BOBAGEM
Vontade inimaculada de mandar o mundo à merda! Optarei pelo jeito fácil, está complicado e isolado sofisticar. O cru é um sucesso. À merda mundo, à merda! Ela era linda pra cacete, entranha de manhã, manha de encantado bem sei, mas olhinhos de panorama. Que belezinha exclusiva. Gesticulava sem dar nos modos, trançava a vista de quem via, que coisinha humana e especial! Debaixo de uma manhã cinzenta tudo é segunda-feira, o dia mal começa e tá com jeito que não acaba. Não consigo ser brilhante o tempo todo, desaviso com um humor bestial de quem ri por trás das nuvens: toda merda desse mundo, que desaforo da moléstia! Saí de uma garrafa de vinho, vim por dentro dos vasilhames, olho opaca e deformada figura, some quando eu respiro, aparece forma nenhuma do outro lado do vidro verde. Sufoco a rolha, boto fora a mentira que só ela soube me dizer, aquele jeitinho único de me jogar na cara o quão canalha; a ofensa que eu fazia questão de escutar, ou era não estar perto dela. À merda o mundo e as suas segundas-feiras! À merda todo mundo que essa benditeira não me xingue nunca mais! Barriguinha de manha, manha de manhã – saudade, quem não faz de conta? Virava um eco repetido no mundo inteiro quando imaginava a manhã que vivemos. De fato. Tudo era verdadeiro demais para ser realidade, e era mentira que aquilo se fazia como então imaginado, como incrível, como era. Não faço além de coração se algum sonho me atende, nem quero além de sempre. Desgraçado mundo, onde está essa mulher? Desgraçado tempo que me empurrou décadas antes, e fiz-me ver falecido uns anos antes dela nascer. Saiba você que também você estará. Virá diferente de tudo o que ainda não vimos, encantando as gerações que não seremos. Eu – e você que lê. Estamos nós com vontade de mandar o mundo à merda! À merda, mundo, à merda! Estufe o peito, caro amigo, cara amiga: vá à merda, mundo! Você e essa sua imunda segunda-feira! Carregue a sua ressaca posta em mim, e coloque-me no futuro instante: traga-nos para lá ao lado dela. Estamos curiosos com o jeitinho dela, e também pelas bobagens que invento.