Alguém na floresta
Ao fim do dia, quando o sol deixava de dar sua luz para que a penumbra da noite se instalasse por entre as arvores, já se começava a escutar o cantar das cigarras e o “criquilhar” dos grilos. E bem longe, vindo das copas das mais altas arvores, o cantar dos pássaros da noite davam um ar de surrealidade ao ambiente.
Arvores de todos os tipos e tamanhos, cercavam o pequeno acampamento.
As galinhas, ali por perto, uniam-se e se agasalhavam umas nas outras afim de conter o frio forte da floresta.
Iluminado por apenas um fiozinho de chama vindo de uma lamparina, o pequeno acampamento parecia ainda menor. Coberto apenas por poucas telhas e sustentado por seis colunas de esteios feitos de madeira retirada das arvores que circundavam a pequena habitação. Tudo ali era feito com material extraído da própria floresta, o fogão a lenha, os pequenos bancos feitos de toras de árvore, o pote de barro feito para conservar a água vinda da pequena fonte, etc.
A preguiçosa rede amarrada nas vigas de madeira a poucos centímetros do chão, balançava ao ritmo do som da mata e do vento da noite.
La pelas tantas da noite o vento parou e a floresta parecia fazer silêncio, um ar estranho parecia tomar conta da floresta. Com os olhos fitos na chama da pequena lamparina, Nilza temeu por um instante, sentiu seu sangue gelar e um frio subir pela espinha; fechou os olhos rapidamente para tentar dormir, mas eis que veio até seus olhos como num sonho, duas figuras femininas encantadas com olhos graúdos e arregalados, tentando intimidar. Usavam coroas sustentadas por seus longos cabelos negros de índia; e com uma pele de cor morena que brilhava a luz do luar.
Era realmente uma figura encantadora e ao mesmo tempo aterrorizante.
As duas pareciam esta insatisfeitas com a presença de Nilza em sua floresta. E para ajudar a dar um tom ainda mais medonho à situação, o barulho de uma arvore que rangia e estalava parecendo mais um grito triste, aterrorizava ainda mais a assustada Nilza .
Ela cobriu-se dos pés a cabeça temendo ver ou sentir algo mais, estava com muito medo.
Enquanto tudo isso ocorria e a noite de Nilza parecia não ter fim, Nilson dormia sossegadamente numa rede a poucos centímetros dela, sem ter a mínima nossão do que acontecia, perdido em seus roncos cansados.
Nilza lutou a noite inteira, e quando menos esperava, eis que surgiu os primeiros raios de sol por de trás das copas das arvores.
E acabava de surgir mais um dia anunciado pelo canto do galo, para a salvação de Nilza que não conseguiu dormir a noite inteira.
Então, depois daquela noite, ela começou a acreditar naquelas historias que muitos dali contavam, sobre matintas pereiras e figuras femininas que apareciam para encantar os homens e afugentar mulheres.
Nilza nunca mais dormiu no meio da floresta.