou as outras agulhas, em forma de triângulo, na barriga de Jasmine.

Jasmine gritava muito. Jennifer estava de saco cheio.

- Caralho. Quando eu tinha nove anos fiz coisa pior com uma menina. Ela não gritou. – pensou um pouco – Aliás, gritou, sim. Quando arranquei seus olhos, ela gritou. Mas ela estava amordaçada.

Jennifer foi até sua bolsa, pegou uma mordaça com uma bolinha do tamanho de uma bola de ping-pong, e passou ao redor da cabeça de Jasmine.

Seu plano de não usar mordaças deu errado. Bom, que seja, pensou. Vou vê-la se contorcer, isso será bom o suficiente.

- Pronto, agora está melhor. Vou deixar frouxa, quero ouvir você me responder quando eu falar com você.

Pegou o maçarico novamente e queimou toda a parte de dentro do triângulo feito com as agulhas. Jasmine chorava, chorava muito, tentava gritar, mas eram apenas sons abafados.

Caminhando calmamente até a outra mesa, pegou o canivete. Começou a cutucar por baixo das unhas de Jasmine. Cutucava de leve, no início, para sentir a ponta furando a carne.

Depois, enfiava todo o canivete por baixo da unha, chegando a furar até a metade do dedo.

A cafeteira começou a apitar quando Jennifer estava quase acabando com as unhas.

Foi até a cafeteira, enrolou um pano na mão e pegou o pequeno jarro de vidro, estalando. Quente, muito quente. Como deveria estar.

Derramou, aos poucos, o óleo quente sobre todo o corpo de Jasmine, tomando cuidado para não atingir a virilha.

Nesta hora, Jennifer tirou a mordaça de Jasmine. “Agora eu quero, preciso, ouvir essa patricinha gritar” e, de fato, ouviu.

Jasmine gritava o mais alto que podia, com todas as suas forças.

Jennifer deliciou-se. Esses gritos eram mais reais que as maçãs que Jasmine levava aos professores.

- Assim que eu gosto de você. Sincera. Porque você tenta agradar todo mundo?

- Para, por favor! Por favor!

- Não vou parar. Ainda tem mais.

Olhou para a estaca em cima da outra mesa. Sim, usaria aquilo. Pegou-a e olhou para Jasmine.

- Sabe o que vou fazer com isso?

- Não, por favor, não…

- Sim, por favor. Sim.

Abriu as pernas de Jasmine e enfiou, com toda a sua força, a grossa estaca pontuda na vagina de Jasmine.

O grito que ela deu foi tão gutural que Jennifer acreditou que ela teria capacidade para ingressar numa banda de rock. Se sobrevivesse.

Jennifer continuou enfiando aquela estaca, com força. Coloca, tira, coloca, tira. Fez o movimento sete vezes. Sete é um bom número.

Pesou o facão em suas mãos, como já havia feito várias vezes antes.

Aproximou-o da boca de Jasmine, fazendo um corte superficial. Superficial como Jasmine.

- Dói?

- Dói. Para, por favor, eu não aguento mais!

- Foda-se. Ainda não terminei com você.

Enfiou a ponta do facão do nariz de Jasmine, cortando-o e fazendo-o sangrar.

- Olha, agora você pode colocar o piercing que você queria. Já tem o furo. – pensou melhor. – Desculpa. Não queria dizer isso. Vou colocar esse piercing para você. Trabalho mal-feito não é comigo.

Pegou um dos grossos pregos e o martelo que trouxera e posicionou no nariz de Jasmine. Furou. Enfiou o prego até a cabeça.

- Pronto, agora você de fato tem esse piercing. Ficou lindo! – e sorriu.

Com a tesoura, fez um corte de cabelo muito estiloso em Jasmine. Irregular, desorganizado. Ela seria estilosa.

Agora teria o visual completo para ingressar numa banda de rock. Piercing no nariz, corte de cabelo da moda, não era mais virgem e gritava muito bem.

“Faria sucesso”, pensou. E riu, riu alto. Jasmine gritava e chorava. Jennifer ainda não acabara.

Agora chegara a melhor parte. Todas as partes são boas, mas essa é a melhor. É quando Jennifer realmente sente prazer.

Com o canivete, cortou as pálpebras de Jasmine. Sem medir, sem pensar duas vezes. Nem sequer estava no plano. Mas cortou. Ficou legal, muito bonito mesmo.

Abriu bem os olhos de Jasmine e despejou o restante do óleo quente ali. Seus olhos imediatamente murcharam. Jasmine estava morta quando Jennifer foi para o olho esquerdo.

Mas continuou. Não podia deixar um olho murcho e outro intacto.

Para finalizar, pegou a machadinha. Deu um, dois, três golpes bem posicionados no crânio daquela mimada.

Ela nunca mais levaria maçãs para os professores.

Nunca mais estaria nas festas do pijama do clube das mimadas.

Jamais apareceria em casa novamente.

Um projeto de puta a menos no mundo, pensava Jennifer.

Hoje estava particularmente contente. Havia usado todas as suas ferramentas.

Saiu da garagem com suas roupas e mãos limpas, com a mochila nas costas.

Chegou em casa, colocou um dos seus discos preferidos – Waiting For The Sun, da magnífica The Doors – e deitou-se.

Ficou pensando no que comeria no jantar. Será que haveria macarronada ou dessa vez sua mãe faria feijoada?

Ela torcia pela macarronada.

Tammie
Enviado por Tammie em 11/07/2014
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