Diálogo.

- Ela tá solteira.

- Quem? - Perguntei.

- “Ela”..

Naquele momento, senti que ele precisava pôr para fora o excesso de sentimentos acumulados dentro de si. Conversamos um pouco e, após entender toda situação, consenti-me de que estava ali justamente para isso. Para ouvi-lo. Era meu amigo e, além de ser uma obrigação, era um dever. Desde que rompi com minha palavra, tenho medo de decepcionar as pessoas novamente. Eu podia sentir a morbidez que aquelas palavras carregavam consigo. Ele sofria, assim como eu.

- Você nem sabe que ela mentiu pra mim no começo, né?

- Não.

- Quer saber da história?

- Quero.

- Bem, aconteceu em 2007..

- Faz bastante tempo.

- É.. Faz sim. Mas me lembro perfeitamente. Ela tinha um fake chamado Letter.

- Me lembro disso também.. Do nome.

- Pois é. Lembro até a imagem de perfil que ela usava. Nos demos bem logo de cara. Começamos a nos falar e daí ela me mostrou uma foto dela. Sumiu por uns seis meses.. E quando voltou, não me lembro bem como aconteceu… Se ela me disse ou eu descobri que a garota da foto não era ela. E isso deu um problema. Mas então ela me contou que apesar de ter mentido, o que sentia por mim continuava sendo verdadeiro. Eu relevei; afinal, todos tem seus motivos.

- Hm…

- Então continuamos. Ficamos bem durante um bom tempo, mas você sabe como é.. Moleque sempre se surpreende com quantidade, - Ele assentiu, dando uma pequena risada, eu acho. Não me lembro muito bem. Mas pareceu me entender, como se já tivesse passado por aquilo (e acredito que tenha passado) - e um dia eu me vi tendo de escolher entre ela e a “fulana”. Bem.. Eu escolhi a “fulana”. Nem contei isso a ela, aliás.. Depois, as raríssimas vezes em que nos falamos, pude sentir que ela ainda possuía magoa de mim. E, me lembro também, que em uma dessas raras conversas, ela me pediu pra tomar conta de ti. Ela realmente se preocupa contigo.

- Não sei se você sabe.. Mas todo esse trauma de homem que ela tem…

- É por minha causa, não é?

- É.

- Me desculpe.