A DOENÇA INCURÁVEL
Os pais estavam nem aí. Era mais um filho chegando mesmo. Quem se importa? Era o quinto filho do casal. Nenhum ambiente de convivência foi preparado para proporcionar o melhor para o bebê. No canto do quarto estava o velho berço usado pelos outros irmãos antes dele. Joaldo, o pai, estava orgulhoso vendo mais um membro chegando na família Peçanha. A mãe acostumada, queria ver o filho com saúde. Era o que importava. Os irmãos encarando tudo com indiferença.
O menino nasceu. Sem festa. Nem presentes. Sem muita gente vindo visitá-lo. A família não passava por bom momento pra mandar confeccionar lembrancinhas que os pais mandam fazer quando chega o bebê. Vizinhos próximos trouxeram roupinhas simples. Todos acharam a criança “uma graça (é o que todo mundo costuma falar...)” O bebê tinha fome de leão. Chorava mais que o normal. Nos braços da mãe sentindo calor e carinho acalmava-se. Queria peito toda hora...
Eliseu Eduardo de Peçanha nasceu numa manhã de inverno.O nome foi escolhido pelo pai. Depois de longas conversas e protestos de dona Cleonice. Prevaleceu a homenagem que Joaldo quis prestar ao avô. Que foi homem sério e temido na cidade de Penalva, Maranhão. Valente político do lugar. Foi Vereador da Situação. Presidente da Câmara e depois Prefeito. Seu principal Projeto foi perfurar um poço artesiano no próprio sítio. Benefício que a população usufruía pagando uma “pequena” taxa. Sob os protestos da Oposição que achou uma Obra Faraônica. Inconstitucional.
Dona Cleonice percebeu que o menino era diferente dos demais. Tinha alguma coisa nele que ela não compreendia. Sua opinião era que tinha saúde e uma vivacidade impressionante. Logo começou a engatinhar. Apoiava-se no velho berço. Pulava. Como todo bebê possuía uma linguagem que ninguém entendia. Falava sem parar. Chamando atenção. Como tivesse fazendo discurso. Quando perceberam que o garoto tinha personalidade diferente dos outros filhos. Os pais começaram a ficar exaustos e frustrados. O menino pedia atenção e tinha. Conseguia influenciar a todos com a sua graça. Com seu jeito e considerável poder de persuasão.
Quando chegou o tempo de pré escola via-se que o garoto exercia certo domínio entre os coleguinhas. Atraía para si concentração total ou parcial da mente. Formava grupos visando perspectivas de algo. Certo dia, foi aplicado um teste vocacional realizado em todos os alunos da escola. Era uma experiência. Todas as escolas do mesmo nível estavam fazendo. Método Internacional. Inovador. De Institutos de Ensino pré escolar da Europa e Estados Unidos. Com baixíssimos índices de erro. O resultado surpreendeu o Psicólogo da escola. Os pais de Eliseu foram chamados para uma reunião com urgência.
O que ficou claro não foi uma vocação. Mas uma anomalia aparente realizada com a precisão da mais nova Metodologia Americana. O que Eliseu tinha devia estar na veia. Incorporado no seu DNA. Era com certeza hereditário. Ele, ao longo do tempo, na escola procurou exercer influências sem aceitar responsabilidades. Era além do seu tempo. Menino esperto demais para a sua idade. Um dia, câmeras da escola o flagraram pegando escondido na Secretaria a merenda dos professores e trocando com aluno por alguns sanduíches de presunto. Enfiando um no bolso e o outro na cueca.
Diagnosticado pelos médicos e com mais exames, constatou-se que Eliseu estava com a “Síndrome Politicofóbica do Desvio de Recursos Públicos e Corrupção...” O pai ficou sem saber o que fazer. Foi orientado e consolado pelos Educadores. A mãe foi amparada quando soube. Mesmo assim desmaiou. Ao acordar precisou ficar sob efeito de medicamentos. Sentiu-se péssima e aos prantos. Inconformada. A notícia espalhou-se pelo bairro. Pessoas desconhecidas vieram para oferecer ajuda. Sabiam da gravidade da enfermidade do filho. Era incurável e com efeitos colaterais. Solidariedade não faltou naquele momento de dor. Os pais , por um tempo, tiveram acompanhamento psicológico. Cleonice era mulher de fibra. Mas nunca imaginou que no futuro seu filho ia ser chamado com aquele nome que as torcidas nos estádios chamam o juiz quando apita contra seu time. Ela sempre ouviu dizer que mãe de juiz de futebol e político tem a mesma profissão. Ela não merecia isso...
Joaldo um pouco mais tranqüilo e conformado tentou consolar a esposa. A doença de Eliseu era incurável. De qualquer jeito um dia ele seria político. Mas também tinha o lado bom da coisa: A estrada da vida é cheia de adversidades e pedágios. Mas se o filho chegasse a Deputado Federal andaria de carro Oficial e com motorista. Carro Oficial não paga pedágio. Nem ia pagar combustível. Passando sinal vermelho. Andando em qualquer pista. E se a fazenda do filho fosse longe (todo político tem fazenda de gado...) De repente, podiam passar os finais de semana indo de voo fretado num learjet ou helicóptero.
E não é que o pai estava com a razão? O tempo de Eliseu Eduardo de Peçanha chegou. Cresceu. Se formou. Fez política o tempo todo. Candidatou-se. Ganhou. Foi Deputado Federal. Líder da Bancada. Foi eleito Senador da República. Foi indicado para o “Ministério dos Desvios Públicos e Falcatruas.” O filho de Eliseu era engenheiro civil. Recém formado. Com pequeno capital abriu uma empresa de Consultoria em São Paulo. (É o que está na moda em Brasília. Se fosse a opinião de um estilista iríamos ler...’É a tendência da moda...’)
Eliseu nunca foi curado da enfermidade. Mas estava feliz. Adquiriu muitos bens e imóveis. Abriu empresas de Tecnologia colocando tudo no nome dos pais, irmãos, filhos, sogro, cunhados (Por causa do Imposto de Renda). A carreira política fez tudo isso por ele. Eliseu estava rindo a toa...Era tudo o que sempre quis na vida...!
BOPE R$ 2.260,00 Para arriscar a vida;
Bombeiro R$ 960,00 Para salvar vidas;
Professor R$ 728,00 para preparar para a vida;
Médico R$ 1.260,00 para manter a vida;
E o Deputado Federal? Salário: R$ 26.700,00 para FERRAR a vida de todo mundo!
Verba aproximada que um Deputado Federal recebe por mês : R$ 120.000,00
Os pais estavam nem aí. Era mais um filho chegando mesmo. Quem se importa? Era o quinto filho do casal. Nenhum ambiente de convivência foi preparado para proporcionar o melhor para o bebê. No canto do quarto estava o velho berço usado pelos outros irmãos antes dele. Joaldo, o pai, estava orgulhoso vendo mais um membro chegando na família Peçanha. A mãe acostumada, queria ver o filho com saúde. Era o que importava. Os irmãos encarando tudo com indiferença.
O menino nasceu. Sem festa. Nem presentes. Sem muita gente vindo visitá-lo. A família não passava por bom momento pra mandar confeccionar lembrancinhas que os pais mandam fazer quando chega o bebê. Vizinhos próximos trouxeram roupinhas simples. Todos acharam a criança “uma graça (é o que todo mundo costuma falar...)” O bebê tinha fome de leão. Chorava mais que o normal. Nos braços da mãe sentindo calor e carinho acalmava-se. Queria peito toda hora...
Eliseu Eduardo de Peçanha nasceu numa manhã de inverno.O nome foi escolhido pelo pai. Depois de longas conversas e protestos de dona Cleonice. Prevaleceu a homenagem que Joaldo quis prestar ao avô. Que foi homem sério e temido na cidade de Penalva, Maranhão. Valente político do lugar. Foi Vereador da Situação. Presidente da Câmara e depois Prefeito. Seu principal Projeto foi perfurar um poço artesiano no próprio sítio. Benefício que a população usufruía pagando uma “pequena” taxa. Sob os protestos da Oposição que achou uma Obra Faraônica. Inconstitucional.
Dona Cleonice percebeu que o menino era diferente dos demais. Tinha alguma coisa nele que ela não compreendia. Sua opinião era que tinha saúde e uma vivacidade impressionante. Logo começou a engatinhar. Apoiava-se no velho berço. Pulava. Como todo bebê possuía uma linguagem que ninguém entendia. Falava sem parar. Chamando atenção. Como tivesse fazendo discurso. Quando perceberam que o garoto tinha personalidade diferente dos outros filhos. Os pais começaram a ficar exaustos e frustrados. O menino pedia atenção e tinha. Conseguia influenciar a todos com a sua graça. Com seu jeito e considerável poder de persuasão.
Quando chegou o tempo de pré escola via-se que o garoto exercia certo domínio entre os coleguinhas. Atraía para si concentração total ou parcial da mente. Formava grupos visando perspectivas de algo. Certo dia, foi aplicado um teste vocacional realizado em todos os alunos da escola. Era uma experiência. Todas as escolas do mesmo nível estavam fazendo. Método Internacional. Inovador. De Institutos de Ensino pré escolar da Europa e Estados Unidos. Com baixíssimos índices de erro. O resultado surpreendeu o Psicólogo da escola. Os pais de Eliseu foram chamados para uma reunião com urgência.
O que ficou claro não foi uma vocação. Mas uma anomalia aparente realizada com a precisão da mais nova Metodologia Americana. O que Eliseu tinha devia estar na veia. Incorporado no seu DNA. Era com certeza hereditário. Ele, ao longo do tempo, na escola procurou exercer influências sem aceitar responsabilidades. Era além do seu tempo. Menino esperto demais para a sua idade. Um dia, câmeras da escola o flagraram pegando escondido na Secretaria a merenda dos professores e trocando com aluno por alguns sanduíches de presunto. Enfiando um no bolso e o outro na cueca.
Diagnosticado pelos médicos e com mais exames, constatou-se que Eliseu estava com a “Síndrome Politicofóbica do Desvio de Recursos Públicos e Corrupção...” O pai ficou sem saber o que fazer. Foi orientado e consolado pelos Educadores. A mãe foi amparada quando soube. Mesmo assim desmaiou. Ao acordar precisou ficar sob efeito de medicamentos. Sentiu-se péssima e aos prantos. Inconformada. A notícia espalhou-se pelo bairro. Pessoas desconhecidas vieram para oferecer ajuda. Sabiam da gravidade da enfermidade do filho. Era incurável e com efeitos colaterais. Solidariedade não faltou naquele momento de dor. Os pais , por um tempo, tiveram acompanhamento psicológico. Cleonice era mulher de fibra. Mas nunca imaginou que no futuro seu filho ia ser chamado com aquele nome que as torcidas nos estádios chamam o juiz quando apita contra seu time. Ela sempre ouviu dizer que mãe de juiz de futebol e político tem a mesma profissão. Ela não merecia isso...
Joaldo um pouco mais tranqüilo e conformado tentou consolar a esposa. A doença de Eliseu era incurável. De qualquer jeito um dia ele seria político. Mas também tinha o lado bom da coisa: A estrada da vida é cheia de adversidades e pedágios. Mas se o filho chegasse a Deputado Federal andaria de carro Oficial e com motorista. Carro Oficial não paga pedágio. Nem ia pagar combustível. Passando sinal vermelho. Andando em qualquer pista. E se a fazenda do filho fosse longe (todo político tem fazenda de gado...) De repente, podiam passar os finais de semana indo de voo fretado num learjet ou helicóptero.
E não é que o pai estava com a razão? O tempo de Eliseu Eduardo de Peçanha chegou. Cresceu. Se formou. Fez política o tempo todo. Candidatou-se. Ganhou. Foi Deputado Federal. Líder da Bancada. Foi eleito Senador da República. Foi indicado para o “Ministério dos Desvios Públicos e Falcatruas.” O filho de Eliseu era engenheiro civil. Recém formado. Com pequeno capital abriu uma empresa de Consultoria em São Paulo. (É o que está na moda em Brasília. Se fosse a opinião de um estilista iríamos ler...’É a tendência da moda...’)
Eliseu nunca foi curado da enfermidade. Mas estava feliz. Adquiriu muitos bens e imóveis. Abriu empresas de Tecnologia colocando tudo no nome dos pais, irmãos, filhos, sogro, cunhados (Por causa do Imposto de Renda). A carreira política fez tudo isso por ele. Eliseu estava rindo a toa...Era tudo o que sempre quis na vida...!
BOPE R$ 2.260,00 Para arriscar a vida;
Bombeiro R$ 960,00 Para salvar vidas;
Professor R$ 728,00 para preparar para a vida;
Médico R$ 1.260,00 para manter a vida;
E o Deputado Federal? Salário: R$ 26.700,00 para FERRAR a vida de todo mundo!
Verba aproximada que um Deputado Federal recebe por mês : R$ 120.000,00