O Futuro Diz Amém - Cap 3

A fuga

E então foi assim todos os dias, ele deixou o clima daquele lugar diferente, ele colocou cor em minha vida eu dormia feliz. Estava perdidamente apaixonado por ele, não sei se ele notava. Dormia feliz e com aperto no peito todos os dias... Até que um dia comecei a tossir, meu corpo começou a coçar frequentemente e comecei a ter febre, Marcelo ficou preocupadíssimo comigo, eu até achei bonitinho a forma que ele cuidava de mim, ele queria chamar algum médico, mas eu não deixava já que eu sabia o que eles faziam com as pessoas doentes e embora já tivesse pedido muito a morte, agora a vida tinha uma importância, e essa importância tinha nome... Marcelo!

Então eu disse para Marcelo chamar a Doutora Catherine pela madrugada que somente ela poderia me dizer o que fazer.

Marcelo nem precisou se mover para Catherine entrar pela porta do quarto dessa vez sem bater e com um semblante assustado. Ela pediu para o Marcelo sair do quarto e nos deixar a sós.

Catherine me disse que haviam descoberto que eu era homossexual e colocaram um veneno na minha comida... Ela me deu uma injeção rapidamente e disse que eu teria que sair de lá em três dias ou iriam tentar me matar de outra maneira, Catherine disse que fugiria comigo, mas eu disse:

- Eu não posso ir sem o Marcelo.

- Não podemos deixar mais ninguém saber disso, o rapaz logo encontra outra companhia.

- Não, você não entendeu, eu o amo.

Catherine levantou uma de suas sobrancelhas com certo ar de surpresa, mas não disse nada sobre isto, continuou o assunto.

- Olha, amanha de madrugada eu espero você no jardim para fugirmos com o meu carro.

E saiu rapidamente.

Caí em prantos e mordi o travesseiro com força para tentar aliviar a dor que vinha da minha alma, foi quando entrou o Marcelo, assustadíssimo perguntando o que havia acontecido.

Foi aí que eu contei tudo para ele detalhe por detalhe e contei inclusive que eu era gay. Ela não disse nada!

Então eu disse com lágrimas nos olhos e voz tremula: - É meu último dia aqui, você vai ficar bem, quem sabe um dia a gente vai se encontrar de novo quando tudo acabar.

E o abracei por uns cinco minutos, enxuguei minhas lágrimas e entrei no banho e fiquei de cócoras chorando deixando a água se misturar pelas minhas lágrimas. Eu não sabia se o certo era fugir para morrer de fome seis dias depois ou ficar mais três dias ao lado do Marcelo para morrer.

Saí do banho ainda chorando enrolado na toalha, Marcelo então fica mais ou menos a cinco centímetros do meu rosto e diz:

- Para de chorar, Eu vou com você.

Fico surpreso com a resposta, mas respondo rapidamente.

- Não você não pode, se você for você vai morrer!

- Eu vou com você, sou mais velho e eu decido rapazinho!

Ele sorriu e me abraçou.

Eu ainda chorando. Disse: - Vem mesmo? Promete? Promete que nunca vai me deixar, preciso de você! Eu nunca fui tão sozinho neste mundo, você chegou e me trouxe felicidade.

- Prometo, seu marrento eu prometo! E assim finalizamos o assunto!

Tensos, nós riamos e ficávamos com medo. A doutora já estava no jardim me esperando então sabíamos que era hora de agir... Marcelo pegou na minha mão e disse: - Vamos, corra!

Saímos correndo, pulando os degraus da escada, fomos direto pro jardim e entramos no carro da doutora. Ela havia pego bastante mantimentos e o tanque do carro estava cheio, nós colocamos máscaras de proteção pois não sabíamos como estava a radiação já que as usinas nucleares poderiam ter explodido.

Doutora Catherine me pergunta em alto tom: O que o rapaz fazia conosco. Então eu disse que ele não queria me deixar ir sozinho. Ele completou dizendo que sabia se cuidar e que cuidaria de nós também. A doutora me olhou e sorriu com os olhos.

Andávamos e andávamos e não falávamos uma palavra sequer, estávamos tão mudos quanto David que eu por minha vez, havia cometido uma grande burrice de ficar seis meses ao lado de uma pessoa e não perceber que o mesmo era deficiente auditivo.

Fiquei perdido pelos meus pensamentos sentando ao lado de Catherine e o Marcelo no banco de trás, que quase me matou de susto quando gritou:- Stop, Stop.

Ele havia encontrado uma casa que parecia abandonada e então paramos o carro e entramos na casa... De fato não havia ninguém. Nós também não estávamos preocupados com o “hospital”, pois não havia comunicação e dificilmente alguém poderia fazer algo contra nós. O único problema é que não poderíamos mais voltar e não sabíamos para onde íamos e até onde iriamos aguentar.

Eu me sentia culpado, pois ambos só estavam lá por minha causa.

Nós achamos café, chuveiro, um pouco de enlatados bastante bebida, uma câmera fotográfica e um rádio a pilha. Resolvemos adormecer por lá mesmo, já que não tínhamos roteiro.

Então tomamos banho naquela água geladíssima, achamos algumas roupas nos quartos da casa e resolvemos abrir uma garrafa de vinho para nos embriagarmos... Havia tempo que eu não me sentia tão gente.

Lucas Guilherme Pintto
Enviado por Lucas Guilherme Pintto em 24/06/2012
Reeditado em 15/12/2012
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