Mágoas.. e vergonhas proeminentes
- ... E não há nada mais vazio que viver de brisa!!
Pensou e pensou e pensou e pensou na mágoa... na verdade na angústia de não saber. Oras, e podia ser uma mágoa infundada? Podia sim, ué...
Pensou na fonte de todos os problemas aglomerados, sem obter respostas racionais. E ser recional pra quê, naquele instante? Era tanta gente.. tanta confusão acumulada, tantas confissões a fazer... Mas os dedos! estavam inchados!!! Acordaram inchados, inchados como o peito, de dores, e dúvidas, e incertezas....
Sentiu-se culpada por ignorá-lo, talvez... e pensou que a maior forma de afastar um amor é se declarar pra ele.. porque os homens são frágeis, dentro.. e não sabem ouvir elogios e amores declarados... Sentem-se tímidos.
Tá certo, foi um exagero. Não devia ter sido tão efusiva... Mas se gostava, ora?!? Devia esconder de quem? Dele próprio, ou dela mesma? Danem-se as convenções, dane-se ele! pensou chateada. Deixou uma lágrima vacilante cair, não mais que por um segundo, que não era mulher de chorar à toa...
E começou a conjecturar... será que o presente chegou? ou será que o passado estava de volta? E nesse instante releu todas as cartas e conversas vazias e cheias de sentimentos que acumulara por todos aqueles anos seguidos pelos dois... o moreno, O insensível. Os opostos que se completavam, o menino-completude. O músico, o verso, o professor de português, o poeta, o peão de rodeio, ah, tantos!
Sentiu vergonha de todas as suas frivolidades de adolescente de 17 anos. Sentiu vergonha da mulher de 23, e da mulher de 40 que planejava ser. Sentiu vergonha de todos os pensamentos sem provas, de todas as conclusões precipitadas, ds atitudes egoístas, dos medos dos medos... e sentiu vergonha do seu fracasso..e da não ligação de sua tristeza a ele.
A vergonha apoderou-se de um pedaço antigo, que nem merecia ser lembrado. Mas a vergonha foi tomando, tomando, lembrando de tantos fatos apagados...