VENTO DO SUL, NÃO RESPEITOU AQUELE HOMEM
O vento soprava a areia fina da estrada.
As árvores de guatambu abanavam seus ramos para todos os lados.
Estrada velha no alto da montanha. Montanha alta dos Sul das Gerais.
Vento forte vindo do sul e que não sei para onde vai.
Só sei dos passos firmes daquele homem de chapéu que caminhava no vento.
Ele caminhava decidido, contando rapidamente os mourões da beira do caminho.
Caminho longo, cheio de areias que levantavam com o vento.
Caminho longo que representava uma vida longa que ele carregava.
Grãos de areia que subiam aos olhos, Grãos de vida que se manifestavam em cada mourão.
Mas somente o vento varria por todo canto daquele estradão, enquanto aquele homem caminhava contando mourões na mesma direção.
Quando o passo foi interrompido por um tropeço, a queda não ocorreu, e os passos se tornaram mais firmes e melhores e não deixaram aquele cidadão ir ao chão.
Ah! vento forte que varria a vida de muita gente.
Ah! vento bem moleque que ainda não sabia ler a história daquele homem que você estava a tocar.
Ah! Vento amigo que ia tocando a folhas secas e as crinas dos cavalos nas campinas.
Acredito que o vento veio de longe, lá das bandas do mar.
O mesmo vento que tocou as ondas para praia que um dia vi se enrolar.
Meu amigo vento, vou lhe dizer agora: Aquele homem que andava com passos firmes enquanto você soprava suas canelas era meu pai.
Aquele homem que segurava o chapéu quando você o tocava, queria que você se acalmasse por respeito à sua história.
É isso aí!
Acácio Nunes