Entre os colegas com quem assumi em São João dos Patos, – cumprindo-me antes dizer ter sido funcionário do Banco do Brasil, e só de lá –, estava Manuel Américo da Silva Neto. Filho de Arari, prestou concurso em São Luís, em 1964. A agência só seria inaugurada em 18 de janeiro de 1965. Teve de estagiar em Imperatriz, com Reginaldo e Osvaldo. Antônio Cláudio, Deusdeth e eu fomos para Pedreiras, alguns colegas, para outras de pendências.
Em Patos, os novatos, todos com idade de 18 a 25 anos, tratávamos os mais velhos por senhor e senhora, como era o nosso costume. Para Manuel Américo, todos eram tu e, faça-se justiça, indistintamente, de cabo a rabo. Talvez e principalmente por isso, afora o carisma, que só é reservado aos eleitos, ele conseguiu grande número de amigos. O segredo acreditava estar aí: uma intimidade que ele criava com todos, aliada àquela informalidade. Começou trabalhando na então CREAI, de que era fiscal. Quando foi anunciado em São João dos Patos que eu iria casar, disse-me, dedo em riste:
– Irei a Pedreiras nesse dia! – Habituado a suas brincadeiras, não levei a sério sua promessa. Houve o casamento, nenhuma festividade, coisa de pobre. Pois bem. À noite de 9 de fevereiro de 1967, data do casamento, recebíamos a visita de Manuel Américo, de sua noiva em São Luís e de uma senhora, que poderia vir a ser sua sogra. Américo foi transferido para Formosa. Depois para Brasília e casou por lá.
Quando pretendi transferir-me para Brasília, em 1985, foi ele quem me conseguiu a remoção Fez o que estava a seu alcance a fim de que minha permanência ali fosse das melhores. Quebrou lanças para que eu conseguisse unidade funcional. Ele e Mineu, Arcênio Mineu. Este me levava a entrevistas em departamentos, locais onde havia maranhenses de peso, mantinha contatos com amigos seus, tudo em meu favor. Américo foi o maranhense-colega com quem pude contar em Brasília. A alegada falta de unidade funcional obrigou-me a retornar após um ano. E como sempre em tudo na vida, valeu a pena.
Noite de 25 de novembro de 2001, domingo, já passada a meia-noite, sem sono, vou ao computador. Acesso a Internet, baixam dois e-mails, repetidos. De Edivaldo Lopes, ex-colega do Banco, informando: “NOTA TRISTE – Li na seção Obituário do Correio Braziliense de ontem o nome de nosso colega Manuel Américo da Silva Neto, o que muito me entristeceu.”
Entristeceu-me também, Américo. Ao menos, esforço-me em ser resistente à ingratidão. Aqui minha saudade e meu reconhecimento, a cada um a seu modo: aos que tiveram ação e aos omissos. Em algum lugar, Manuel Américo, estarás dando as tuas risadas, aprontando as tuas, contando piadas, sendo o menino que sempre foste. Ah, ia esquecendo: Mineu era piauiense.