Mulher ...

Eu resolvi entender o que se passava em meu corpo. Abri o armário do quarto, tirei toda a roupa e me olhei no espelho. Era o corpo de uma mulher madura, com as cicatrizes de gestações, do tempo, da vida. O tempo passou. Mas nada disso me incomodava. Eu somente desejava saber o motivo de somente agora eu me sentir mulher, sentir prazer em ser mulher.

Fui jovem, corpo perfeito oculto por jeans, camisetas, batas, tênis. Exceto os olhos pintados de preto, tudo o mais mostrava alguém bem mais nova do que eu. Ser mignon tem suas vantagens e desvantagens.

Mas nunca me senti mulher. Eu sempre fui somente um ser pensante, um cérebro, sem coração e sem anseios femininos. Quando isso começou a mudar? Quando meu corpo começou a vibrar de forma estranha, como se houvesse algo faltando, eu não entendi. Como, aliás, nunca entendi nada da natureza do corpo, que eu sempre supri de cigarros, cafés, alguns alimentos, banhos e banhos, muitos.

O tempo passou, a maturidade chegou e, junto com ela, algo dentro de mim se tornou gritante. O que está faltando? O que ele quer de mim? Não deve ser um caixão, nem muletas, nem um tipo de doença. É um sentimento. Mas corpo sente? Corpo reflete os sentimentos, foi o que eu sempre soube.

Enfim, não vou me ater a isso. Que a vida se encarregue de resolver o que ela somente me mostrou agora. Tenho muitas coisas em que pensar e para fazer ....

E ...

... O CORPO

...

...

...

...

...

...

...

... GRITA!

Campos dos Goytacazes, 04 de abril de 2014 – 23:39 horas

Emar
Enviado por Emar em 04/04/2014
Reeditado em 02/12/2015
Código do texto: T4756757
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